Estudantes do colégio Marista Asa Norte apresentaram na manhã desta sexta-feira (7), na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), projetos de lei elaborados por eles mesmos, com temas que englobam a realidade brasiliense. Foram 15 projetos de leis viabilizados pela iniciativa pedagógica que, neste ano, abordou a temática Sensibilização cidadã: escutar, discernir e agir.
A área da educação foi a que recebeu mais enfoque entre os projetos dos estudantes. Entre as iniciativas, se destacaram ensino obrigatório de Libras (Língua Brasileira de Sinais) nos anos iniciais do ensino fundamental, a obrigatoriedade de inclusão na grade extracurricular das escolas públicas e privadas de disciplina sobre educação cidadã de jovens, o ensino da Constituição Federal nas escolas públicas e privadas, a entrada de estudantes de baixa renda nas escolas particulares e o letramento por meio de grupos de leitura nas escolas públicas do DF.
Elaborada pela instituição há cerca de seis anos, o evento, neste ano, foi realizado por três turmas de oitavo ano, que foram divididas em cinco grupos, com participação de sete integrantes. Cada um ficou responsável por apresentar um projeto que se encaixasse dentro do tema da iniciativa e também que oferecesse uma mudança significativa na vida dos cidadãos.
Segundo a coordenadora do projeto e professora do ensino fundamental 2 do Marista, Daniela Dias, 41, o processo se iniciou no primeiro semestre, quando os alunos se organizaram em grupos e discutiram ideias fundamentadas em pesquisas, estudos e até mesmo em leis que pudessem edificar a formação de seus artigos finais.
Além disso, a escola realizou um passeio viabilizado pelo Conhecendo a Câmara — projeto destinado a instituições de ensino —, para que os alunos vivenciassem de perto o funcionamento do Legislativo.
A segunda etapa do projeto foi destinada à experimentação, quando os estudantes tiveram a oportunidade da personificação política. Hoje, após dois anos sem receber as escolas, devido ao período de isolamento da pandemia, os 90 alunos compuseram três mesas e votaram os 15 projetos desenvolvidos pelas turmas durante o ano letivo.
“O projeto é apenas fictício, mas faz muita diferença na vida desses estudantes. Hoje, eles exerceram o papel de mini deputados. Amanhã, saberão como cobrar e garantir seus direitos de cidadãos”, afirma a coordenadora.
A iniciativa que recebeu mais votos a favor foi a inserção de Libras na educação infantil, para que, juntamente com as aulas de português, fossem lecionadas nas escolas.
Outro projeto bem recebido pelos estudantes foi a proposta de implementação da matéria cidadania nas disciplinas estudantis. Segundo o projeto, primeiros socorros, educação financeira e sexual seriam temas fundamentais que, em conjunto com a grade disciplinar, prepararia o estudante da melhor maneira para conviver em sociedade.
Na visão experimental e entusiasmada da estudante Ellen Palma, 14 — que realizou um trabalho relacionado ao acolhimento e capacitação de pessoas em estado de vulnerabilidade social, como ex-presidiários e moradores de rua —, a experiencia foi completamente enriquecedora. “Sei que muita gente não tem a oportunidade de conseguir, ao menos, ensino. Hoje, consegui realizar um trabalho que estava sendo edificado desde o começo do ano e fiquei muito feliz com o resultado de tanta dedicação”, disse.
Ainda segundo ela, a apresentação do projeto abriu seus horizontes, sobretudo na área de trabalho. "Essa apresentação me possibilitou enxergar a importância da criação e aprovação de leis que resultem em melhorias para toda a sociedade", comemora.
Para ela, trabalhos como esses são igualmente importantes para entender os poderes que regem o país. “Podemos ver, na prática, como as leis que regem a nossa pátria funcionam. Desde a sua criação até a aprovação.”