A morte da rainha Elizabeth II comoveu meio mundo, em particular alunos e funcionários do Colégio Darcília Coimbra, na cidade de João Pinheiro, região noroeste de Minas, onde, em maio deste ano, alunos do 1º ano do ensino médio receberam uma correspondência da monarca agradecendo as felicitações em razão do Jubileu de Platina, e os votos de plena recuperação da covid-19.
O movimento de luto na escola teve início na tarde de hoje (8/9), entre alunos do 4º e 5º ano do ensino fundamental, quando, com fitas pretas nos punhos, fizeram um minuto de silêncio. As aulas foram suspensas. Nesta sexta-feira (9), será a vez das turmas do 1º ano do ensino médio, que receberam a carta com uma foto enviadas pela rainha, repetirem o ritual.
Segundo o vice-diretor da escola, Brener Rodrigues, as atividades em torno do falecimento da rainha serão pautadas por discussões sobre a história da monarquia inglesa e o futuro do Reino Unido. “Traremos à tona discussões sobre os fatos marcantes daquele país na história mundial e a participação de Minas e do Brasil Colônia no processo da Revolução Industrial inglesa”, disse.
“Recebemos a notícia do falecimento da rainha com muita tristeza. Ela foi um ícone, exemplo de respeito, sensatez e equilíbrio para muita gente, uma voz equilibrando nações, sobretudo em tempos difíceis como que vivemos hoje”, completa Rodrigues.
Fã de Elizabeth II, a estudante do 1º ano do ensino médio, Ana Clara Silva, 15 anos, que assinou a carta endereçada à rainha, manifestou sua tristeza. "Ela foi a soberana britânica de mais longo reinado e deixa hoje um marco na nossa humanidade. Ela, que era símbolo da democracia, de respeito, igualdade e estabilidade nos deixa com imenso pesar", disse.
O professor de filosofia Marlon Marques Melgaço, que propôs a ideia do envio da carta a Elizabeth II, durante uma aula, disse que seus alunos sempre demonstraram especial interesse pela monarquia inglesa, particularmente sobre a trajetória da rainha. “Muitos se mostraram transtornados com a morte dela nas redes sociais, mas vi que estão bem mais tristes do que aparentam”, disse. “Como é uma grande referência de figura feminina, aqui, também, a maioria das estudantes se espelham nela.”
Melgaço observa que, apesar de ser uma escola particular, quase metade dos alunos são bolsistas, de origem humilde. Ele lembra um episódio ocorrido durante a apresentação da carta a estudantes de outras turmas, quando uma menina de 8 anos perguntou o que era preciso fazer para se tornar uma rainha. “Expliquei o processo e disse que todas elas nasceram princesas, mas com o coração de rainha. E a reação não poderia ter sido mais comovente”, conta.
O professor lembra, ainda, que a manifestação de carinho de Elizabeth II aumentou sobremaneira a autoestima de todos os estudantes da escola e também da cidade. “Os alunos, em particular, se sentiram muito acolhidos. Foi um momenmgto em que o distante se tornou próximo. Eles se sentiram muito importantes, prestigiados e queridos. Ficaram muito comovidos, como se fosse um presente de outro mundo. Dava para ver o brilho nos olhos de cada um. Mais do que inspiradora, foi uma manifestação motivadora, principalmente para as meninas pobres, sem perspectiva de vida.”
Melgaço voltou a frisar que os próprios alunos se incumbiram de escreveram a carta em inglês, cabendo a ele a revisão do texto, que foi adaptado para uma linguagem formal, resumido em quatro parágrafos, e o encaminhamento da correspondência para a cidade de Westminster, no endereço do palácio real.
O fato da maioria dos alunos serem fãs de séries sobre a realeza britânica, como The Crown, The Tudors e Guarda-Costas, segundo ele, foi outro fator preponderante para a participação dos estudantes.