RECORDE

Escolas públicas têm 136 medalhistas na Olimpíada de Astronomia e Astronáutica

Escola Classe 64 da Ceilândia teve 21 medalhistas na 24ª edição do concurso, ao todo, no DF, 737 estudantes receberam medalhas

Millena Gomes*
postado em 01/11/2021 17:49 / atualizado em 01/11/2021 22:49
 (crédito: RF Studio/Divulgação)
(crédito: RF Studio/Divulgação)

De pequenos brilhantes a grandes talentos, a 24ª edição da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) reuniu jovens e crianças de escolas particulares e públicas de todo o Brasil. O concurso, promovido pela Sociedade Astronômica Brasileira (SBA), Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, recebeu, nesta edição, 900 mil inscrições. No Distrito Federal, mais de 700 estudantes receberam medalhas, 136 foram de escolas públicas.

Mesmo em meio à pandemia, onde alguns estudantes não estão tendo aulas 100% presenciais, a OBA bateu seu recorde de inscrições desde a primeira edição. Aqui, no Distrito Federal, 737 estudantes da rede pública e particular dos níveis fundamental e médio foram medalhistas na prova, realizada em fase única, em maio deste ano, de forma remota e presencial.

As escolas públicas receberam 136 medalhistas. A professora Carla Oliveira atua na Sala De Recursos De Altas Habilidades da Escola Classe 64 de Ceilândia na OBA desde 2008. Ela conta que sempre tem alunos com interesse na área de astronomia e astronáutica, e que achou a proposta das olimpíadas interessante e acreditou ser uma excelente oportunidade para os estudantes.

“Como os estudantes da Sala de recursos ficaram muito empolgados, percebi que seria bacana ampliar essa oportunidade para outros interessados da escola e resolvi envolver toda a escola. No início foi difícil, poucos professores toparam a ideia”, explica a educadora.

Ao longo dos anos, a parceria com os pais e engajamento dos professores foi aumentando e, hoje, os resultados atuais são maiores que o esperado. Apenas na Escola Classe 64, 21 estudantes inscritos ganharam medalhas. Foram oito medalhas de ouro, oito de prata e cinco de bronze, distribuídas entre estudantes de 7 e 18 anos, do primeiro ano do ensino fundamental ao último ano do ensino médio. A prova é formada por sete questões de astronomia e três de astronáutica. A maioria das questões é de raciocínio lógico. As medalhas são distribuídas conforme a pontuação obtida por cada nível.

Nessa escola, nenhum estudante foi selecionado para a Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica e Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica de 2022. Mas isso não é motivo de tristeza para os estudantes e para a professora. “Estudantes de outras escolas que não promovem a OBA, nos procuram para se inscrever. Hoje, a OBA é um evento presente em nosso calendário escolar, faz parte do nosso projeto pedagógico. Isso me fortalece a cada ano, mesmo com as dificuldades durante a pandemia, não deixo eles desanimarem”, conclui a professora Carla, Ela também presta auxílio didático para a prova virtual, além de apoio na correção das provas.

A olimpíada é dividida em quatro fases, onde as três primeiras são para alunos do ensino fundamental e a última para alunos do ensino médio. Os melhores classificados na OBA representam o país nas olimpíadas Internacional de Astronomia e Astrofísica e Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica de 2022. E os participantes dessa edição ainda vão concorrer a vagas nas Jornadas Espaciais, que ocorrem em São José dos Campos (SP), onde os participantes recebem material didático e assistem a palestras de especialistas.

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O pequeno Murilo Marques, 10 anos, estuda na Escola Classe 21 de Ceilândia, e participou da OBA neste ano. Inscrito na Escola Classe 64, da mesma região, o menino recebe acompanhamento na instituição na Sala de Recurso de Altas Habilidades. Mesmo com pouca idade, Murilo é bem decidido sobre o seu futuro profissional e conta o motivo pelo qual ele participa da OBA: “O que me inspirou a participar da olimpíada é que, desde pequeno, eu sou apaixonado pelo espaço. Eu sempre ia, e ainda vou, em sites de ciência para ver localização de asteróide, planetas, um monte de coisa". O garoto ainda conta que, quando crescer, quer ser astronauta, inspirado por Marcos Pontes, o únco brasileiro a ir ao espaço.

Com medalha de bronze, nesta edição, Murilo também foi medalhista em 2019, recebendo prata. A mãe dele, Danielle Marques, diz que “ele pretende, sim, continuar fazendo, é algo que a gente percebe que ele se sente estimulado em participar, é um assunto do interesse dele então ele gosta bastante. E a gente fica muito feliz, né?”

Segundo o coordenador da OBA, o professor e astrônomo Dr. João Canalle, a olimpíada tem como missão debater e compartilhar práticas pedagógicas voltadas a essas disciplinas, além de divulgar o valor dessa ciência em âmbito nacional. “Queremos levar a maior quantidade de informações sobre as ciências espaciais para a sala de aula, despertando o interesse nos jovens e promovendo a disseminação dos conhecimentos básicos de forma lúdica e cooperativa entre professores e alunos, além de mantê-los atualizados”, reforça.

Em 24 anos de existência, a OBA, maior olimpíada científica do país, já superou a marca dos 12 milhões de participantes e distribui anualmente cerca de 50 mil medalhas. A edição de 2020 contou com mais de 440 mil inscritos.

Mostra Brasileira de Foguetes

Organizada pela OBA, a 15ª Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG) avalia a capacidade dos estudantes de construir e lançar, o mais longe possível, foguetes feitos de garrafa pet, de tubo de papel ou de canudo de refrigerante. Realizada tradicionalmente nas escolas, contará, assim como foi no ano passado, com a opção online, que possibilita o desenvolvimento e lançamento de foguete virtual por meio de uma plataforma.

A MOBFOG tem quatro níveis e é voltada para alunos dos ensinos fundamental e médio de escolas públicas e particulares de todas as regiões do país. Os foguetes devem ser elaborados e lançados individualmente ou em equipe. Após o dia 28 de maio (data da prova da OBA), a escola deverá informar os alcances dos foguetes junto aos os nomes dos participantes previamente inscritos. No final, todos, incluindo professores e diretores, recebem um certificado e os estudantes que alcançarem os melhores resultados receberão medalhas. Os resultados serão obtidos por meio das distâncias medidas ao longo da horizontal entre a base de lançamento e o local de chegada dos foguetes.

*Sob a supervisão da subeditora Ana Luisa Araujo

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