Alunos da Escola Classe Lamarão do Paranoá estão envolvidos em um projeto inédito, que garante merenda saudável e também a possibilidade de melhorar a alimentação de toda a família. Desde abril deste ano, eles passaram a cultivar verduras e hortaliças, em um projeto extra-classe, denominado Sementinhas Alegres, realizado em horários que não coincidiam com as aulas. Hoje, a unidade de ensino conta com 13 canteiros cultivados com a orientação dos professores.
A iniciativa está sendo a maior atração da Feira de Ciência do DF, projeto itinerante elaborado pela Coordenação Regional de Ensino do Paranoá. A iniciativa permite aos alunos participarem de exposições criativas, mostrando que é possível consolidar arte com materiais recicláveis. O evento também é pautado pela sustentabilidade, qualidade de vida e promoção da saúde.
O projeto da horta comunitária mobilizou a comunidade do Paranoá, sobretudo pais e parentes dos alunos. Por meio dessa iniciativa, de acordo com a diretora Cláudia Versiani, a dieta passou a ser bem mais balanceada, com a utilização dos frutos da horta. Ela afirma que os lanches das crianças passaram a ter novas cores e sabores.
"Legumes como alface, pimentão, rúcula, coentro e cebolinha, além de ervas medicinais, passaram a integrar o cardápio diário dos estudantes", diz o professor Herberth Alves, idealizador da ação, observando que, os 17 metros de terreno cultivados, que antes recebiam pouca atenção, agora ganharam força e vida. "A falta de aproveitamento da terra era uma triste realidade, por isso partimos para a ação, transformando aquele local em uma horta pedagógica, com a participação dos estudantes e também da comunidade", conta.
Ainda segundo ele, além das instruções sobre como cultivar hortas sustentáveis, rodas de conversa são sempre realizadas após as atividades, promovendo, dessa forma, a conscientização dos alunos sobre a importância de uma alimentação saudável.
"O ponta pé inicial para a realização do sonho da horta comunitária, foi a limpeza do terreno. O processo foi realizado pelos próprios alunos que arrancavam alguns arbustos com a mão e com a enxada, além de passarem o rastelo, cuidadosamente, para limparem as folhas", disse, ponderando que, além de garantir alimentação saudável aos estudantes, a horta oferece uma oportunidade única de conexão com a natureza e de manutenção da saúde mental.
“Acredito que o contato direto com a terra ajude as crianças nas questões emocionais, tendo em vista que eles mostraram fragilidades devido ao isolamento da pandemia. Quando eles estão cultivando, percebemos a felicidade que emanam” afirma a orientadora educacional do projeto, Julcilene Alves.
Versiani afirma que os 100 alunos do ensino integral atendidos em período integral cultivam cuidadosamente a horta sempre depois das aulas. Segundo ela, atividades como limpeza, reaproveitamento de objetos recicláveis, como pneus e garrafas pet, assim como adubação e plantio são realizadas no dia a dia dos estudantes.
A iniciativa sustentável segue ganhando destaque. Após a etapa local, a escola poderá competir na modalidade regional com outras escolas da região. Nas edições passadas, a avaliação final foi realizada por meio do Circuito de Ciências da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal.
Gincana Sustentável
Por conta da pandemia e o consequente agravamento da situação financeira das famílias, as gincanas habituais deixaram de arrecadar alimentos para consumo estudantil. O professor Alves viu nessa realidade a possibilidade de dar continuidade ao projeto das hortas sustentáveis. “A educação ambiental é um tema relevante, que deve ser abordado entre alunos de todas as unidades de ensino” conclui.
O intuito da competição, lembra ele, era arrecadar recicláveis para organizar a horta, tornando esses espaços um ambiente mais acolhedor para os estudantes. "O plantio ganhou um novo visual, mais colorido e criativo, dando um ar convidativo e sustentável ao ambiente", afirma Versiani, garantindo que a gincana sustentável foi um sucesso. "Os estudantes eram pontuados de acordo com a quantidade de recicláveis que traziam. Latinhas, pneus, garrafas pet, adubo e até mudas que os próprios responsáveis cultivavam em casa fizeram parte dos critérios avaliativos", completa.
A diretora reforça que a autonomia dos estudantes no processo foi outra grande conquista. “É um projeto vivo e real. Tenho certeza que esses estudantes vão levar esse aprendizado para a vida”, afirma.
*Estagiária sob supervisão de Jáder Rezende