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Inclusão

ONG que promove inclusão escolar concorre ao prêmio Empreendedor Social do Ano

A Turma do Jiló, associação social sem fins lucrativos, com foco na inclusão em escolas e empresas, está concorrendo, pela categoria Direitos Humanos, ao prêmio Empreendedor Social do Ano. As votações seguem abertas até 15 de setembro pelo site

A ONG foi fundada em 2015 pela fisioterapeuta Carolina Videira, ao perceber sua dificuldade em inserir seu filho com múltiplas deficiências, nas redes de ensino. Além disso, segundo ela, o ambiente escolar não estava preparado para atender a esses alunos. "Não havia nas escolas atividades pedagógicas destinadas as pessoas com deficiência. Os professores acreditavam que meu filho não poderia aprender nada,” disse.

Além de estudantes com deficiência, a associação também acolhe e auxilia refugiados, mulheres e lgbtqiap+. Videira ainda possui mestrado em neurociência e aprendeu que todo cérebro é capaz de aprender, independente que qualquer deficiência. Para ela, a democratização do conhecimento só ocorrerá quando as escolas adaptarem formas de ensino entre os estudantes.

Divulgação - A Turma do Jiló promove inclusão de raça, refugiados etarismo, mulheres e lgbtqiap

Idealizado pelo jornal Folha de S. Paulo, em parceria com a fundação Schwad, o prêmio Empreendedor Social do Ano chega à sua 18° edição, com foco no empreendedorismo socioambiental na América Latina. Este ano, a premiação dará especial atenção ao aumento da desigualdade e às ameaças ao meio ambiente e aos Direitos Humanos. A seleção abrange quatro categorias: inovação em meio ambiente, direitos humanos, soluções comunitárias e destaques na pandemia.

História de superação

Videira lembra que, quando trabalhava como gerente em uma multinacional, entre 2002 e 2009, enfrentou preconceito de gênero no ambiente de trabalho. Ela lembra que essas situações ocorreram quando obteve o direito à licença-maternidade de 120 dias para ter seu primeiro filho. Porém, não esperava que, quando retornasse ao trabalho, seu chefe a receberia da pior maneira possível. "Assim que voltei da licença, meu chefe de disse: Carola, que bom que voltou. Agora você precisa escolher entre ser mãe, esposa ou parte desse time, pois as três coisas você não pode ser", recorda.

O que todos do local não sabiam era que, paralelo às dificuldades no trabalho, ela também estava lidando com uma notícia que mudaria sua realidade por completo, o diagnóstico de que seu filho era uma criança com deficiência. “Fui chorar no banheiro. Não tive coragem de contar que fazia uma semana que tinha descoberto que meu filho era uma criança com múltiplas deficiências. Estava completamente arrasada”, disse.

Ainda segundo ela, seu filho não conseguia realizar atividades essenciais para o desenvolvimento infantil. “Ele nunca andou, nunca falou e nunca fez nada sozinho, a não ser sorrir para mim todas as vezes que me via”, disse. E era apenas com esse sorriso que Videira ganhava forças para enfrentar as diferenças, os preconceitos, e seguir em frente, tentando, assim, proporcionar melhor qualidades de vida para o filho, João, que sofria de hipotonia, doença ocasionada pela diminuição da contração muscular e da força, provocando moleza e flacidez corporal. Além disso, foi acometido de nistagmos oculares, que ocorre quando a criança não controla os movimentos dos olhos e também tem muita sensibilidade à luz.

Um ano depois de ter sido humilhada pelo chefe, Carolina foi premiada como colaboradora revelação na convenção anual da empresa, por ter batido todas as metas. Ao receber o prêmio, viu naquele momento a oportunidade de denunciar todo o preconceito sofrido. Então, diante de todos os funcionários, anunciou seu pedido de demissão. “Falei em alto e bom tom que eu poderia ser o que eu quisesse ser."

Naquele momento, ela estava lutando para incluir o filho em alguma escola, pois a lei de inclusão para PCD ainda não havia sido promulgada. Com a percepção da falta de preparação das escolas para acolher PCDs, ela resolveu viajar para o exterior em busca de melhores condições de aprendizado para o filho, quando teve contato maior com diversas escolas inclusivas.

Videira conta que, passou, então, a sentir que tinha um compromisso maior com a inclusão de crianças com deficiência. “Senti que tinha o propósito de não deixar mais nenhuma criança para trás, porque se eu não fizesse essa intervenção, meu filho infelizmente seria deixado para trás.” João faleceu há 9 meses, por complicações decorrentes das deficiências múltiplas, aos 13 anos.