Aos 19 anos, José Eleutério conquistou um feito inédito: foi o primeiro estudante brasileiro de escola pública a conquistar medalha de prata no Torneio Internacional de Jovens Físicos, evento conhecido como a “Copa do Mundo” na área. A competição ocorreu entre 18 e 25 de julho na cidade de Murree, no Paquistão, onde equipes de 14 países competiram em busca da solução de problemas envolvendo a física experimental.
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O jovem estudante está no terceiro ano do ensino médio no Instituto Federal do Ceará (IFCE), em Juazeiro do Norte, e desde a infância se interessa pela disciplina. “Eu percebi isso quando assistia aos programas educativos de televisão que abordavam as ciências da natureza de forma lúdica. Nisso, eu me senti atraído pela beleza da física”, relembra José.
Ele foi convidado a fazer parte da equipe “Leite condensado de Bose-Einstein”, que contou com mais quatro estudantes de escolas privadas de São Paulo. Na coordenação da equipe, participaram professores de instituições como a Universidade de São Paulo e o IFCE.
A competição teve duas fases. Na primeira, em outubro do ano passado, a Comissão Internacional enviou problemas de física para que todas as equipes os solucionassem. Na segunda fase, os competidores expuseram e debateram entre si as respostas dessas questões por meio de relatórios.
Ao mesmo tempo em que brinca, dizendo que sua equipe “se vingou” da Croácia, em alusão à Copa do Mundo de Futebol de 2022, José Eleutério diz que a experiência de competir com pessoas de outros países foi enriquecedora. “Por mais que os países tenham línguas e culturas diferentes, todos entendem a língua da ciência, porque é um aspecto universal”, defende.
O jovem acredita, ainda, que a competição o ajudou a compreender como é a execução da ciência na prática. “Aprendi como trabalhar a física, porque na escola estudamos baseado em aspectos teóricos. Na competição, a equipe aprendeu a ser cientista, porque solucionamos problemas da área”, explica
Orgulho
Para os professores Maurício Soares e Rodrigo Queiros, do IFCE, os resultados do aluno foram motivo de orgulho.
“Pela primeira vez, ter um aluno de escola pública indo para a fase internacional é muito emblemático”, disse Soares. “Como professor, eu tenho a obrigação de acreditar em uma educação pública gratuita e de qualidade. Esse resultado só mostra que de fato isso é possível”, comemora.
Para Queiros, um dos coordenadores da equipe medalhista, a experiência tende a abrir portas para o estudante: “Vai colaborar na formação dele, na possibilidade de desenvolver uma vida acadêmica e profissional muito mais rica, dado essa grande quantidade de conhecimento adquirido a partir das olimpíadas”.
*Estagiária sob a supervisão de Denise Britto