O professor de matemática Greiton Toledo de Azevedo, 31 anos, é o único finalista brasileiro no Global Teacher Prize 2021, prêmio internacional conhecido como “Nobel da Educação” e concedido pela Varkey Foundation em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A iniciativa do educador do Instituto Federal de Goiás (IF) consiste em desenvolver o pensamento matemático em estudantes da Educação Básica, de modo a incentivar a criatividade, a autonomia e a criação de invenções cientifico-tecnológicas de baixo custo em prol da sociedade. Assim, por meio dessas metodologias ativas de aprendizagem, os alunos assumem a posição de pesquisadores e de inventores, deixando de apenas receber informações prontas a serem reproduzidas.
Em entrevista ao Eu,estudante, Greiton contou que busca tornar a sala de aula um espaço para “debater ideias, construir teorias provisórias e materiais criativos e cientifico-tecnológicos de forma engajada e priorizando a socialização”. Assim, são motivadas as percepções e os conhecimentos prévios dos alunos, bem como as discussões coletivas, de pesquisa e de argumentação matemática. “A hierarquia procedimental conteúdo-exemplo-exercícios é rompida nessa concepção, dando lugar à investigação e à curiosidade a partir da experimentação do aluno”, afirmou.
O Mattics, projeto que saiu do papel em 2015, tem como proposta incentivar o questionamento, a reflexão e o trabalho criativo científico e tecnológico para além dos muros da escola. Dessa maneira, os conteúdos curriculares são trabalhados de forma a manter um nível crescente de dificuldade e a estimular os estudantes a pensar os conteúdos de modo mais intuitivo do que formal, por meio da produção de jogos e dispositivos de robótica destinados ao tratamento do Parkinson – uma doença sem cura que, se combinada com medicamentos e sessões de terapia, onde se inserem as atividades desenvolvidas no Mattics, pode ter os efeitos minimizados.
Além de buscar o diálogo com a Educação do futuro, a iniciativa está em consonância com as ideias defendidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que tem como objetivo incentivar o envelhecimento saudável do idoso e trazer contribuições à qualidade de vida deles. Assim, por meio do projeto, os estudantes realizam intervenções em hospitais e interagem com os idosos, mediados pelas suas construções e acompanhados por profissionais da área da saúde, ajudando no retardamento da doença. “Ao interagir com diferentes profissionais e estudantes, os alunos aprendem a ser solidários, a lidar com as frustrações, o medo e o egoísmo; enfim, vencer os desafios da vida.”, disse. “Todo o conhecimento mobilizado ao longo dos dias letivos tem uma grande finalidade: impactar a comunidade local, sobretudo aqueles que tanto carecem de ajuda, atenção, amor, respeito e cuidado”.
O educador revelou, também, a felicidade em representar o Brasil entre os 50 finalistas do Global Teacher Prize 2021 e em colocar em pauta a escola pública e o ensino da matemática. Além disso, destacou que a maior satisfação está sendo realizar um trabalho que impacta vidas de pessoas com doenças sérias e que faz alunos deixarem o sentimento de aversão e de incapacidade pela matemática: “O prêmio não é a essência; a gente não fez o trabalho para ganhar um prêmio, a gente fez o trabalho para mudar vidas de pessoas”
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá