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Rede social deve ser usada com responsabilidade por estudantes

Internet pode ser usada como ferramenta pelas escolas. No entanto, é necessário que pais e professores orientem crianças e adolescentes para o uso consciente e saudável

Aline Gouveia
postado em 28/10/2022 19:47
Susi Morais e o filho Gustavo Morais Peixoto, de 8 anos: controle parental nas plataformas -  (crédito: Arquivo pessoal)
Susi Morais e o filho Gustavo Morais Peixoto, de 8 anos: controle parental nas plataformas - (crédito: Arquivo pessoal)

As redes sociais são uma realidade na vida de crianças e adolescentes. Conhecido como nativo digital, o público infanto-juvenil já nasceu conectado. Gina Vieira Ponte, professora aposentada da rede pública de ensino do DF e consultora em educação, define as redes sociais como "a extensão das nossas subjetividades". Para ela, o mundo é profundamente digital e é imprescindível que as escolas considerem as plataformas no processo de ensino. "A escola é o espaço em que crianças e adolescentes podem conversar sobre redes sociais de maneira crítica, lúcida, com consciência, entendendo como é possível usá-las com responsabilidade", explica.

Em 2014, Gina criou o projeto Mulheres inspiradoras, para promover o uso consciente das redes sociais pelos alunos do Centro de Ensino Fundamental 12, em Ceilândia. "Eu comecei a observar que havia uma série de conflitos que explodiam na escola, mas que começavam primeiro nas redes sociais. Então, desde um estudante que tinha o perfil hackeado pelo outro, até meninas que discutiam na internet, ciberbullying e casos de alunos que queriam divulgar material íntimo da namorada. Isso tudo começou a acontecer de maneira muito expressiva e percebi uma dificuldade da escola em conversar sobre isso", conta a consultora em educação.

A professora observa ainda que as redes sociais têm o papel de fazer com que os adolescentes se sintam pertencentes, mas é importante que as escolas e as famílias estejam atentas e orientem quanto ao uso. "É necessário pensar e observar com atenção os desdobramentos do uso das redes sociais, considerando que elas são espaços em que se veiculam todo tipo de conteúdo inadequado para a infância e a adolescência", alerta.

Célia Regina Matos, mãe do Moisés Santos, de 11 anos, afirma que o cuidado com as crianças nas redes sociais deve ser redobrado, pois, quando o celular é mal usado, se torna perigoso até mesmo para os adultos. "Já houve caso em que um indivíduo do outro lado da tela perguntou ao meu filho se ele estava sozinho em casa", lembra Célia.

Ferramenta

A consultora em educação Gina Vieira Ponte destaca que o uso das redes sociais é bem-vindo na sala de aula como ferramenta para impulsionar o aprendizado dos estudantes. "Todo conteúdo pode ser trabalhado a partir do que a gente vê nas redes sociais, eu posso relacionar o conteúdo da minha disciplina ao trabalho que pretendo fazer nas redes", defende Gina.

A analista de conteúdo Susi Morais, mãe de Gustavo Morais Peixoto, 8 anos, ressalta que a internet trouxe o acesso à informação de maneira rápida. "Hoje, se meu filho me pergunta alguma coisa, eu falo 'vamos pesquisar no Google?' Então ele sabe que, se ele precisa de informação que não sabemos, ele tem liberdade de procurar nos canais de pesquisa", conta.

Entretanto, Susi ressalta a necessidade de acompanhar o uso das redes sociais pelo filho. "Nós temos o controle parental de todas as redes, tanto do Google quanto do YouTube, então, se ele fizer qualquer pesquisa que poderia trazer um cunho sexual ou conteúdo que não seja adequado à idade dele, o próprio sistema já bloqueia e não permite que ele acesse essas páginas. Durante muito tempo, ele usou o YouTube Kids", explica a analista de conteúdo.

Susi também faz o controle do tempo de uso de Gustavo. "Durante a semana, ele usa o tablet somente pela manhã. À noite, só se chegar muito cedo da escola, mas é muito raro, principalmente para não atrapalhar o sono. O acesso é liberado aos finais de semana, ele utiliza o tempo que quiser, mas a gente o tem treinado para ter responsabilidade", destaca. "Se a gente monitora e orienta, eles podem ter acesso à internet de forma saudável, que contribui não só para o conhecimento, mas para a socialização."

Colaboraram Yasmin Rajab e Cecília Sóter

Dicas para os pais

A consultora em educação Gina Vieira Ponte avalia que, por fatores geracionais, pode haver dificuldade dos pais em relação ao monitoramento do uso das redes sociais pelos filhos. Por isso, ela elenca três dicas fundamentais:

» Não subestime o poder destrutivo das redes sociais: o uso desenfreado pode causar dependência, ansiedade ou isolamento;

» Acompanhe o uso que seu filho faz do celular: não permita que seu filho fique em um contexto de "abandono digital", em que o uso da tecnologia seja feito sem nenhuma orientação;

» Converse com os filhos: dialogue sobre os conteúdos inadequados e os limites para o uso.

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