O Centro de Ensino Fundamental 01 do Planalto inaugura espaços verdes e criativos. A iniciativa foi implementada por meio do Projeto Escola Supren, viabilizada pela União Planetária (UP), em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa do DF (FAP-DF). O intuito é promover subsídios para que os estudantes e a comunidade educacional conheçam um novo modelo consciente de vida, centrado na sustentabilidade. A escola implementou hortas agroflorestais, espaços criativos e ecopark, além de um site com conteúdos midiáticos produzidos pelos próprios estudantes, no ambiente escolar.
A ideia de reproduzir uma metodologia que aprimorasse o ensino ambiental e social, para as crianças e adolescentes da Vila Planalto, surgiu quando a instituição União Planetária participou do projeto Escolas Inovadoras, seletiva realizada pela FAP. Essa ação visa a criação coletiva de projetos-piloto em escolas públicas do Distrito Federal, com ações que unam o uso de tecnologias e as práticas pedagógicas. Dessa forma, quatro unidades que apresentaram essas propostas interventivas foram selecionadas, dentre elas o CEF 01 do Planalto.
A escola que foi criada para educar os filhos dos pioneiros que proporcionaram a construção da capital do Brasil, em 1958, a partir desta semana ganha um novo olhar sustentável. De acordo com o vice-presidente de Educação, Arte e Cultura da União Planetária, Eduardo Weaver, 72, o projeto fundado no segundo semestre de 2021 e desenvolvido a partir de fevereiro deste ano, inclui diversos espaços verdes e ambientes que perpassam a expectativa de contato com a natureza. Justamente por, além de estimular a criatividade infantil, também ensinar aos estudantes o processo de criação e plantio e as características das plantas.
Weaver, que é engenheiro de formação e um dos coordenadores do projeto, comenta que hortas específicas, como a de agroflorestal do CEF 01 do Planalto, são compostas por plantas típicas da vegetação de Cerrado e, também, dos demais biomas, como é o caso do bacupari. “Muitos não conheciam esta fruta, mesmo ela pertencendo ao bioma dos próprios brasilienses. Possibilitar essa conexão com a biodiversidade é o que nos encoraja a continuar”, afirma.
Na escolha das espécies para plantio nesse projeto, considerou-se a diversidade e a adaptação das plantas. Weaver lembra, ainda, que um dos principais critérios é o respeito à natureza em todo o processo de cultivo. “Devemos imitar a natureza, e não domá-la, por isso optamos pela diversidade de culturas, ao invés de plantar somente uma espécie”, salienta o coordenador.
A iniciativa ainda conseguiu viabilizar o encontro de tecnologia e sustentabilidade. A intervenção tecnológica ocorreu durante o processo de cultivo da horta, quando os organizadores deram a ideia de colocar QR Code ao lado de cada espécie de planta. Ao escanear a versão bidimensional do código de barras, os estudantes terão acesso ao inventário botânico e poderão obter informações de cultivo e as características das plantas pelo próprio site criado pela escola. Além disso, o site abrange vídeos explicativos manejados pelos próprios estudantes e, também, a Biblioteca de Soluções, um glossário que armazena dicas de compostagem e diversas orientações de cultivo.
A escola também dispõe de um Ecopark, uma parte de lazer com parquinho e até mesmo areia. As atividades de recreação, na maioria das vezes, são realizadas neste ambiente, pois promovem um momento dinâmico de aprendizagem e, também, é um ótimo momento para que os estudantes do ensino infantil possam desenvolver atividades motoras e a criatividade, por meio de brincadeiras.
O espaço verde oferece três modelos de horta, cada uma com finalidades específicas. A horta com o manejo vertical, indicada para espaços menores contempla hortaliças cultivadas por intermédio da hidroponia, técnica que não necessita do solo. O fluxo da água pode ser controlado por meio de um painel solar. Já a horta em modelo espiral é cultivada com o intuito de adicionar nutrientes ao cardápio diário dos estudantes. Além disso, os alunos de famílias carentes podem levar uma parte da colheita para complementar a alimentação de seus familiares.
A escola da Vila Planalto ainda oferece um espaço maker, composto por dois instrutores de tecnologia que orientam os alunos nas devidas atividades. O diretor do projeto afirma que, em uma atividade desenvolvida com os estudantes, eles criaram um braço robótico e um girassol mecânico, que possui sensor de luz e faz rotação de acordo com a direção dos raios solares.
Educação holística como humanização estudantil
Para a professora do Centro de Ensino Fundamental 01 do Planalto, Paula Mendonça, as formações oferecidas aos docentes para a realização do projeto foram grandes aliadas na inserção de novas práticas de ensino e aprendizagem. "Participar do projeto foi uma experiência sensacional. Esses cursos proporcionaram, a nós professores, autoconhecimento e crescimento pessoal, o que é de extrema importância no aprimoramento da prática educacional em sala de aula”, constata Mendonça.
Ela observa que a forma educacional holística ganhou destaque entre as metodologias de ensino, por valorizar outras dimensões da aprendizagem. "O projeto trouxe a inovação na área educacional; agora compreendemos e valorizamos a aprendizagem emocional e social, além da cognitiva — motora. Essas formações educacionais mudaram a minha forma de pensamento, como educadora, e me sinto grata por participar desta iniciativa”, afirma a professora.
O vice-presidente de Educação da União Planetária comenta que o projeto acaba no fim deste ano, porém, ele acredita que o estilo de vida sustentável ainda fará parte do cotidiano dos estudantes, seja pelos conteúdos disponibilizados na plataforma ou pela vontade de mudar o mundo, que permeia o olhar dos estudantes. Além disso, muitos dos 18 integrantes que participam da iniciativa continuarão na escola, só que a partir do ano que vem, como voluntários.
“O objetivo deste trabalho é que seja multiplicado. É importante que esta forma de educação humanizada seja implementada em outras instituições, pois precisamos de mudanças drásticas nas formas de consumo desequilibrado. A educação é a nossa esperança social”, constata Weaver.