Eu, Estudante

Instituto CNP Brasil abre seleção para programa de educação

São ofertadas 20 vagas estudantes ou residentes em regiões administrativas do DF com alto índice de evasão escolar

O programa Meu Caminho, do Instituto CNP Brasil, anuncia 20 vagas para estudantes ou residentes em regiões administrativas do DF com alto índice de evasão escolar. Desde abril deste ano, a iniciativa atua no acompanhamento escolar durante todo o ensino médio do estudante. As inscrições são gratuitas e seguem até 23 de novembro.

A iniciativa perpassa as expectativas de auxílio durante o período escolar. De acordo com a entidade, o compromisso é com a trilha estudantil até o ensino superior. O projeto educacional oferece incentivo financeiro por meio de uma bolsa de permanência no ensino médio no valor de R$ 500. Além disso, os alunos têm apoio psicológico, curso de inglês, acompanhamento escolar, atividades extracurriculares e curso para o Programa de Avaliação Seriada da Universidade de Brasília (PAS/UnB).

As cidades contempladas são Sol Nascente, Varjão, Planaltina, Paranoá, Itapoã, Recanto das Emas, Santa Maria, São Sebastião e Ceilândia. Estudantes residentes em localidades que não contam com escolas do ensino médio também podem participar do programa, desde que estejam matriculados no 1º ano do ensino regular de escola pública do DF, em uma das regiões mencionadas, no ano de 2023.

De acordo com a especialista em responsabilidade socioambiental da CNP Brasil, Alice Scartezzini, para a idealização do projeto piloto foram realizadas pesquisas que evidenciaram os principais empecilhos que um jovem residente de regiões administrativas enfrentava para conseguir completar os estudos.

Os levantamentos, realizados pela consultoria Jhon Snow Brasil, analisaram quatro diretrizes associados à evasão escolar no Distrito Federal — índice de vulnerabilidade social (IVS), índice de bem-estar urbano (IBEU), desenvolvidos pela companhia de planejamento do distrito federal (Codeplan), percentuais de defasagem idade-série (GDF Secretaria de Educação) e renda per capita (pesquisa distrital por amostragem domiciliar (Pdad/Codeplan).

As regiões administrativas  Estrutural e Fercal foram as que mais se destacaram com altos índices de evasão escolar. Scartezzini constata que a CNP Brasil estava interessada em ajudar a carreira escolar desses jovens, mas não contava com recursos suficientes para as demandas. “Queríamos ajudar esses estudantes, mas, infelizmente, eles necessitariam de mais do que estamos dispostos a garantir neste programa, principalmente no que diz respeito a qualidade escolar da própria região”, disse.

A especialista destaca que a responsabilidade social do projeto, segundo ela, "muito simbólica" para as famílias assistidas. “Promovemos uma revolução silenciosa. Quando um jovem se inicia no ensino superior, ele também inspira outros ao redor a trilharem a carreira acadêmica”, observa.

O projeto entrou na vida de Geovanna de Oliveira, 16, estudante do Colégio Cívico Militar 07 de Ceilândia, por intermédio de outra iniciativa, o programa Jovem de Expressão, voltado à juventude de Ceilândia. Ela conta que, durante uma roda de conversa entre os integrantes da instituição e alunos, tomou conhecimento da oportunidade. Além disso, a estudante também passou por um processo seletivo para conquistar a vaga. “Tive que redigir uma redação e também mandar um vídeo me apresentando e falando um pouco sobre minha realidade”, conta.

A estudante mora com a família no Sol Nascente, considerada a maior comunidade carente do Distrito Federal. De acordo com a mãe dela, a técnica em enfermagem Vanessa de Oliveira, 39, a violência no local e a pandemia foram um dos principais motivos que levaram a garota a um comportamento ligeiramente tímido. “Falo, em algumas ocasiões, que minha filha é presa dentro de casa. Mas hoje, realmente, com tanta violência, fica muito complicada a convivência social”, diz Vanessa.

Ela comenta, ainda, que a iniciativa da CNP Brasil foi fundamental para o desempenho de Geovanna não somente na escola, mas também em sua formação socioemocional. Ainda segundo Vanessa, a filha obteve algumas notas baixas no primeiro bimestre, mas conseguiu, com o auxílio frequente do programa, uma carta de aluna destaque durante o terceiro bimestre.

“Agora ela tem muita facilidade em apresentar trabalho em grupo. Estou muito orgulhosa, pois Geovanna  vem, aos poucos, ganhando sua própria autonomia”, diz, pontuando que a filha decidiu, por iniciativa própria, participar de um curso técnico de informática.