Eu, Estudante

ARTIGO

11 de agosto: estudantes em defesa do Brasil

."Não deixaremos de lutar por uma democracia efetiva para a maioria do nosso povo", é o que escreveu Honestino Guimarães, ex-presidente da UNE, desaparecido na ditadura militar

Nesse Dia do Estudante, 11 de agosto, a União Nacional dos Estudantes (UNE) completa 85 anos, se fundindo à história brasileira, sob o viés das lutas da juventude, pela defesa da democracia e da educação, atravessando — e resistindo — a diferentes períodos.

Diante dos maiores desafios da nossa geração, nesse momento se faz urgente defender um projeto que nos dê perspectivas de futuro.

Dessa forma, com atos simultâneos em todo o país, relembrando a luta da sociedade civil no regime militar, estaremos ao lado de setores representativos da sociedade, que se mobilizam contra as ameaças de golpe e interferências antidemocráticas.

Os desafios atuais impõem a reconstrução do país. Não há como voltar atrás. Daqui em diante, a pressão popular deverá ser muito maior. A luta pelo Estado Democrático de Direito é imprescindível.

Quando falamos em democracia, pensamos, primeiramente, no respeito à soberania popular, uma vez que as ameaças e a divulgação de fake news sobre a legitimidade do processo por parte do governo Bolsonaro são constantes.

Porém, a democracia perpassa também à estabilidade entre poderes da República, ao acesso à educação gratuita e de qualidade, mais vagas nas universidades, mais brasileiros formados, com empregos e, sobretudo, democracia é redução das desigualdades, da fome e da miséria.

As perdas educacionais desses últimos anos partem de um projeto excludente e de desmonte: o chamado “Bolsolão” do Ministério da Educação retirou condições dos estudantes de seguirem nas escolas, sucateou nossas instituições ao trocar o projeto educacional por um meio para cobrança de propinas. Além disso, a pasta tornou-se o epicentro do conservadorismo e do aparelhamento ideológico do bolsonarismo.

Sob uma falsa justificativa de um “Teto de Gastos”, que é uma aberração para qualquer país focado em desenvolvimento, retira recursos de universidades e institutos federais, desrespeitando o papel estratégico que essas instituições têm para o crescimento, soberania nacional e respostas aos desafios da nossa sociedade. Lembrando que só de emendas no Congresso o orçamento supera em R$ 160 bilhões o tal “teto”, demonstrando o total descaso à educação, saúde e avanço social.

As universidades públicas têm fechado os últimos anos com déficits que irão comprometer o planejamento dos próximos anos, terão estruturas cada vez mais precarizadas e um alto índice de evasão.

Por isso, em uma data de grande importância para nós, esse emblemático Dia dos Estudantes, queremos construir um marco de uma ampla e histórica mobilização para que a democracia no país seja respeitada, que o sufrágio universal seja respeitado. Conclamamos a população a se posicionar, mais uma vez, ao lado certo da história e defender a educação, o futuro e o Brasil.

Bruna Brelaz é presidente da UNE e estudante de Direito