Sete alunos de robótica da escola Sesi-SP de Barra Bonita desenvolveram um sistema revolucionário de controle de energia sustentável. Com idade entre 12 e 16 anos, os pequenos gênios inovaram ao criar um sistema com contador (dispositivos que controlam altas correntes e podem cortar a carga de um circuito), interruptor e sensores de presença para reduzir o gasto de energia, reduzindo em até 30% a conta dos consumidores. Feito com fios elétricos revestidos de bagaço de cana e interruptores reciclados coletados no oceano, o projeto já está sendo testado em uma residência de Barra Bonita e pode concorrer a prêmio internacional de inovação.
As primeiras pesquisas para a realização do Economy System começaram no ano passado, visando a participação da equipe na competição First Lego League Challenge, temporada 2022-2023. O campeonato internacional de robótica é operacionalizado pelo Sesi no Brasil desde 2012. A temporada Super Powered, que premiará os melhores projetos deste ano, desafiou os competidores a proporem soluções sustentáveis e modernas para os problemas relacionados à energia local e global.
Neste quesito, os alunos da BioTech optaram por trabalhar com o tema "desperdício de energia por aparelhos stand-by", aqueles que ficam conectados na tomada e, mesmo desligados, consomem cerca de 12% a 30% da energia.
A professora de robótica e orientadora dos alunos da escola Sesi, Ana Maria Papili, observa que em uma cidade pequena como Barra Bonita, com cerca de 15 mil residências, o desperdício da chamada “energia fantasma” gera gasto em torno de R$ 3 milhões por ano, o que demanda uso significativo de recursos naturais. "E essa questão crítica pode ser resolvido pelo Economy System com apenas um clique", afirma.
Para a aluna Hyvinim Ribeiro, 14 anos, orientada pela professora, foi extremamente gratificante participar do projeto, ver a evolução da ideia e como a iniciativa pode ajudar tantas pessoas. “A gente foi vendo o trabalho crescer aos poucos, por meio de conversas com especialistas e muitas pesquisas. Toda essa parte foi muito legal. Agora, estamos aguardando para ver o quanto a conta de energia da casa em que a gente testa o sistema vai diminuir", disse.
Também participando da equipe BioTech, Arthur Pereira, 14, afirma que o ingresso na turma de robótica do colégio o ajudou muito na vida pessoal e também alcançar melhor desempenho nas matérias tradicionais do colégio. “Depois dessa temporada passei a ter muito mais alegria e entusiasmo pelo tema da energia. Além disso, melhorei muito nas matérias do colégio por já adquirir conhecimentos prévios de física e matemática”, comemora.
Caso os alunos passem na seleção nacional do First Lego League Challenge, que ocorrerá em Brasília em 15 de março, poderão concorrer ao maior prêmio de inovação em robótica educacional do mundo, o Global Innovation.
Hyvinim e Arthur se dizem entusiasmados, mas concordam que o mais importante não é a viagem e a premiação em si, mas todo aprendizado que a robótica proporciona e a oportunidade de melhorar a vida de outras pessoas com soluções inovadoras.
Grandes exemplos
Equipes de robótica de anos anteriores da Escola Sesi-SP de Barra Bonita também foram destaque no First Lego League Challenge, representando o Brasil no Global Innovation por três vezes seguidas com os projetos EcoPav, selante asfáltico sustentável, em 2020; Move Bag, mochila de exercícios que possibilita a realização de até 200 exercícios diferentes , em 2021; e Ideal Box, caixa de entregas com sistema de aquecimento feita com fibra de coco, capaz de manter os alimentos na temperatura ideal por cerca de 45 minutos, em 2022.
Inspiração
A estudante Kamilly Aparecida, 16, participou do projeto Ideal Box. Ao lado dos colegas, ela ganhou o prêmio nacional de inovação e participou do Global Innovation 2022. “A sensação de ficar entre os melhores e ir pro mundial é indescritível. É uma mistura de gratidão, honra e felicidade. Muitas vezes a gente desenvolve o projeto sem ter ideia do quão longe ele vai chegar”, disse, ressaltando a alegria de poder solucionar problemas e melhorar a vida das pessoas mesmo sendo tão jovem.
Para Kamilly, desenvolver as pesquisas e o projeto foi um verdadeiro divisor de águas em sua curta trajetória de aprendizado. Depois do contato com a robótica, ela afirma ter certeza de que quer seguir carreira no ramo da tecnologia e continuar desenvolvendo soluções para a sociedade. “A Ideal Box abriu portas únicas na minha vida. Conheci lugares onde nunca imaginei ir, conversei com pessoas, culturas de outros países, me aprofundei mais na tecnologia. Com certeza esse projeto mudou minha vida, minha forma de pensar e o meu futuro”, disse.
First Lego League Challenge
O torneio de robótica First Lego League Challenge desafia estudantes de 9 a 16 anos a buscarem soluções para problemas do dia a dia da sociedade moderna. Os temas são diferentes a cada temporada. Para participar, os times devem ter de dois a dez integrantes, que podem estar associados a uma escola, um clube, uma organização ou simplesmente ser formado por um grupo de amigos.
Além da categoria Challenge, operacionalizada no Brasil pelo SESI, o programa tem duas outras categorias operacionalizadas no Brasil pela Educacional Ecossistema de Tecnologia e Inovação: Discover (3 a 6 anos) e Explore (6 a 10 anos).
*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende