Hora de testar

postado em 24/10/2021 06:25
 (crédito: Editoria de Arte)
(crédito: Editoria de Arte)

Para o mestre em educação Vicente Falcão, os cursos profissionalizantes são uma forma de o estudante do ensino médio se conhecer e testar as áreas que pode ter interesse em seguir — seja no ensino superior, seja sem uma graduação. O importante é entender que a última etapa da educação básica é uma boa hora de testar caminhos.

“Com a abertura no currículo do Novo Ensino Médio, o governo federal está, de certa forma, provocando os alunos a terem experiência para irem se conhecendo e saber o que querem — e o que não querem de jeito nenhum. Dessa forma, eles saberão como escolher de forma correta”, explica Vicente. “A oportunidade de fazer cursos é incentivar os filhos a se tornarem mais criativos, empreendedores e cidadãos mais complexos.”

A diretora acadêmica do grupo educacional Santillana, Eny Muniz, concorda e afirma que, apesar de pais terem receio de que um curso ‘tire o foco’ do filho quanto ao ingresso no ensino superior, a oportunidade só tem boas contrapartidas.

“A resposta para quem pergunta sobre ensino médio e cursos, para mim, sempre foi ‘e por que não?’. É muito bom o aluno ter um contato com um curso de fotografia, que o ajuda a ter um quê de profissão, de entender o que é uma carreira; além de despertar habilidades para ver se quer continuar com aquilo para a vida”, conta.

Para além das habilidades técnicas e profissionais, o diretor do Cebrac Jefferson Vendrametto, que recebe vários estudantes do ensino médio nas unidades espalhadas pelo país, vê o profissionalizante como um caminho para o jovem encontrar, também, maturidade emocional. “No curso, ele passará por várias experiências para ajudá-lo a entender qual carreira quer. A formação ajuda a gerar diretrizes e perceber o que ele gosta, a amadurecer quem é”, pontua.

Para Jefferson, mesmo que o pai não queira que o filho trabalhe ou faça um estágio no ensino médio, o curso o ajuda a desenvolver habilidades e o emocional, a partir das práticas, da interação social, dos desafios propostos. “Por isso, acredito ser uma ótima forma de investir um tempo do ensino médio em uma formação do tipo”, declara.

Mente aberta


Com muitas vantagens, pais e alunos podem escolher juntos os cursos profissionalizantes de interesse. No entanto, Vicente Falcão alerta que é preciso que os responsáveis pelos alunos abram a mente e compreendam as novas áreas profissionais disponíveis no mercado e que os filhos possam se interessar.

O especialista conta que, antes de conhecer o campo da educação e seguir nele, o que chama de “sua verdadeira paixão”, passou por um período na faculdade de direito para agradar ao pai. “Eu não queria, mas também não sabia se não queria mesmo. Tentei seguir, mas, no sexto semestre, não conseguia mais ir para a faculdade. Perdi três anos da minha vida porque meu pai achava que o certo, o ideal, era ser um profissional do judiciário, como outros da família’, conta.

“Mas não precisa ser assim. Hoje, temos um futuro pela frente em que muitas profissões, inclusive, não existirão mais. Por isso, os pais devem entender que há outras carreiras, como a de criador de games, que estão em alta, com muita procura e são vantajosas financeiramente”, aconselha.

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