O primeiro dia da SBPC Vai à Escola não recebeu o público esperado. A expectativa de participantes foi frustrada e o público não ultrapassou a casa dos 30%. As palestras aconteceram no câmpus da Universidade de Brasília (UnB) Ceilândia, com programação voltada para alunos e professores do ensino fundamental e médio.
De acordo com a professora Maria Emília Walter, decana de Pesquisa e Inovação da UnB e coordenadora local da edição, cerca de 1.500 estudantes e professores são aguardados durante todo o evento, uma média de 500 visitantes por dia.
Durante a manhã desta terça-feira (26), a SBPC Vai à Escola recebeu três ônibus, de escolas públicas e do câmpus Darcy Ribeiro. As palestras também estavam abertas ao público geral. Alunos do Instituto Federal de Brasília, o IFB, chegaram a tarde, mas o público não foi suficiente para lotar as salas de aula e o auditório do câmpus Ceilândia. Pelo menos duas escolas cancelaram a participação de última hora.
Laís de Araujo, monitora da comissão de sustentabilidade na SBPC e estudante de ciências biológicas na UnB, ressalta a importância dos assuntos discutidos no evento, mas afirma que houve baixa procura do público. “O movimento foi fraco, acredito que tanto pela distância quanto pela falta de informação sobre transporte. Tinha transporte do Darcy Ribeiro até aqui. Fiquei sabendo ontem a tarde, como monitora", disse.
Carolina Freire é bióloga marinha e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) há 26 anos e foi uma das palestrantes do evento. Com o tema A ciência por trás… de tudo na nossa vida, a professora ocupou o auditório do Câmpus Ceilândia. Ela conta que, no primeiro momento, não sabia o que esperar em termos de público, mas não ficou surpresa com a baixa adesão em um evento experimental.
"A SBPC foi pioneira nesse tipo de divulgação científica em Brasília [...] e é ainda uma fase de transição. Não temos como ter nem expectativa. A gente vê o que acontece", disse, ponderando que melhorar a divulgação é uma estratégia para atrair mais jovens para o evento. "Talvez fosse necessário divulgar mais, porque são vários câmpus. Na parte da manhã e da tarde ocorrem, em média, 5 sessões simultâneas. Seria uma alternativa para assegurar que mais escolas comparecessem."
Mesmo com pouca participação, o evento gerou debates científicos de qualidade. O pesquisador da Fiocruz e membro do conselho da SBPC, Samuel Goldenberg, também falou durante o evento. A sala da palestra era uma das únicas cheias, com presença em peso de estudantes do Instituto Federal de Brasília (IFB), que debateram o papel social da ciência e a responsabilidade do cientista.
Para o pesquisador, foi gratificante o contato com jovens interessados em ciência. “Ficamos nos nossos laboratórios, conversamos com nossos colegas de academia e instituição e não vemos esse retorno imediato, como ocorreu com estes alunos. O nível de interesse e de perguntas me deixa cada vez mais convencido de que levar a ciência para estudantes e professores de ensino básico é realmente fundamental”, disse.
O professor de história do IFB, Marcelo Sabino, mobilizou os alunos para participar do evento da SBPC. Eloiza do Nascimento, do terceiro ano do ensino médio do câmpus Gama, participou da palestra de Goldenberg e destacou como principal ponto do debate o aporte de verbas para ciência. “Foi muito boa a palestra, muito informativa, breve e com todos os pontos importantes abordados. A questão das verbas da economia que vão para a ciência, no cenário em que a gente está, é uma situação bastante complicada”, disse.
Sobre o evento
De forma experimental, a 74ª edição da reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência leva o projeto SBPC Vai à Escola à UnB. Estão previstas 30 palestras, apresentadas por pesquisadores de 17 instituições públicas de ensino, distribuídas entre os dias 26, 27 e 28, nos câmpus de Ceilândia, Planaltina e Gama. Pelo menos 20 instituições de ensino do Distrito Federal confirmaram presença. Para reunir os alunos nos câmpus, a UnB disponibilizou transporte, alimentação e ajuda de custo para alunos e professores.
As atividades promovem, além da divulgação científica, interação de crianças e adolescentes com pesquisadores de todo o Brasil e a formação de professores dos ensinos fundamental e médio. Ampliado nacionalmente em 2015, o programa busca dar visibilidade à ciência e despertar o interesse de alunos e professores.
Em período de recesso escolar, a gestão local do evento estabeleceu estratégias de divulgação específicas para atrair os alunos. “Fizemos uma chamada pública, as Férias Científicas, justamente para que esses alunos em férias viessem para a UnB”, afirma a professora Maria Emília Walter.
Confira a programação da SBPC Vai à Escola
Câmpus UnB Planaltina - FUP: 27/7, das 10h às 15h30
Câmpus UnB Gama - FGA: 28/7, das 10h às 11h30
*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende