A Escola de Aplicação do Recife está no topo do Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira (Idep) — análise que mede a qualidade do ensino no país. Os resultados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Ao todo, foram calculados o Idep de 32.736 escolas, em 5.084 municípios de 27 unidades da federação. O levantamento foi divulgado em 16 de setembro e evidenciou que seis das 10 melhores escolas são do nordeste.
A Escola de Aplicação é anexa à Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco (FCAP) e possui apenas sete turmas, uma para cada ano escolar. Porém, com muito desempenho educacional conseguiu, mesmo com as limitações de espaço, alcançar o pódio do exame. Ao todo, são 254 alunos, distribuídos entre o ensino fundamental II e o ensino médio.
A diretora Iane Alves, 40, afirma que, por conta da localização, o espaço físico da instituição é bem limitado e os estudantes acabam não participando de algumas atividades que deveriam estar agregadas ao desempenho escolar, como experimentação em laboratórios. Afirma, ainda, que os estudantes não contam com local adequado para aulas práticas de educação física. Os alunos praticam as atividades físicas no período vespertino, em uma área que, durante a noite, funciona como estacionamento.
Segundo ela, para que um estudante consiga se matricular naquela unidade deve ser submetido a exame concorrido, composto pelas disciplinas de português e matemática. No processo seletivo, a escola abre poucas vagas, sendo 10 para cada turma do ensino fundamental II e 34 para do ensino médio.
A boa performance dos alunos durante as aulas e os exercícios propostos ocorre devido a este processo seletivo intenso e também concorrido. A seleção permite que os estudantes mais disciplinados e dedicados ingressem na instituição e alcancem melhor rendimento.
Como forma de incentivar a aprendizagem, a escola oferece diversas atividades dinâmicas em contraturno. Exercícios de interação, como laboratório de português, literatura e xadrez fazem parte da grade curricular. Além disso, a escola também investe na formação dos alunos para que eles possam ter um bom desempenho durante as olimpíadas de conhecimento.
Resposta Educacional à Pandemia de Covid-19 foi promovida pelo Inep em 2020 e 2021, em parceria com as redes de ensino. O levantamento evidencia que, no primeiro ano da pandemia, praticamente todas as escolas suspenderam as atividades presenciais (99,3%) e apenas 9,9% retornaram às aulas presenciais durante o ano letivo.
Recife foi a única capital que figurou duas vezes no hanking das 10 melhores escolas públicas de ensino médio do país entre as mais de 19 mil instituições da lista, alcançando o primeiro e o nono lugares.
A instituição recifense que também se destacou no Ideb foi a Escola Técnica Estadual Cícero Dias, que aposta na tecnologia dese 2006. Embasada e comprometida com o futuro acadêmico dos alunos, aquela unidade se notabilizou por ver na tecnologia um meio de auxiliar os estudantes na construção acadêmica e nas especificações do mercado de trabalho.
A escola possui 485 estudantes, divididos em 12 turmas, quatro para cada ano escolar do ensino médio. A instituição conta com o apoio do programa de educação Nave, do Oi Futuro, iniciativa que promove integração de ensino médio com o profissional. As ações são realizadas em parceria público-privada com as secretarias de Estado de Educação do Rio de Janeiro e de Pernambuco.
Segundo a diretora Aldineide Ferraz, 52, há mais de 11 anos atuando na área, esta parceria garantiu ferramentas para que a escola técnica integrada desenvolvesse uma educação de excelência. A escola conta com quatro laboratórios, dois para o curso técnico de programação e dois de multimídia.
“Em qualquer laboratório disponibilizamos todos os softwares para desenvolver as habilidades dos cursos. Para a escola é imprescindível que trabalhemos com aplicativos de robótica”, diz Aldineide.
Pandemia e o desafio tecnológico
De acordo com a diretora Escola Técnica Cícero Dias, diferentemente de várias escolas que passaram por um período difícil de adaptações para lidar com o ensino remoto, para a instituição que dirige o processo foi mais facilitado. “Nessa corrida, largamos na frente”, comemora.
O êxito durante essa adaptação, segundo ela, foi consequência da familiaridade com as ferramentas tecnológicas. A diretora conta que o método de ensino tradicional já promovia salas virtuais como complemento curricular para os estudantes.
Em contraponto, prossegue a diretora, a instituição passou por grandes desafios nas adaptações dos estudantes na nova modalidade de ensino virtual. Porém, pondera, a dificuldade não foi pelo acesso às plataformas e tampouco pela falta de aparelhos digitais. A instituição ajudou oferecendo empréstimos de tablet aos alunos carentes. "O impasse recaiu sobre as falhas de conexão com a internet. O cabo de rede que utilizamos, por meio de fios, não chegava até a casa dos estudantes", conta, observando que o cotidiano escolar não percebia a realidade tecnológica dos corpo discente.
“Os estudantes não conseguiam a conexão. Foi impactante percebemos o abismo social que os cercava. Muitos deles tinham apenas o celular de um responsável, que era usado para ir ao trabalho e também para se comunicar com a família. Eles não tinham um celular próprio."
As escolas Nave funcionam também como espaços de pesquisa, criação e experimentação de metodologias pedagógicas inovadoras. Educadores de todo o país podem se aprofundar nas experiências do projeto e ampliar seu domínio digital por meio da plataforma Órbita, que oferece cursos gratuitos com certificação. Nos últimos anos, o Nave já formou mais de 5 mil professores das redes públicas de todas as regiões do país, em cursos de cultura digital e robótica educacional.
*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende