O Ministério da Educação (MEC) vai ouvir professores alfabetizadores para avaliar as habilidades e os conhecimentos das crianças matriculadas neste nível de ensino. A intenção da pasta é buscar subsídios para traçar política nacional de alfabetização.
A pesquisa foi anunciada esta semana pelo ministro da Educação, Camilo Santana, durante o encontro “Alfabetiza Brasil: diretrizes para uma política nacional de alfabetização” que reuniu representantes do Conselho Nacional de Educação (CNE), Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), entidades educacionais e professores alfabetizadores
Para compreender o desempenho das crianças na sala de aula, a consulta será aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) com 341 professores em cinco capitais-sede: Belém (PA); Recife (PE); Brasília (DF); São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS). O levantamento será realizado entre 15 e 23 de abril e tem previsão para ser entregue em maio de 2023.
Segundo a metodologia da pesquisa, o Inep apresentará aos professores tarefas elaboradas com referência no nível de conhecimento esperado de estudantes do 2º ano do ensino fundamental em língua portuguesa, considerando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). De acordo com suas experiências dentro das salas de aula, os docentes deverão responder se alunos alfabetizados são capazes de realizar as tarefas apresentadas.
Os questionários devem colocar em xeque critérios como domínio das convenções gráficas, conhecimento do alfabeto, decodificação de palavras e textos, fluência e rapidez na leitura, produção textual com autonomia, apropriação da língua portuguesa.
Em seu discurso, o ministro analisa o Brasil como um dos países mais desiguais do mundo e também aponta a educação infantil como manobra para um país mais justo e igualitário. “O Brasil é um dos países mais desiguais do planeta. Nossa missão é reconstruir e implementar políticas que busquem a justiça social. Temos compromisso com a educação básica”, afirmou o ministro Camilo Santana.
Durante esse primeiro momento, o estudo contará com o apoio da Universidade de Brasília (UnB) e usará um processo rigoroso para a avaliação dos estudantes. Por um grupo de especialistas, o nível de dificuldade dos itens será avaliado e as principais dificuldades de aprendizagem serão colocadas em evidência, segundo o método Angoff.
Em sequência, os resultados serão comparados com os testes de língua portuguesa do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) aplicados no 2º ano do ensino fundamental. Dessa forma, os especialistas deverão apontar a linha de corte para a alfabetização na idade certa, logo após analisar essas informações, incluindo os parâmetros psicométricos dos itens, matriz e escala da avaliação.
Segundo o presidente do CNE, Luiz Roberto Liza Curi, a pesquisa além de destrinchar a aprendizagem das crianças, ainda traça o perfil ideal de professores da educação básica. "É uma construção coletiva e integrada, em que os professores acompanham a trajetória completa do estudante”, desta Curi.