O número de turmas escolares suspensas por casos de COVID-19 em Belo Horizonte triplicou no último mês. Dados divulgados no boletim epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) também apontam que o número de escolas, públicas e particulares, que registraram surtos da doença mais do que dobrou nos últimos 30 dias.
Segundo documento da PBH, em 8 de junho, 33 turmas foram suspensas por casos de COVID na capital. Na atualização desta sexta-feira (8/7), o índice chegou a 102, mais de três vezes superior à medida do mês passado. No mesmo período, o número de escolas que registraram surto saltou de 35 para 82.
A Secretaria Municipal de Saúde considera como critério para suspensão de turmas, a confirmação de casos de COVID em, ao menos, 10% do total de alunos. Nestes casos as atividades presenciais são suspensas por 10 dias corridos, contados a partir do último contato.
O aumento nos casos de turmas suspensas se dá em um cenário de baixo índice de vacinação entre as crianças de 5 a 11 anos. Em atualização divulgada hoje, 59,6% do público recebeu a segunda dose da proteção contra o coronavírus. Há um mês o percentual era de 57,1%.
Segundo dados da PBH sobre a população da capital nesta faixa etária, seria o equivalente a dizer que apenas cerca de 5 mil crianças completaram o ciclo vacinal contra a COVID ao longo de um mês.
Ritmo dos novos casos
Belo Horizonte teve 5.636 novos casos confirmados de COVID na última semana. O número indica estabilidade em relação à semana anterior, quando foram registrados 5.807 novos contágios pelo coronavírus.
Veja o aumento de casos confirmados de COVID por semana no último mês em BH:
Entre 01/07 e 08/07: 5.636 novos casos
Entre 24/06 e 01/07: 5.807 novos casos
Entre 17/06 e 24/06: 3.766 novos casos
Entre 10/06 e 17/06: 5.382 novos casos
Entre 03/06 e 10/06: 4.416 novos casos
Na quinta-feira, a secretária municipal de Saúde, Cláudia Navarro, afirmou que o número de casos estavam em desaceleração na cidade. Em entrevista ao Estado de Minas, a médica ressaltou que a doença ainda está presente e que é preciso manter cuidados como o uso das máscaras.
O Boletim de Monitoramento do Comitê Popular de Belo Horizonte de Combate à Covid-19, porém, aponta para um cenário diferente. O documento, também divulgado nesta sexta, aponta que a taxa de transmissão na capital está em 1,8, o que significa que cada 100 pessoas infectadas podem transferir o vírus para outras 180. O ideal é que o índice fique abaixo de 1.
Para o infectologista e professor da UFMG, Unaí Tupinambás, é importante não deixar o cansaço vencer as medidas de prevenção ao contágio.
“Eu sei que tá todo mundo cansado após dois anos e meio de pandemia, mas o vírus não está nem aí pra isso, é preciso continuar com o uso de máscaras, a higienização das mãos e com a vacinação em dia. Duas doses para ômicron não é vacinação completa, as pessoas tem que completar a imunização, não é mais reforço, é vacinação completa ”, aponta o médico, que também integra o Comitê Popular.
Embora os casos estejam menos graves, o Tupinambás alerta para a importância de perceber os sintomas, fazer o teste e ficar isolado. A alta circulação do vírus favorece o surgimento de variantes cujo efeito ainda não é conhecido na população.
“Dados do monitoramento da Fiocruz apontam que a (subvariante da ômicron) BA4 e BA5 estão se espalhando e elas podem escapar da resposta imune, tanto da vacina, quanto da infecção recente. Não sabemos ainda, mas é importante prevenir”, comenta.