PANDEMIA

Protocolo recomenda que escolas particulares do DF priorizem aulas presenciais

Documento atualizado pela Secretaria de Educação do Distrito Federal reforça orientações para evitar a transmissão da covid-19 nas escolas e orienta quanto à necessidade de manter os cuidados para volta segura dos estudantes aos colégios

Edis Henrique Peres
Bernardo Guerra*
postado em 09/02/2022 06:00
Colégio onde Natália é diretora pedagógica reforçou cuidados -  (crédito:  Minervino Júnior/CB)
Colégio onde Natália é diretora pedagógica reforçou cuidados - (crédito: Minervino Júnior/CB)

Máscara no rosto, álcool em gel nos corredores e distanciamento social. O ano letivo começou, e os cuidados básicos contra a covid-19 devem permanecer dentro e fora das escolas. Entretanto, um entendimento mudou: em 2021, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) havia emitido um documento com orientações para colégios particulares priorizando o ensino híbrido — remoto e presencial —, como recomendado pelo Conselho Nacional de Educação. Agora, após uma revisão de protocolos publicada nesta semana, a pasta sugere que o foco sejam as atividades presenciais.

Presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe-DF), Ana Elisa Dumont destaca que algumas escolas reabriram no fim de janeiro e que o novo protocolo de recomendações é muito similar ao anterior. "(O documento) replica os pontos principais, como evitar compartilhamento de materiais, priorizar reuniões remotas, organizar o espaço físico e (quais) os cuidados em casos suspeitos e confirmados de covid-19. Neste ano, não haverá uma mudança tão grande, porque, no ano passado, tínhamos cerca de 90% dos alunos em sala. Mas vejo, realmente, a necessidade desse retorno totalmente presencial, porque o número de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever aumentou muito. Fora que a escola vai além da parte cognitiva: ela desenvolve o social e o emocional dos estudantes", argumenta.

A administradora Marta Fonseca, 44 anos, acompanhou o retorno do filho de 12 anos para o colégio. "Ele voltou na semana passada. Agora, cada um tem de fazer a própria parte: manter o distanciamento, usar máscara. Se as pessoas não estiverem dispostas a fazer o papel delas, não adianta cobrar apenas da escola", opina a mãe, que aprovou a retomada presencial. "Ele (o filho) é supercuidadoso, usa duas máscaras e sempre leva álcool em gel", completa moradora da Asa Sul.

Diretora pedagógica de um colégio particular na Asa Norte, Natália Rocha conta que as unidades de ensino da rede continuam com os mesmos protocolos adotados no ano passado. "Nossa equipe de limpeza está sempre higienizando os corrimões, as maçanetas e os lugares de contato contínuo. Reforçamos, da educação infantil ao ensino médio, os cuidados com lavagem das mãos, uso de álcool em gel e distanciamento. Também adotamos atividades ao ar livre, para aproveitar a ventilação", detalha.

Medidas

O mais recente protocolo da SEDF recomenda a transmissão das orientações do documento aos responsáveis pelos estudantes. A pasta divulgou os protocolos a colégios privados porque todos precisam de credenciamento junto à pasta para funcionar no Distrito Federal. As medidas levam em conta diretrizes dos departamentos técnicos da Secretaria de Saúde para um cenário de retorno 100% presencial. Entre as sugestões, constam: organizar os fluxos de circulação de pessoas; escalonar horários de intervalo,  das refeições e da saída dos alunos; e garantir disponibilidade de álcool 70% nos espaços.

Presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino (Aspa-DF), Alexandre Veloso destaca que tem recebido retorno positivo das famílias. "Algumas estavam receosas porque as escolas não queriam disponibilizar o retorno remoto para estudantes com alguma recomendação médica. Mas, depois (da publicação) de algumas notas do Conselho Nacional (de Educação), o sindicato (Sinepe) fez novas avaliações, e as escolas começaram a flexibilizar as medidas. Em geral, os pais estão satisfeitos com a postura dos colégios", comenta.

No entanto, para a professora Fernanda Simões, 48, mãe de uma estudante do 2º ano do ensino médio, algumas instituições têm afrouxado as medidas de prevenção. "As salas estão com um número bem grande de alunos. Minha filha de 16 anos tem aulas em uma sala com 45 pessoas. Ou seja, não tem distanciamento. O que me dá segurança é saber que, ao menos, ela está vacinada; então, não teria um caso grave da doença. A imunização traz esse sentimento de que temos mais armas para lutar contra a covid-19", diz a moradora do Cruzeiro Novo. 

Instituições de ensino superior mudam calendário

Devido ao aumento dos casos de contaminação pelo SarsCoV-2, o Centro Universitário de Brasília (Ceub) adiou o retorno dos estudantes às salas de aula. Em nota, a instituição de ensino superior informou que a decisão atende a um pedido do Comitê de Gestão Técnico, Administrativo e Pedagógico. “Ressaltamos, ainda, que os procedimentos e as medidas estabelecidos pelos órgãos competentes serão rigorosamente cumpridos”, pontua o texto.

No Centro Universitário Iesb, o começo das aulas ocorre com acompanhamento “da evolução da variante ômicron”, mas com ações que evitem prejuízos ao calendário acadêmico. Por isso, a previsão é de reinício das atividades no mês que vem. Na Universidade Católica de Brasília (UCB), o protocolo será semelhante, com retomada presencial em março. “(A instituição de ensino) afirma que está preparada para receber nossos estudantes na modalidade 100% presencial, seguindo as normas de biossegurança”, comunicou.

Na Universidade de Brasília, com 47 votos favoráveis e duas abstenções, o Conselho de Administração (CAD/UnB) aprovou a cobrança do comprovante de vacinação com registro de duas doses contra a covid 19 para acesso às dependências da instituição de ensino. “A decisão visa conferir ainda mais segurança a todos que frequentam presencialmente os campi. A medida foi aprovada por representantes de todos os segmentos da comunidade universitária — técnicos, docentes e estudantes —, sem votos contrários, em 27 de fevereiro”, informa.

Até hoje, o tema tem provocado embates entre frequentadores dos campi. André Doz, coordenador de ensino e pesquisa, vai presencialmente à universidade para estudar e considerou a medida “uma vitória”. “Queremos um retorno seguro. As manifestações contra o passaporte têm origem fora da universidade, em grupos políticos, e vão contra todos os nossos princípios”, comenta.

No entanto, um funcionário da universidade, que pediu para não ter o nome divulgado, afirma que o problema está na dificuldade para controlar a quantidade de estudantes que circulam no câmpus. “São vários, o fluxo é muito grande. Querendo ou não, virão alunos que não têm aulas, por exemplo, seja para ver amigos ou dar uma volta. Eu acho que não poderia ter aula presencial neste momento”, opina.

*Estagiário sob supervisão de Jéssica Eufrásio

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