A ideia de educação 5.0 está diretamente ligada à proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para Cláudia Sintoni, coordenadora de formação do Itaú Social, as competências necessárias ao desenvolvimento dos estudantes previstas no documento estão interligadas com as habilidades socioemocionais e a tecnologia. "Eu preciso de habilidades socioemocionais para usar melhor a tecnologia e construir conhecimento. Por outro lado, é necessário aprender a desenvolver as tecnologias. Uma coisa depende da outra. É um desafio para a educação incorporar as tecnologias nas práticas pedagógicas integradas a competências como criatividade, comunicação, autoconhecimento, empatia", diz a especialista, que também é psicóloga.
Cláudia explica, ainda, que as novas tecnologias não são meras ferramentas, mas, sim, competências a serem desenvolvidas também. A BNCC traz o conceito de cultura digital para entender as mudanças sociais promovidas pelo avanço das tecnologias de informação e comunicação, assim como o crescente acesso a elas pelos alunos. "Ao aproveitar o potencial de comunicação do universo digital, a escola pode instituir novos modos de promover a aprendizagem, a interação e o compartilhamento de significados entre professores e estudantes", destaca o documento.
A coordenadora cita a resolução de problemas reais como exemplo de prática pedagógica integrada. "Tem instituição pensando com os alunos para fazer melhorias para a escola, por exemplo, na quadra ou em algo que eles identifiquem que podem contribuir. E os alunos vão precisar desenvolver várias competências para resolver aquele problema, vão precisar das redes para se conectar, vão ter que comunicar questões, pesquisar", exemplifica Cláudia.
Outro desafio para a educação é o reconhecimento das individualidades do aluno. Cláudia aponta que esse aspecto ficou ainda mais evidente na retomada das aulas presenciais após o isolamento social na pandemia. "Os professores estão se deparando com classes muito heterogêneas, porque cada um aprendeu o que conseguiu aprender. Pensemos, por exemplo, nos professores que estão com classes de alunos que deveriam ter sido alfabetizados na pandemia e estão chegando agora ao 3º ano. Alguns conseguiram; outros, não", lembra a especialista.
Metodologias ativas
Para enfrentar esse desafio educacional na perspectiva da educação 5.0, Cláudia ressalta o papel das metodologias ativas no ensino, a exemplo da avaliação formativa, que é uma alternativa aos métodos tradicionais. "O aluno podendo observar como ele está, o que é esperado que ele aprenda e onde tem que chegar. O próprio aluno ajuda o professor nesse caminho", pontua.
Diferentemente da tradicional avaliação diagnóstica, que traz informações sobre o domínio dos estudantes em determinados conhecimentos, a formativa tem a vantagem de dar protagonismo ao aluno, colocando-o como participante ativo no processo de aprendizagem. Além disso, esse modelo também contribui para o desenvolvimento de habilidades como curiosidade, responsabilidade e autonomia.
Coordenadora dos anos finais do ensino fundamental no Marista da Asa Sul, Luciana Lopes Domingues ressalta que desenvolver as habilidades socioemocionais dos alunos é uma necessidade urgente, pois, além de contribuir para a formação de um sujeito pleno, o profissional do futuro precisará saber gerenciar as emoções e trabalhar de forma colaborativa com outras pessoas.
"A comunidade escolar pode e deve oferecer oportunidades para o desenvolvimento dessas habilidades e algumas dicas são as práticas de atividades lúdicas, como artes, música, rodas de conversa e experimentações. E, para os pais, fica o papel de oferecer um ambiente propício ao diálogo e ao questionamento, que seja estimulante para o desenvolvimento do pensamento crítico", finaliza Luciana, que é mestre em educação.