O ensino da história dos povos originários e a transmissão de saberes ancestrais devem permear as escolas de educação básica do Brasil, é o que defendem ativistas e escritores das causas indígenas e negras que estiveram presentes no Festival Led — Luz na Educação, da Fundação Roberto Marinho, nesta sexta-feira (16/6), no Museu do Amanhã (RJ).
- História sobre indígenas ensinada nas escolas não nos representa, diz ativista
- Iniciativa premia soluções educacionais de estudantes com R$ 300 mil; confira
O diagnóstico foi feito durante o painel A educação é formada coletivamente, que foi composto pelo ativista indígena Daniel Munduruku; pela escritora antirracista Ana Maria Gonçalves; e o ator e escritor Lázaro Ramos. O apresentador Luciano Huck mediou o debate que refletiu sobre como as trajetórias ancestrais devem fazer parte da educação para promover a construção de cidadãos plurais.
Daniel Munduruku simplificou aos presentes o significado de ancestralidade. Para o ativista e escritor indígena, a ancestralidade é o pertencimento, é fazer parte de uma tradição que não começa no presente, mas, sim, é uma continuação da história para os semelhantes que vivem no momento atual da história.
"Nós que estamos no presente temos que fazer a ponte entre o que já passou e o que virá", complementa Ana Maria Gonçalves. Ela defende, também, que a compreensão dos antepassados oferece uma base sólida para trilhar caminhos de transformação e construir um futuro melhor.
Daniel Munduruku concordou com a escritora e alertou sobre a falta de uma pedagogia focada em manter viva a história e as tradições ancestrais. "Ainda não construimos uma pedagogia brasileira efetivamente inspiradas em métodos ancestrais de transmissão de saberes e é isso que cria em jovens a criação de pertencimento com seu país, seu lugar.", alega o ativista indígena ao atentar para a necessidade de uma educação que trate os povos ancestrais do Brasil com mais protagonismo.
Colocar a história dos povos originários em local de relevância fará com que futuros plurais sejam construídos dentro de sala de aula, afirma Ana Maria Gonçalves. Ela ressalta que a ancestralidade é algo que deve ser compreendida a partir da diversidade de pontos de vista étnico culturais. “Precisamos dialogar com outras vivências para formar cidadãos que saibam conviver com a diversidade" destaca a escritora.
O escritor e ator Lázaro Ramos concluiu o assunto ao apontar que a ancestralidade deve ser buscada pelos docentes e, por isso, é preciso valorizar a carreira para que esses sejam incentivados a atualizarem o modo de ensinar os alunos. "Eu acho que não tem como a não falar sobre a valorização do professor, a ancestralidade se promove por meio das pessoas que proporcionam o saber", conclui.
*Estagiária sob supervisão de Talita de Souza
*A estagiária viajou a convite da Fundação Roberto Marinho