Eu, Estudante

polêmica

'Cultura de morte e antifamília': Colégio repudia imagens como arco-íris

Em cartilha encaminhada aos pais, escola diz que símbolo do arco-íris foi 'raptado pela militância LGBT' e que unicórnio é 'contrário aos planos de Deus'

O Colégio Recanto do Espírito Santo, localizado em Itaúna, no Centro-Oeste de Minas, voltou a polemizar nas redes sociais após repudiar imagens de arco-íris, unicórnio, caveiras e do Che Guevara em materiais escolares. A instituição com orientação católica tratou os símbolos como "antifamília". O

Colégio de Belém gera revolta ao aplicar prova de Português com questões homofóbicas
A promotoria informou, por meio da assessoria, que tomou conhecimento e “está colhendo informações para avaliar a abertura de um procedimento investigatório”. A denúncia foi feita por um grupo de moradores de Itaúna.

Intitulado como “Desenhos ingênuos no material escolar?”, a escola com perfil conservador - de ensino infantil e fundamental – critica os itens “da moda” em cadernos, estojos, e sinaliza “risco” aos valores da família.

“As principais ideologia antifamília têm feito de tudo para instalar em nosso meio e utilizam, principalmente, os materiais infantis e com estampas que parecem ingênuas”, afirma na cartilha com data de 12 de janeiro.

Assinado pela direção, o comunicado cita símbolos antigos como o do revolucionário argentino Che Guevara. Trata a imagem de caveira como “cultura de morte”.

“Há anos era comum ver jovens estampando o “A” de anarquia, que é a ruptura com toda e qualquer organização e hierarquia. Ou seja, uma rebeldia completa. Os cadernos e camisetas com caveiras (cultura de morte), foice e martelo e com o rosto de Che Guevara (grande assassino e revolucionário comunista) estão na moda há décadas. Mas hoje, vejo também outros riscos”, consta na cartilha.

A instituição diz que o arco-íris “é um símbolo de aliança de Deus com seu povo” e que “foi raptado pela militância LGBT”. As críticas se estenderam às imagens de unicórnios, segundo a direção, apresentadas como figuras “doce e encantadora”.

“O perigo é o que ele representa atualmente, pois também é utilizado por personalidades para identificar alguém de gênero não binário, que não se identifica como homem, como mulher e nem mesmo como um transexual”, afirma.

A escola também classifica o unicórnio como “mais um símbolo contrário à lei natural, contrário aos planos de Deus”.

Nas redes sociais, internauta chegou a classificar o ato como “homofóbico”.

“Mais uma vez o Colégio Recanto do Espírito Santo aqui em Itaúna- MG ensinando como besteira. Será que eles sabem que homofobia é crime?”, indagou um internauta.

A escola

O Colégio Recanto do Espírito Santo é mantido pela Associação Recanto do Espírito Santo. No site, a instituição se apresenta com o slogan “educar na verdade e no caminho para a vida”.

Criada no final de 2018, a escola diz que o fundador foi “provocado pelas mudanças sociais e educacionais; pelas perdas dos valores religiosos, espirituais, éticos, morais, e principalmente, por consequência, a fragilização das famílias”.

Afirma ainda que o intuito é “contribuir com a educação das crianças e jovens, proporcionando um ensino sem ideologias e sem relativismos levando os educandos à busca e ao conhecimento da verdade perene”.

Até o fechamento desta matéria, a direção do colégio não havia se manifestado. Em contato telefônico foi solicitado que um e-mail fosse enviado com a demanda. Porém, não houve retorno. Tão logo a demanda seja respondida, esta reportagem será atualizada.

Outra polêmica

Em junho do ano passado, o colégio também provocou reação de internautas ao responsabilizar as mulheres por serem estupradas em uma postagem feita no Instagram.

"Quando a mulher decide expor partes do corpo que deveriam estar cobertas se torna uma sedutora, partilhando assim a culpa do homem. De fato, os teólogos ensinam que o pecado da sedutora é muito maior que o da pessoa seduzida", postou na época.

A postagem foi apagada e os comentários desativados em todos os posts. Um pedido de desculpas também foi publicado dizendo que foi uma publicação "indevida" por quem administra as redes sociais e que apesar de concordar com a "modéstia de se vestir", a questão deixou margem para interpretações que não são do colégio.

*Amanda Quintiliano especial para o Estado de Minas