Na volta das aulas 100% presenciais na rede pública de ensino, nesta quarta-feira (3/11), pais de alunos que chegavam ao Jardim de Infância 04, no Gama, tinham opinião dividida sobre o retorno ao modelo totalmente presencial das aulas.
Gilson de Oliveira Santos, 40 anoa, deixou o filho Carlos Eduardo, 6, que estava ansioso para a volta à escola. "Acho que esse modelo faz a diferença porque ele vai poder aprender mais. Em casa, ele não vê muito os amigos como aqui. Ele faz amizade com facilidade. Ele me disse queria ver os colegas dele", diz o pai da criança ao chegar a pé na escola.
Por outro lado, a artesã Ana Santana, 40, acredita que a filha, Giovana Santana Alkimin, 4, não precisava voltar a esse modelo neste momento por estar próxima de fechar o ano letivo. "Não sou a favor por ser só um mês. Se fosse antes, teria um aproveitamento melhor. Acho que não havia necessidade por isso. Não tenho preocupação com o vírus porque a gente tem que voltar à vida normal, mas já que retornou, porque foi com o horário reduzido? Se eu tiver que fazer uma atividade na rua, me atrapalha", crítica a mãe de Giovana. As aulas irão terminar às 11h15.
Distanciamento
A secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, comemorou a retomada durante visita ao Jardim de Infância. A chefe da pasta discorda do posicionamento do Sinpro contra o retorno nesse modelo de ensino. O sindicato acredita que há salas com pouca ventilação e espaço pequeno para realização das aulas. Segundo Hélvia, a quase totalidade das salas de aula têm 48m².
"Isso significa se você tiver 30 alunos dentro, tem 1,20m de distanciamento entre um e outro. Os casos de salas que, porventura, têm uma situação muito ruim serão tratados separadamente. A excepcionalidade será tratada como excepcionalidade", argumenta a secretária.
Hélvia crê que os casos de covid-19 na rede pública são proporcionalmente baixos em relação aos números gerais. "A escola é o ambiente mais seguro. Ninguém está sem máscara. Se você estiver dentro de casa, ninguém usa máscara, ninguém acorda verificando a temperatura corporal. No ambiente escolar isso é feito rotineiramente", destaca.
A diretora do Jardim de Infância 04, do Gama, Vera Lucia, 49, acredita que esse retorno vai fazer "uma grande diferença na educação infantil, principalmente pela socialização dos nossos pequenos. É um espaço lúdico, mas, neste momento de pandemia, precisam respeitar o distanciamento. Não temos cadeiras enfileiradas. Eles precisam estar olhando um para o outro. Dentro da sala de aula, a gente tem o conhecimento didático. Então podemos explorar mais deles", opina Vera.
A decisão de retomar com o ensino totalmente presencial neste dia 3 de novembro foi confirmada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) ao Correio na última sexta-feira (22/10).
Segundo o governador, o avanço da vacinação contra a covid-19 pesou para a decisão. "Avanço da vacinação e as baixas taxas de transmissão", explicou. Um dia antes, na quinta-feira (21/10), a secretária Hélvia Paranaguá havia anunciado a decisão de abandonar o ensino híbrido na capital federal.
Oposição
No último sábado (30/10), o Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), em protesto contra a volta total das atividades presenciais nas escolas públicas do DF, anunciou que não haveria aula nos colégios nesta quarta-feira (3/11), data do retorno. O sindicato ainda convocou um ato.
À reportagem, o diretor do Sinpro-DF, Samuel Fernandes, afirma que a entidade é contra o retorno 100% presencial dos alunos porque os professores estão trabalhando no regime 100% presencial desde o início do semestre, em agosto.
"O governo, dessa maneira, faltando tão pouco tempo para terminar o ano letivo, coloca a vida de toda a comunidade escolar em risco. As salas de aula são pequenas, não há condição de manter o distanciamento seguro", argumenta o sindicalista.
Samuel sugere que o ideal é o retorno no próximo ano. "Até lá, professores tomam dose de reforço e alunos são vacinados na sua totalidade", opina.