Dezenas de alunos da Escola dos Meninos e Meninas do Parque (EMMP), localizada no Parque da Cidade de Brasília e que atende crianças em situação de rua, viveram momentos especiais e inesquecíveis na manhã desta quarta-feira (18). Acompanhados dos pais, eles foram surpreendidos com um espetáculo sobre a história da cultura brasileira, com obras do cancioneiro popular. No repertório, choro, samba, frevo, maculelê, funk e outros estilos os levaram a uma viagem no tempo. Promovido pelo Coletivo Educação pela Arte, o espetáculo marcou o dia nacional contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes.
A apresentação reuniu estuantes, pais e moradores do entorno do parque e contou com os músicos do projeto Alma Brasileira Nelson Latif, Marcelo Lima, Ismael Rattis e Sandro Alves, que trabalham com a formação de plateia. Os artistas mostraram aos estudantes os principais instrumentos utilizados em cada ritmo, proporcionando a todos um entendimento mais amplo sobre a cultura brasileira e a miscigenação étnica presentes nas raízes da música popular brasileira.
Por meio do projeto, muitos estudantes têm a oportunidade de assistir a uma apresentação musical pela primeira vez, o que, na opinião dos músicos envolvidos, estimula a sensibilização do grupo. “A música é essencial no processo educativo cultural e a experiência é bem impactante para os alunos”, avalia Nelson Latif, músico idealizador do Alma Brasileira.
Marcelo Lima explicou que o projeto faz uma retrospectiva histórica e cronológica da MPB, chegando até ao contexto atual. Ele observa que, quando os alunos atravessam essa trajetória musical, passam a conhecer o universo da música e a sua própria identidade cultural. “É um trabalho de manutenção e resgate das nossas raízes culturais, de forma a integrar as novas gerações às diferentes épocas e estilos da nossa música”, contextualiza.
Pauta diária
Membro do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil no DF (FPETI), a pedagoga e especialista em neuropsicopedagogia, Jana Almeida, lembra que o combate à exploração sexual infantil é uma pauta diária em todas as escolas da rede pública do DF. “A ordem é estar sempre em ação contra esse tipo de crime, mobilizando toda a sociedade para defender aqueles que não podem se defender sozinho”, afirma.
“Por entendermos que as crianças em situação de rua são bem mais vulneráveis, promovemos essa ação na escola do parque, que atende a meninos e meninas em situação de rua. O principal alerta é a importância da prevenção, fazer com que a criança tenha a preocupação de que seu corpo é intocável e que qualquer tipo de abuso deve ser imediatamente denunciado imediatamente à escola”, alerta a pedagoga.
Segundo ela, o próximo 12 de junho, dia nacional e internacional de combate ao trabalho infantil, também será marcado pelo combate à exploração sexual infantil, com ações similares em todas as escolas da rede pública do DF.