VOLTA ÀS AULAS

Aprender nas férias pode ser mais prazeroso do que se imagina

Práticas que combinam conteúdos estudados com atividades lúdicas valorizam momentos em família e protagonismo infantil

Mariana Andrade*
postado em 29/07/2022 18:19 / atualizado em 29/07/2022 18:19
Alunos podem conciliar descanso e prática de hobbies com os estudos durante as férias -  (crédito: Sigmund/Unsplash)
Alunos podem conciliar descanso e prática de hobbies com os estudos durante as férias - (crédito: Sigmund/Unsplash)

A época de férias é a favorita dos estudantes, mas também representa uma quebra na rotina escolar. Práticas importantes para revisar conteúdos aprendidos antes do recesso são fundamentais para o desenvolvimento das crianças. Para a assessora pedagógica da Matific Brasil, Nádia Moya, esse processo deve ser leve e estruturado, priorizando o divertimento e o protagonismo da criança.

Moya afirma que aprender durante as férias fortalece as habilidades trabalhadas em sala de aula, além de tornar mais prazeroso pra as crianças o retorno à escola. Com 35 anos de experiência na área, todos lecionando na rede de ensino público, a professora aconselha educadores e famílias a estimular, de forma lúdica, o aprendizado dos alunos durante as férias. “Os estudantes retornam com pensamentos mais estruturados e engajados para as aulas”, diz.

Ainda segundo ela, os períodos de recesso escolar são necessários dar um descanso ao estudantes e levá-los a recuperarem o fôlego. Moya recomenda que o processo de aprendizagem ocorra por meio de gamificações — aplicação de estratégias de jogos nas atividades do dia a dia —, tornando esse momento diferenciado para as crianças. “É papel dos educadores e da família mostrar que as férias podem ser divertidas e estimulantes ao mesmo tempo”, afirma.

A professora destaca a dedicação de professores que há muito tempo "rebolam" para oferecer o melhor para os alunos. Ela defende também o desenvolvimento de um plano de férias elaborado por professores, além de uma parceria entre famílias e instituições de ensino nesse sentido. “Todos devem falar a mesma língua. A educação não é moldada apenas na escola. Ela é feita por várias mãos”, afirma Moya.

Nádia Moya, assessora pedagógica da Matific Brasil, orienta como as crianças podem revisitar as matérias dentro e fora da escola no retorno às atividades do segundo semestre
Nádia Moya, assessora pedagógica da Matific Brasil, orienta como as crianças podem revisitar as matérias dentro e fora da escola no retorno às atividades do segundo semestre (foto: Arquivo pessoal)

Na opinião da professora, proporcionar um bom recesso escolar para os filhos não é sinônimo de “gastação” ou atividades mirabolantes. Ela afirma que atividades simples têm o mesmo potencial que as mais elaboradas, desde que fujam do habitual das crianças, tornando, assim, momentos corriqueiros ainda mais marcantes. “Às vezes, os responsáveis não sabem que situações como, assistir filmes com pipoca, tomar um sorvete de tarde, mudar o trajeto ao voltar para casa ou fazer uma festa do pijama, podem criar uma memória afetiva forte”, afirma.

Moya observa que os cortes orçamentários na educação prejudicam diretamente os estudantes. Ela encara com estarrecimento o cenário da educação brasileira. “Essa desvalorização respinga no cotidiano escolar. Se os governantes olhassem para educação como referência, poderíamos ampliar o número de crianças e jovens que teriam suas vidas impactadas pela educação”, diz.

Confira as dicas da professora:

Games virtuais
Jogos online são ótimas opções para engajar as crianças e proporcionar a elas uma revisão de conteúdo mais leve e divertida. Segundo a pedagoga, os aspectos lúdicos e dinâmicos dos games encorajam a uma revisão, ao mesmo tempo em que as crianças se divertem, dialogam, cooperam e competem de maneira saudável.

Momentos em família
Assistir a filmes e programas de TV ou ler livros que abordam determinados conhecimentos adquiridos em sala de aula é uma boa forma de manter o ritmo. Os pais podem perguntar para as crianças, em momentos de conversa, se elas lembram o que aprenderam em determinada matéria ou, até mesmo, proporem brincadeiras — com os tradicionais jogos de tabuleiro ou montando quebra-cabeças relacionados a matérias da escola, por exemplo.

Novas experiências
A participação dos pais ou responsáveis é fundamental nesse período de férias. Propor atividades e passeios diferentes, como ir a museus e parques, dialogando com os filhos, e mostrar, na prática, conceitos estudados, trazendo à tona o conhecimento adquirido no ambiente escolar. Contextualizar, por meio de experiências, é uma forma de fixar melhor o conteúdo, pois trabalha o emocional, o que sempre leva ao maior estímulo. Novas experiências permitem o protagonismo do aluno no processo de aprendizagem, uma vez que o próprio estudante tem mais propriedade em falar sobre o que vivenciou.

Falar sobre o que vem por aí, aplicando os conteúdos aprendidos
Despertar o interesse do aluno pelos conteúdos a serem discutidos nos próximos meses também é uma ótima estratégia para aumentar o entusiasmo e começar o novo semestre em um bom ritmo. Nos últimos dias do recesso, as famílias podem conversar sobre o que fizeram nas férias e também sobre o que anima mais as crianças a aprender no novo semestre. Esses momentos propiciam um ambiente positivo e mostram que aprender é divertido e que o retorno à escola também será.

Acolhimento e protagonismo
Organizar rodas de conversa e elaborar atividades artísticas, como produzir desenhos ou cantar músicas, pode ser uma excelente forma de colocar em prática a empatia, ouvir o outro, respeitar a vez do outro de falar e fazer com que o indivíduo se sinta parte integrante da escola. É importante que essas atividades de imersão não tenham caráter avaliativo, mas, sim, proporcionem momentos de reconexão do aluno com o ambiente escolar, colegas e professores, prezando também a recreação.

*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende

 

 

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