Combate à violência

Disque-denúncia: governo estuda criação de linha para violência escolar

A ideia surgiu em reunião interministerial um dia após o ataque em uma creche de Blumenau em que quatro crianças morreram

Camilla Germano
Yasmin Rajab
postado em 07/04/2023 12:42 / atualizado em 07/04/2023 12:42
 (crédito: Julian Hochgesang/Unsplash)
(crédito: Julian Hochgesang/Unsplash)

Um dia após o ataque à uma creche em Blumenau (SC), na qual quatro crianças foram assassinadas por um homem, o governo fez uma reunião interministerial para pensar em medidas de longo e médio prazo que possam minar ataques desse tipo. Uma das ideias sugeridas é a criação de um disque-denúncia específico para casos de violência em escolas.

A ideia do disque denúncia foi anunciada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, que coordena o grupo de trabalho. "É importante as pessoas se anteciparem, se notarem um episódio suspeito em relação a um colega de sala de aula, a alguma pessoa na rua, no bairro", explica.

O novo serviço funcionaria como duas centrais telefônicas do governo federal: o Disque 100, coordenado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, e o Ligue 180, coordenado pelo Ministério das Mulheres. "Queremos ver a viabilidade de criar esse canal de denúncia de violências nas escolas o mais rápido possível e ter esse canal mais ágil", destacou o ministro.

Outras propostas

Após a reunião, o governo anunciou que vai elaborar um protocolo de emergência para orientar as escolas públicas e privadas e os profissionais de educação sobre como agir em caso de novos ataques.

  • Brasília (DF) 06/04/2023 — O ministro da Educação, Camilo Santana, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o secretário -executivo do MJ, Ricardo Capelli, durante reunião de grupo interministerial para discutir a segurança nas escolas Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Pelo MEC, o governo pretende destinar recursos financeiros ao Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), gerido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para repassar recursos para mediação de conflitos dentro das unidades escolares.

Além disso, um dos grandes pontos defendidos por especialistas é a preocupação com a saúde mental de estudantes que passam por situações traumáticas como essas. "Infelizmente o que acontece na infância não fica na infância, e sim cristalizado na memória em forma de lembranças, mesmo que inconsciente. O transtorno do efeito do estresse pós traumático (TEPT) é uma grande possibilidade. Essa é a forma do cérebro reagir ao impacto emocional negativo", frisa o mestre em psicologia Fabiano de Abreu.

Ele alerta ainda que deve haver um discussão para a presença de de psicólogos clínicos nas escolas, com o objetivo de gerenciar crises individuais e/ou coletivas, além do desenvolvimento de projetos nas bases educacionais com foco na educação virtual, domínio racional do uso de telas e programas de inteligência emocional.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou que a pauta da saúde social nas escolas é uma das prioridades com o reforço do Programa Saúde na Escola, de 2003, para melhorar a atenção psicossocial dentro do ambiente escolar, com prevenção e atenção à saúde mental de estudantes e profissionais da educação.

"Queremos fortalecê-lo em uma visão abrangente de promoção, de prevenção [à violência] e trabalhar com foco na juventude", destacou a ministra, lembrando que a violência é considerada um problema de saúde pública desde a década de 1980.

O grupo interministerial é composto pelas pastas da Educação, Saúde, Esporte e Direitos Humanos e da Cidadania. Na reunião também participaram representantes do ministério da Justiça e Segurança Pública, da Cultura, da Secretaria-Geral, Secretaria Nacional de Juventude, da Secretaria de Comunicação Social e da Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da Presidência da República.

*Com informações da Agência Brasil

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