A maioria da população não apoia a presença de militares nas escolas, segundo a pesquisa Ultraconservadorismo na Educação, divulgada nesta semana. Encomendada pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e pela Ação Educativa e realizada pelo Datafolha, a pesquisa revela que 7 em cada 10 brasileiros confiam mais em professores civis do que em militares atuando nas instituições de ensino.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), nos 26 estados da federação e no DF 216 escolas funcionam no regime cívico-militar, representando 0,1% de 178.370 instituições de ensino básico. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 89 escolas se preparam para implantar o sistema, difundido pelo atual governo.
Somente no Distrito Federal, o modelo cívico-militar foi implantado em 16 unidades de ensino desde 2019. A primeira escola gerida em gestão compartilhada no Plano Piloto vai funcionar no Centro de Ensino Fundamental 1 (Celan) do Lago Norte, onde estão matriculados 840 alunos. Casos de violência vêm sendo registrados em escolas que atuam nesse modelo do DF desde o início do ano.
Segundo a pesquisa sobre a atuação de militares nas escolas, na qual foram ouvidas 2.090 pessoas com 16 anos ou mais, 7 em cada 10 entrevistados defendem a abordagem da educação sexual no ambiente escolar. Além disso, 90% acreditam que o debate do tema em salas de aula é fundamental para que crianças e adolescentes se previnam contra abusos.
A pesquisa abordou ainda o papel das escolas na promoção dos direitos de as pessoas viverem sua sexualidade, com aprovação de 81% dos entrevistados.
As entrevistas foram realizadas entre 8 e 15 de março em regiões metropolitanas e cidades do interior de todas as regiões do país e a margem de erro é de dois pontos percentuais.