Exposição

Estudantes da rede pública lançam exposição de fotopoema em Sobradinho

Professor de artes criou o projeto para contrapor o clima de terror que tomou conta das escolas em abril, com ameaças de ataques

Renato Souza
postado em 06/07/2023 18:42 / atualizado em 06/07/2023 21:48
 (crédito: Renato Souza)
(crédito: Renato Souza)

O que era um trabalho de sala de aula ultrapassou os muros da escola e tornou-se uma exposição para a comunidade de Sobradinho. Estudantes do Centro de Ensino Médio 1 (CEM 01) da cidade, escola conhecida popularmente como Ginásio, lançaram uma exposição de fotopoema, modalidade que reúne imagem e texto para atrair a atenção do público. O trabalho pode ser visitado na biblioteca pública da cidade até o início de agosto, de maneira gratuita.

A iniciativa partiu do professor de artes, Cleiton Torres, que há 31 anos atua nas escolas públicas de Brasília. A exposição marca a despedida de Cleiton de algumas turmas da escola, pois ele vai se aposentar e permanecer atuando na rede pública apenas no período da noite. O trabalho foi desenvolvido por estudantes do 1º e 2º ano do ensino médio.

professor cleiton se orgulha de exposição em escola do sobradinho
professor cleiton se orgulha de exposição em escola do sobradinho (foto: renato souza)

Nas aulas, os estudantes receberam orientações sobre requisitos básicos de fotografia, como ângulo, enquadramento e iluminação. Ao mesmo tempo, foram ensinados sobre os gêneros textuais e características de poemas, como uma linguagem reflexiva e com frases curtas para facilitar a leitura. Todas as fotos foram tiradas nos espaços da própria unidade de ensino e revelam as diferentes visões dos alunos sobre o espaço utilizado para a realização das aulas.

A estudante Maria Eduarda Ferreira, de 15 anos, aluna do 1° ano, afirma que o trabalho trouxe inspiração para atividades que ela já gostava de fazer, mas não tinha o hábito de compartilhar com outras pessoas. “O professor trouxe isso como uma aula, para que a gente tenha mais liberdade de escrita e mostrar ângulos diferentes do nosso ambiente de estudo. Eu já escrevia poemas e conhecia fotopoemas. Mas escrevo de forma recreativa, mas não posto por conta da pressão que teria de lidar. Levei duas aulas para construir a maioria dos poemas. Também auxiliei alguns colegas nas fotografias, pois também gosto de fotografar”, afirma.

A exposição está na Biblioteca Comunitária Rui Barbosa, na Quadra 4 de Sobradinho e pode ser visitada das 8 às 23 horas, sem interrupção para almoço. O professor que conduziu os trabalhos, destaca que teve a ideia ao ver as atividades desenvolvidas por uma professora doutora da Universidade Federal de Sergipe. “Me inspirei em uma professora, doutora da Universidade de Sergipe, Cristina Ramalho. Mas usei também a minha habilidade e o meu conhecimento, dentro do que eu sabia. Trouxe para os meninos e eles gostariam. Tinha um leque de temas que eu poderia trabalhar. Mas aproveitando essa temática de que as escolas estão passando por este ambiente de terrorismo, eu pensei em trazer um ambiente mais positivo, mais poético sobre o ambiente escolar”, destacou.

Para a maioria dos estudantes, este foi o primeiro contato com o gênero de fotopoema. Este é o caso de Cristofer Gabriel Aguiar, de 15 anos. “Foi a primeira vez que tive que lidar com poesia. É muito difícil, pois temos que fazer algo chamativo. Eu fiquei cerca de uma semana trabalhando no poema. Com a foto, eu quis passar a natureza e a tranquilidade que o ambiente natural traz. Eu olhei uma árvore, vi uma planta nascendo no tronco, achei bonito e quis fotografar”, afirma ele.

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  • galeria em escola de sobradinho Renato souza
  • turma de escola em sobradinho se reúne para ver exposição criada pelo professor de artes Renato Souza
  • exposição artística em escola no sobradinho Renato Souza

Cleiton afirma que após um período de terror nas escolas, com os ataques e ameaças de atentados que ocorreram em diversos estados em abril deste ano, ele teve a ideia de criar um ambiente positivo e de relaxamento na escola, para contrapor o medo da violência. Por conta disso, ele pediu que os estudantes pensassem em poemas que ressaltassem a vida, a felicidade e o bem estar.

O aluno Yorran Medeiros Carvalho, de 17 anos, afirma que durante o desenvolvimento da atividade, ele refletiu sobre espaços dos quais não percebia durante a rotina. “O trabalho é incrível que mostra muito sobre a nossa volta, o que muita das vezes não damos valor. Avalio muito bem o trabalho, acho que foi um incentivo excelente, que torna nossas aulas interessantes”, explica.

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