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Servidores da Subsecretaria de Formação denunciam assédio moral por parte de gestão

Situação que se arrasta desde 2020, segundo informantes, a relação dos formadores da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação com a gestão do órgão piora com publicação de edital "caça às bruxas"

Os profissionais da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação foram surpreendidos nesta sexta-feira (3), com a publicação do edital de processo seletivo do órgão. Segundo relatos, nenhum deles havia sido informado que precisariam passar por nova prova. No entanto, a situação dos formadores e gestores não ficou ruim com a publicação, mas se arrasta dessa forma desde o começo de 2020. Com medo de represália, entrevistados preferiram não ser identificados.

Segundo um dos representantes, Eduardo Pinheiro (nome fictício), desde quando o posto de subsecretaria era de Hélvia Paranaguá, atual secretária de Educação, a situação não é amigável.

“Na gestão dela não havia comunicação”, arremata o servidor. “Formamos uma comissão para cobrar mais transparência, diálogo e organização", completa. Segundo Eduardo, em 2020, não havia planejamento prévio do ano letivo de 2021, e houve a tentativa de pleitear a organização com a então subsecretária.

Responsável por preparar todos os professores da rede de ensino pública do Distrito Federal, a antiga Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação (Eape), atual Subsecretaria, tem profissionais que atuaram e atuam diretamente com a preparação de educadores para o ensino remoto que ocorreu na pandemia.

Além disso, outros tópicos são abordados nos cursos de formação disponibilizados gratuitamente, entre eles como lidar com ferramentas de educação, a exemplo a plataforma Moodle, e como tratar e lidar com racismo, machismo e homofobia dentro das salas de aula.

Com o retorno às aulas presenciais, primeiramente no formato híbrido, depois totalmente presencial, alguns formadores que se mostraram contrários às maneiras de condução do órgão foram devolvidos às regionais de ensino. “Eram pessoas combativas, e tudo leva a crer que foi uma perseguição ideológica. Todos os que eram assiduamente mais críticos foram devolvidos”, conta.

Representante da categoria, o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) tentou reverter e “esteve sempre presente defendendo os formadores e professores”, segundo Eduardo. O resultado que veio da negociação foi a promessa de que nenhum formador seria devolvido ao seu antigo posto.
Nesta sexta-feira (3/12), no entanto, sem nenhum aviso aos servidores que fazem parte do quadro de funcionários, foi publicado o edital com processo seletivo para o órgão. “Foi a gota d’água”, desabafa Eduardo. Segundo seu relato, há diversos pontos de incongruência no edital, um deles é o de que se os formadores da Eape não passarem no processo seletivo, não haverá a possibilidade de se movimentar para outra lotação.

“Na análise de currículo, o servidor que tem cargo comissionado pontua mais do que o professor que tem tempo de regência de classe”, explica Eduardo. Além disso, há a exigência de experiência de cinco anos no curso que se pretende lecionar, porém há cursos que não têm sequer dois anos de existência.

“Esse edital é um caça às bruxas, foi a maneira que eles encontraram de fazer uma limpa nos formadores que estão incomodando eles”, analisa o representante.

Outro servidor, Giovane Lucas Sampaio (nome fictício), diz que “com a entrada dessa nova subsecretária a gente percebeu uma uma guinada autoritária”. Ele assume uma perseguição da subsecretaria em questão, Maria das Graças de Paula.

Segundo ele, desde que os servidores começaram a se reunir presencialmente para discutir ações, houve a ordem de que voltassem a trabalhar em home office. “Isso foi para que a gente não pudesse se encontrar, para que a gente não pudesse se reunir, para que a gente não pudesse ter a força coletiva”, argumenta.

“A gente tem um grupo de WhatsApp, e em um certo dia a gente começou a fazer umas discussões e começamos a questionar o gerente. O gerente foi e fechou o grupo, fechou. Virou um uma lista de transmissão”, diz.

Segundo Giovane, os servidores recebiam comunicados e informes oficiais por meio de WhatsApp, nos quais eram informados os horários de trabalho. “A gente está construindo a matriz pedagógica da escola de formação e fomos simplesmente preteridos, fomos excluídos desse processo”, relata.

As pessoas escolhidas para a construção dessa matriz “foram escolhidas à dedo”, de acordo com o servidor. Para ele, isso é uma “falsa democracia”, uma vez que nenhuma pessoa contrária ao pensamento deles não foi escolhida. A conclusão feita por Giovane é de que está havendo um desmonte da subsecretaria por meio de “silenciamento, ameaças sutis e assédio moral”.

Procurada pelo Correio Braziliense, a Secretaria de Educação não se manifestou até a publicação desta matéria.