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Estudo

Saúde mental: 75% das redes municipais apontam tema como maior desafio

Levantamento ressaltou a pouca frequência de formação continuada para professores como um dos problemas enfrentados pelas instituições de ensino fundamental

Em pesquisa realizada pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e a organização Itaú Social, sobre os últimos anos do ensino fundamental na rede pública brasileira, a saúde mental dos estudantes e dos professores é vista como o maior desfio por 75% das redes de ensino. Aliada à falta de envolvimento da família, apontada por 74,1% das respostas, a questão torna-se um grande entrave para a educação nos próximos anos. O estudo, divulgado nesta terça-feira (8), foi realizado com 3.329 dirigentes de ensino em todo o país, contemplando 60% das redes municipais.

Mesmo com o tema da saúde mental em alta e a preocupação cada vez maior nos ambientes escolares, a pesquisa aponta que 39% das redes municipais de ensino fazem “somente às vezes” espaços de diálogo e ações para atender questões relacionadas à saúde mental dos estudantes. Já no que diz respeito ao convívio familiar, 31% das redes municipais realizam “somente às vezes” ou “raramente” ações para o fortalecimento da relação entre as famílias, a escola e a comunidade.

De acordo com a coordenadora de estudos e pesquisas do Itaú Social, Esmeralda Macana, embora a saúde mental seja vista como o principal desafio para 75% dos participantes, poucas são as escolas que fazem ações efetivas para lidar com a situação. “A gente vê que 1/3 das redes não oferece formações continuadas sobre o assunto, ou, se oferecem, seria uma vez ao ano ou por semestre”, afirma.

Para a coordenadora, a superação do problema passa pela inclusão de assuntos como bullying e dificuldade de convivência, nos eixos temáticos das escolas. “É um desafio importante que foi elencado, mas nós vemos o apontamento de baixos espaços de diálogo intersetoriais para tratar essas questões de saúde mental dos estudantes e professores”, diz.

Formação de docentes

A formação continuada dos professores aparece na pesquisa como outro grande desafio enfrentado pelas escolas municipais. De acordo com o levantamento, 49,2% das instituições fazem a preparação de professores a cada dois meses, seguido de 26,1% das que realizam o processo uma vez por semestre e, 6,8%, uma vez por ano. As proporções são semelhantes quando o fator avaliado é a formação dos demais profissionais da educação, como diretores, coordenadores pedagógicos e secretarias.

Outro ponto destacado pela pesquisa foi a falta de materiais pedagógicos para aplicar, em sala de aula, os conteúdos aprendidos pelos professores na formação continuada. 47,7% das redes apontam que essa dificuldade é maior para os anos finais do ensino fundamental do que para os anos iniciais (até o 5º ano).

A frequência dos professores também é apontada como um ponto negativo, em relação às formações. O desafio é 51,7% maior entre os docentes do 6º ao 9º ano. Apesar de todos os desafios elencados pela pesquisa, ressalta-se que 69,7% das redes participantes afirmaram receber apoio das secretarias estaduais para a oferta de formações aos gestores e docentes.

Em relação aos conteúdos abordados no currículo escolar, a pesquisa revelou a ausência de determinados temas. Assuntos sobre as mudanças e o desenvolvimento da adolescência, de interesse direto dos estudantes, não são ofertados por 19,4% das escolas. Em 19,8% das instituições, os conteúdos de ensino de história e cultura africana e afro-brasileira ficam fora das aulas, além das abordagens específicas para correção da distorção idade-série e da trajetória escolar, que estão ausentes em 14,4% das unidades participantes.

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