Uma aluna da Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Rede Municipal de Ensino de Caldas Novas (GO), colou grau na última na terça-feira (27/6), e tornou-se um exemplo de superação. Terezinha Valim de Souza, de 78 anos, tem Alzheimer e concluiu o 5º ano do Ensino Fundamental no polo da Escola Municipal Mather Isabel.
Dona Terezinha sofre com Alzheimer há seis anos. Ela frequentou a escola por três anos e, devido ao avanço da doença, que é progressiva e pode destruir a memória e outras funções mentais importantes, concluiu o último ano dos estudos recebendo aulas em casa.
Ao participar da cerimônia de colação, que ocorreu na terça-feira (27/6), Luciana Valim, filha de dona Terezinha, não conseguiu segurar a emoção ao ver a conquista da mãe. “Não é fácil, têm dias que ela está bem, lúcida, têm dias que não, mas é muito gratificante ver a evolução dela. Acredito que se ela não estivesse estudando, estaria acamada”, falou emocionada.
Ainda de acordo com Luciana, Terezinha ficou feliz com a vitória, embora não conseguisse compreender totalmente o que estava acontecendo devido a condição de saúde. “Retomar os estudos na vida não é nenhum motivo de vergonha, muito pelo contrário, é razão de se orgulhar muito de si mesmo. Nunca é tarde para recomeçar”, finaliza Luciana sobre retomar os estudos na maior idade.
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Uma vitória de todos
Estudos mostram, com base em análises feitas por um time de pesquisadores liderado pela neurologista Elisa Resende, que a educação tende a ser uma das protagonistas no combate aoAlzheimer e, de fato, motivou o retorno de dona Terezinha à escola. “O que motivou o retorno aos estudos foi indicação médica que pediu para que exercitasse sempre a memória dela após o descobrimento do Alzheimer”, explica Luciana Valim, filha de dona Terezinha.
As análises apontam ainda que a educação pode ser usada de forma muito eficiente por expandir os horizontes quando se fala de demência e Alzheimer. “Boa parte da qualidade de vida do paciente pode ser prolongada, e o impacto sobre seus familiares e outras pessoas próximas tende a ser menor”, pontua a especialista.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 55 milhões de pessoas vivam com algum tipo de demência, sendo a mais comum a doença de Alzheimer, que atinge sete entre dez indivíduos nessa situação em todo o mundo. No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que 1,2 milhão de pessoas têm o transtorno neurodegenerativo e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano.
Sendo um problema que afeta uma quantidade considerável de pessoas, é importante que se tenha políticas públicas de inclusão, como o trabalho realizado pela Secretaria Municipal de Educação de Caldas Novas, que atende a escola onde dona Terezinha colou grau. “A história da Dona Terezinha é de superação e precisa ser celebrada. A educação de Caldas Novas tem avançado muito, tanto em investimentos de infraestrutura, quanto na inclusão social. Trabalhamos para garantir a todos nossos alunos atendimento isonômico e adequado para cada situação”, pontua o prefeito de Caldas Novas, Kleber Marra.
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