Um dos cargos mais importantes numa escola, que também traz uma grande responsabilidade, é o do diretor escolar. Nesta sexta-feira (12), comemora-se a data especial em celebração aos profissionais que gerenciam e auxiliam uma escola a moldar novos profissionais e grandes seres humanos para a vida. O papel deles é fundamental, e foi ainda mais essencial durante a pandemia. Diretores, assim como professores, precisaram fazer um malabarismo para dar conta da nova demanda de ensino on-line.
Com isso em mente, a diretora Alice Macera, do Centro Educacional 619 de Samambaia tem trabalhado para que os estudantes possam se manter nos estudos e ainda alcançarem o sonho da universidade. “Nós estamos trabalhando para fazer o resgate dos alunos que pela pandemia ou outras situações, acabaram não conseguindo acompanhar o ritmo da escola. Nosso principal projeto é trazer esses alunos de volta e fazer com que eles possam estudar e que possam melhorar a parte pedagógica que estão com defasagem”, explica.
A gestora está atuando na escola há cinco anos e, desde então, tem trabalhado, junto aos professores e servidores, para que a escola esteja dentro dos moldes adequados para os alunos, seja na área pedagógica, na estrutura ou na segurança. “É gratificante quando um ex-aluno vem à escola e diz obrigado, Alice, estou numa faculdade graças ao seu apoio e dos professores. Aqui nós trabalhamos em conjunto, nosso coletivo trabalha junto e como uma família, sempre torcendo para que nós possamos levar esses estudantes para um futuro brilhante”, ressalta.
Para a educadora, o trabalho em conjunto da gestão, dos professores e dos servidores trouxeram a possibilidade de enfrentar o período de pandemia e poder ajudar os estudantes que estiveram longe da escola. “Um passo por vez, trabalhando junto a Secretaria de Educação e a Regional, conseguimos auxiliar esses estudantes na busca ativa para trazê-los de volta à escola e atender quem tinha necessidade”.
Alice pretende manter o trabalho de apoio aos estudantes no próximo ano, enquanto ainda está na direção. “Tudo isso eu faço por amor, é o que eu gosto de fazer e é para isso que eu me levanto e vou para o trabalho”, ressalta.
De aluno a diretor
Marcos Acléssio foi ex-aluno do Centro de Ensino Médio 02 de Brazlândia e agora atua como diretor da escola, visando levar outros estudantes à universidade. “Desde que passei a trabalhar na escola senti essa necessidade de motivar os estudantes e fazê-los acreditar que a universidade pública também é para eles”, diz.
O gestor conta que uma das ações da escola é o Projeto de Redação, que visa ensinar os estudantes através da leitura e reescrita de textos. “O projeto contempla todas as áreas do conhecimento, e por isso, todas as disciplinas ofertadas na escola abraçam a ação, que tem melhorado consideravelmente ao longo dos anos, diminuindo a evasão escolar e aumentando a taxa de aprovados nos exames para universidades", conta.
Atuando como diretor desde o começo do ano, Marcos também fez parte da gestão nos anos anteriores e por isso, conhecia a necessidade da comunidade escolar que passa pela situação de vulnerabilidade social. “A educação ao nosso ver é uma ferramenta importante para mudar esse cenário, fazendo a diferença em uma família. Por isso nossa escola tenta acolher os estudantes de maneira digna, mostrando a eles as possibilidades que eles podem ter através da educação”, afirma.
A educação contra a violência
Getúlio Cruz, diretor do Centro de Ensino Médio Integrado (Cemi) do Cruzeiro há seis anos, acredita que por meio da educação e da arte os estudantes podem se encontrar. “Assim que comecei a trabalhar na gestão de escolas, encontrei um índice alto de violência e bullying dentro das instituições e por isso, desenvolvi um projeto chamado Teatro na Escola, para que os estudantes fossem resgatados dessas situações de violência, carência e drogas, assim, revertendo a situação”, detalha.
Para o diretor, a criação de um espaço escolar onde os alunos possam participar ativamente de projetos educacionais é a chave para um futuro promissor. Além do projeto de teatro, a escola também conta com projetos de química, biologia e o clube de robótica, que reforçam a importância do estudante dentro da pesquisa. “Na nossa gestão nós conversamos, criamos projetos e colocamos o estudante como o grande foco pois o aluno é a parte mais interessada e que mais merece ser desenvolvida. A escola é uma parte fundamental na vida”.
Durante a pandemia, a escola buscou ajudar os estudantes que não tinham equipamentos e nem condições de participar das aulas online através de doações de aparelhos, além de utilizar materiais impressos para encaixar o trabalho pedagógico. “Fizemos o que pudemos e hoje posso dizer que a nossa escola foi vencedora nesse sentido”, afirma.
“Nosso foco é mostrar que não se forma uma nação sem a educação e sem a cultura. Por isso, nossa preocupação é reverter essa imagem que os governantes deixaram de que isso não é importante”, reforçou.
O coletivo em favor do desenvolvimento
Em Planaltina, o diretor da escola Caic Assis Chateaubriand, Luiz Claudio Campos, tem trabalhado junto ao corpo docente para trazer um ambiente escolar seguro e agradável para os estudantes. “O uso das verbas é focado não só nos recursos pedagógicos para melhoria no desenvolvimento educacional como também nos quesitos físicos, trazendo uma tranquilidade maior para os estudantes que passam 5h por dia nesse ambiente”, conta.
Para Luiz, a gestão escolar vai além de mandar e dirigir o ambiente, também é necessário o diálogo. Segundo ele, é preciso conversar com cada servidor, cada um dos pais e comunidade que fazem parte da escola, entender as necessidades para que possa continuar cuidando desse patrimônio.
Os projetos desenvolvidos na escola são voltados para educação, reciclagem e cuidado do meio ambiente, alimentação saudável e entendimento social, e, segundo o diretor, tudo isso é possível por meio dos recursos reservados para a educação. “Para que isso continue, é preciso que nosso governo valorize mais a educação, seja financeira ou salarial. Existe muito amor no meu trabalho e na educação e para que isso continue, é preciso que o governo valorize mais essa área, seja em apoio financeiro ou salarial, para que os professores e os gestores possam ter um cuidado maior e um trabalho melhor com os estudantes que vêm de famílias carentes e que precisam da educação”, afirma.
Homenagem
A plataforma educacional Khan Academy pensou em uma forma de homenagear os diretores e separou quatro que aparecem nos cinemas e seus ensinamentos:
Diretora Powers (Lynda Carter) em Super Escola de Hérois
Na escola para jovens com superpoderes, a personagem administra todo o ambiente. Ela tem o papel de mediar as desavenças entre Will Stronghold (filho dos poderosos heróis Comandante e Super Jato) e o anti-herói Guerren Paz (filho de um super vilão) que parece ter caráter duvidoso. Em sua sala que neutraliza poderes, a Diretora Powers incentiva um diálogo de resolução de problemas entre os dois personagens. Powers mostra que o diretor da escola também trabalha como um mediador de conflitos.
Diretora Rosalie (Joan Cusack) em Escola de Rock
A Diretora Rosalie é responsável por manter o criativo professor Dewey dentro da realidade, sem retirar a sua individualidade. Ela explica para o professor que o local é tido como a melhor escola elementar do estado e a forma como se atém à reputação através de um código de conduta, contando que para assuntos disciplinares, o professor deve pedir para que os alunos conversem com ela. A figura é um bom exemplo de como o diretor de escola conduz também um papel administrativo.
Diretora Kingsley (Natasha Richardson) em Garota Mimada
No filme, somos apresentados à Poppy Moore, uma adolescente que no início parece ávida para criar problemas, com o decorrer da narrativa, notamos que a jovem é doce e está passando por algumas situações típicas da idade. A Diretora Kingsley é responsável por mostrar alternativas para Poppy, entregando a ela até mesmo um livro para auxiliar no momento. Ela também dá mais uma chance para a jovem e procura entender melhor os desdobramentos ao longo da trama sem fazer julgamentos de valor. A personagem é um bom exemplo de como um diretor de escola deve também pensar no lado socioemocional dos estudantes.
Diretor Ron Duvall (Tim Meadows) em Meninas Malvadas
Durante o longa-metragem, é possível observar diversas situações de bullying, criação de estereótipos e divisão de alunos. Após uma ocorrência que envolve a escola inteira, o Diretor Duvall convoca a turma para um diálogo no ginásio dizendo que as jovens da escola precisam de uma mudança de atitude. Ao manter as estudantes na quadra, ele procura consertar a maneira que elas se relacionam, uma por uma. A atitude do diretor demonstra que muitas vezes esta figura precisa saber o momento de agir e atuar como solucionador de problemas, utilizando de sua empatia para auxiliar as turmas.
O diretor de escola une habilidades técnicas e humanas para tornar o ambiente escolar saudável e acessível a todos e é por isso que a comemoração é realizada anualmente como forma de homenagear esses personagens essenciais no nicho educacional.
*Sob a supervisão da subeditora Ana Luisa Araujo