ASSÉDIO

IFB afasta professor suspeito de assédio sexual

Aluna de 15 anos registrou ocorrência na 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte). O caso está sendo investigado na esfera policial sob sigilo imposto por lei

Diogo Albuquerque*
postado em 11/11/2022 15:35 / atualizado em 11/11/2022 17:26
Estudantes do IFB câmpus Brasília organizam manifestação contra assédio sexual no instituto -  (crédito: Luiz Philipe Rodrigues/Divulgação)
Estudantes do IFB câmpus Brasília organizam manifestação contra assédio sexual no instituto - (crédito: Luiz Philipe Rodrigues/Divulgação)

O Instituto Federal de Brasília afastou do cargo, na manhã desta sexta-feira (11), o professor acusado de assediar sexualmente uma estudante, no câmpus Asa Norte. A jovem de 15 anos registrou boletim de ocorrência e o caso é investigado sob sigilo de lei como importunação sexual. A adolescente relata que o episódio ocorreu durante o evento Jornada da Pesquisa, na quarta-feira (9/11).

Segundo apuração do Correio, o acusado é um dos professores da instituição e o episódio não se trata de um caso isolado. Outra jovem contou que o professor  havia feito o mesmo com ela no ano passado.

De acordo com a estudante, que afirma ter sido assediada na quarta-feira (9), naquela tarde o professor a encarou de cima a baixo, mordeu os lábios e bateu nas nádegas dela. “Ele estava me olhando e com um sorriso no rosto. Depois, senti que ele encostou nas minhas nádegas e saiu”, afirma a aluna, que diz ter saído do ambiente chorando e em estado de choque.

A vítima, que cursa o 1º ano do ensino médio, estava acompanhada por dois amigos, que afirmam terem testemunhado a agressão. Ela conta que recorreu ao núcleo pedagógico do instituto, onde foi bem acolhida. A mãe da jovem foi ao IFB e, em resposta, ouviu do professor a afirmação de que a acusação é falsa e que jamais assediaria uma aluna.

Ainda na quarta-feira, a jovem registrou boletim de ocorrência na 2ª Delegacia de Polícia da Asa Norte. A Polícia Civil do DF informou que o caso está sendo investigado sob sigilo imposto por lei.

Na tarde desta quinta-feira (10), estudantes do IFB promoveram manifestação no câmpus Asa Norte para protestar contra os casos de assédio sexual na instituição. Eles portaram cartazes com frases como "A culpa nunca é da vítima", "Meu corpo não é corrimão", “Assédio não é elogio” e "Professores são para educar, não para tocar".

  • Estudantes do IFB câmpus Brasília organizam manifestação contra assédio sexual no instituto Luiz Philipe Rodrigues/Divulgação
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  • Estudantes do IFB câmpus Brasília organizam manifestação contra assédio sexual no instituto Luiz Philipe Rodrigues/Divulgação

O IFB divulgou nova nota nesta sexta, assinada pela diretora-geral do câmpus, Patrícia Albuquerque de Lima, na qual reforçou que o servidor foi exonerado do cargo que ocupava para "preservar a integridade dos envolvidos e garantir lisura no processo". No entanto, o cargo não foi informado pelo instituto, que se colocou à disposição dos órgãos competentes e afirmou que a apuração dos fatos será realizada seguindo os ritos administrativos disciplinares.

Confira a nota na íntegra

Estamos, desde o dia 09/11/22, encaminhando ações institucionais para tratar do caso referente à denúncia de assédio realizada por uma de nossas estudantes. Cabe informar que, pautadas pelo cuidado e respeito a todos os envolvidos, seguimos com os procedimentos administrativos que permitam o contraditório e a ampla defesa, para que seja garantida a justiça que o caso exige. Em complemento, estamos à disposição para atendermos às solicitações dos órgãos competentes, respondendo todas as demandas, conforme já o fizemos.

Importante reforçar que nunca nos furtamos de encaminhar as situações que chegam para nós. Condutas como as de assédio e importunação sexual precisam e devem ser banidas, não só de nossa instituição, mas da sociedade.

Processos como esse e outros de diferentes ordens já foram abertos, investigados e julgados pelas instâncias competentes durante todo o tempo que estivemos à frente da gestão. Quando encontrada a materialidade dos fatos, agiu-se no sentido de aplicar as sanções cabíveis. Contudo, como falado anteriormente, o contraditório e a ampla defesa são direitos assegurados aos cidadãos. Assim, as investigações garantirão a realidade dos fatos. Portanto, não existe prévia condenação. O afastamento do servidor do cargo ocupado busca preservar a integridade dos envolvidos e garantir lisura no processo.

Reforçamos que o respeito ao outro deve ser a conduta principal de toda a sociedade. Respeito à diversidade de gênero, raça, crença, dentre outras inúmeras representações sociais. Respeito à pessoa humana e às relações sociais. Respeito aos direitos e, também, aos deveres. Mantemos nosso empenho em contribuir, por meio da educação, com uma sociedade pautada por esses valores.

Cordialmente,
Patrícia Albuquerque de Lima
Diretora-Geral do Campus Brasília

*Estagiário sob a supervisão de Jáder Rezende


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