Um colégio cívico-militar do Distrito Federal, o CED 1 da Estrutural (CED 1), tornou-se o centro de uma polêmica entre docentes e militares. Imagens que ilustravam a Polícia Militar com atitudes racistas foram expostas no mural da unidade como uma ação especial para o Dia da Consciência Negra. As ilustrações foram feitas por alunos. Segundo Luciana Pain, 40 anos, vice-diretora do CED 1, a direção militar do colégio pediu que as imagens fossem retiradas e ela se recusou. As imagens viralizaram nas redes sociais e geraram polêmica.
O caso começou na última sexta-feira (19/11), quando os alunos do CED 1 posicionaram os cartazes. Entre os painéis há imagens que valorizam a cultura africana e tirinhas que abordam o preconceito racial. Segundo Luciana, as imagens abordavam assuntos relacionados à negritude e não passaram por nenhum tipo de manipulação. Porém, as ilustrações que tratavam policiais como racistas e com símbolos nazistas teriam desagradado um agente que trabalhava na unidade. Ele procurou o diretor-disciplinar da escola. "Ele (o diretor) me chamou e pediu que eu retirasse a imagem. Eu disse que não faria isso e ele falou que teria que reportar aos superiores", conta Luciana.
Depois desse episódio, as imagens foram publicadas nas redes sociais e viralizaram e desagradaram alguns representantes da categoria. Em nota, a Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal (ASOF/PMDF) repudiou as imagens. "A exposição não traz um debate enriquecedor", considera.
Segundo Luciana, a intenção não era promover um ataque. "Não estamos contra a polícia. A polícia melhorou muito nosso trabalho dentro da escola, mas não podemos aceitar esse tipo de interferência. Vamos usar a questão como uma oportunidade para tratarmos o tema em sala de aula", comenta.
Apesar disso, a vice-diretora conta que há um processo interno contra ela na Corregedoria da Secretaria de Educação. "Estou tranquila porque sei que não cometi nenhum crime", completa. Até o momento, tanto Luciana quanto os painéis seguem no CED 1.
Em nota, a Secretaria de Educação informou que considera "preocupante o fato de um estudante ter a imagem das Forças de Segurança associada ao racismo ou ao nazismo e acha importante que o tema seja debatido durante o processo pedagógico." Já a Secretaria de Segurança Pública assegura que essa não é a realidade da Polícia Militar do Distrito Federal. As duas secretarias afirmam que vão aprofundar a parceria em prol da educação pública, ampliando os espaços de diálogo com estudantes, pais, professores e gestores.
A reportagem procurou a Polícia Militar do DF, mas, até a atualização mais recente, não obteve respostas. O espaço segue aberto.