Perto de emplacar 60 anos, sempre com foco na capacitação para o mercado de trabalho, a APAE-DF vive hoje um drama comum a entidades assistenciais não atreladas ao poder público: a falta de recursos. Para reverter ou ao menos amenizar essa carência, foi recém-lançada a campanha #AindaBem, em parceria com o Correio Braziliense e a TV Brasília. Os vídeos e peças da campanha foram realizados pelas agências Mene Portella, Fan.projects, numa ação solidária iniciada por um dos pais e associados contribuintes da APAE-DF.
De acordo com a coordenadora geral de educação da APAE-DF, Kelly Assunção Colares, há, hoje, pelo menos 500 pessoas na fila de espera. “Precisamos dar continuidade aos projetos e programas, como o Bem Viver, que proporciona qualidade de vida e atende a cerca de 100 pessoas em processo de envelhecimento”, pontua.
Além de recursos financeiros, prossegue Colares, a APAE-DF está aberta a arrecadação de mantimentos que garanta as quatro refeições oferecidas nos períodos da manhã e da tarde a 480 pessoas diretamente atendidas, além de material de construção para reforma de salas de aula, mobiliários e computadores.
“Nosso foco é garantir a preparação para o mercado de trabalho e precisamos estar bem aparelhados para cumprir essa missão”, afirma, frisando que a meta é reafirmar e ampliar as conquistas no campo da inclusão social de pessoas com deficiência intelectual e múltipla, favorecendo quem ainda não conquistou seu devido espaço na sociedade.
Os três anúncios especiais da campanha #AindaBem norteiam e estimulam o pensamento do público sobre a inclusão em diferentes espaços sociais. Partindo da recriação de alguns clássicos comerciais de TV, os vídeos focalizam pessoas com deficiência, protagonizando momentos em família, no trabalho e até no mundo da moda.
Além de veiculações na mídia tradicional, a campanha ocupa espaço nas redes sociais, com postagens complementares mostrando conquistas da APAE-DF e convocando apoios para novas histórias de sucesso. Colares destaca a parceria do Correio e da TV Brasília nessa empreitada. “Enfrentamos, hoje, uma falta de informação muito grande por parte da sociedade e a visibilidade proporcionada pelo Correio Braziliense e a TV Brasília é de fundamental importância. Essa parceria é imperativa para driblar o preconceito”, destaca.
“É preciso pontuar que a superação desses desafios não depende apenas da ampliação de vagas adequadas a esse público no mundo do trabalho. Entre as principais necessidades, está a ampliação da oferta de educação profissional especializada, para que possam desenvolver habilidades básicas e específicas, e ter melhores condições de conquistar e manter um emprego digno”, complementa a presidente da APAE-DF, Maria Helena Alcântara. A entidade promove o acompanhamento de 235 ex-atendidos no mercado de trabalho oriundos das quatro unidades da Associação (Brasília, Ceilândia, Guará e Sobradinho).
Os últimos dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) apontam a dimensão desse desafio. Comparadas às demais pessoas sem deficiência, as pessoas com deficiência do Distrito Federal têm 33% menos chances de conseguirem um emprego formal. A situação é ainda mais alarmante no universo das pessoas com deficiência intelectual, que têm 62% menos chances de conquistarem um trabalho com carteira assinada.
De acordo com o Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF), antiga Codeplan, a capital do país possui aproximadamente 114 mil pessoas com algum tipo de deficiência, o que equivale a 3,8% da população total. Considerando apenas essas pessoas, cerca de 8 mil (7,2% dos PCDs) possuem exclusivamente a deficiência intelectual e outras 7 mil (5,8%) têm a deficiência intelectual associada a outras deficiências, perfazendo aproximadamente 15 mil pessoas lidando com os desafios da deficiência intelectual em diferentes níveis.
As doações para a APAE-DF podem ser feitas por meio do site doe.apaedf.org.br ou diretamente pelo pix, na chave pix@apaedf.org.br. Os recursos serão 100% aplicados na manutenção e ampliação das ações da APAE-DF, nas área de educação profissional, desenvolvimento cognitivo, atendimento sócio-ocupacional, arte, esporte, inserção e acompanhamento no mundo do trabalho.