As redes sociais são uma realidade no cotidiano dos adolescentes. Em plataformas como o Tik Tok, cerca de 49% dos usuários têm 13 anos — idade mínima permitida. Esses aplicativos de interação e entretenimento chegaram para ficar. E cabe aos pais orientar os filhos quanto ao uso desses aplicativos, com diálogo e conscientização, por meio de acordos firmados entre eles.
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“Os pais devem estar atentos ao tempo de permanência na internet, à frequência de uso, aos horários estabelecidos, aos sites ou a grupos permitidos. Também orientar a jamais fornecer dados pessoais e da família, desconfiar de pessoas que conhecem apenas virtualmente e não aceitar convites de pessoas desconhecidas”, orienta a psicopedagoga Márcia Maria Santos.
Carla Cristie França, professora da Universidade Católica de Brasília e doutora em psicologia, acrescenta que os pais devem estar cientes dos riscos da exposição na internet. “Danos psíquicos, transtornos alimentares, cyber-bullying e assédio sexual que o ingresso precoce pode ocasionar”, enumera.
Lucyanna Rodrigues, mãe de João Paulo, 12 anos, e Gabriel, 10, acompanha o dia a dia dos filhos nas redes sociais, principalmente do mais velho, que usa Tik Tok e WhatsApp. Ela ressalta que estabelece uma conversa franca com eles sobre os perigos e os limites de estar nas redes. Além disso, utiliza o serviço “Controle dos pais”, do Google, que ajuda a gerenciar horários, aplicativos e contas. Com a ferramenta, é possível restringir as buscas on-line das crianças ou bloquear o celular.
Lucyanna tem acesso à senha do filho e conta que o combinado com João Paulo, que tem celular, é usá-lo duas horas por dia e três horas nos fins de semana. “A pandemia mudou tudo. Vimos a necessidade de flexibilizar o tempo de uso para que eles pudessem ter um convívio on-line.” A mãe ressalta que considera o videogame uma rede social, pois o caçula interage com os colegas por lá, e o acordo entre eles é o uso pela manhã ou depois das aulas.
Boa ferramenta
Por outro lado, as redes sociais podem ser uma importante ferramenta de educação. Para a professora Carla Cristie, trabalhar em redes é fundamental. “Elas podem ser usadas a partir da criação de grupos restritos, exclusivos para o desenvolvimento de atividades pedagógicas.”
Entre as competências exigidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), está a promoção da alfabetização e o letramento digital, tornando acessíveis tecnologias e informações dos meios digitais. “Durante a pandemia, foi possível realizar algumas atividades no Facebook, no Padlet, no Moodle, entre outros ambientes virtuais, que exigiram dos estudantes o exercício da autonomia, do protagonismo”, pontua.
Em Belém (PA), a professora Maria de Nazaré Rocha desenvolveu o projeto Do contexto crio uma biografia, no qual o WhatsApp foi usado para trabalhar, com alunos do 2° ao 5° ano, a biografia como gênero literário. Os estudantes gravaram vídeos falando o nome, a idade e outras informações pessoais. A partir daí, a educadora explicou os conceitos da estrutura do texto desse gênero. Depois, os estudantes foram estimulados a pesquisar a biografia de pessoas importantes e que davam nome às ruas onde moravam.
Gina Vieira Ponte, professora da educação básica da Secretaria de Educação do DF, conta que inseriu as redes sociais em sua vida quando recebeu uma provocação de estudantes: “Que paia, professora, você não tem Orkut?!”. A partir daí, começou a usá-las como ferramenta para se aproximar dos alunos. “Se as redes sociais são importantes para eles, eu preciso me aproximar delas para que façam parte da minha prática pedagógica. Se esta é a língua que eles falam, eu também preciso falar”, pensou.
Depois veio o Facebook e, em 2014, Gina criou o projeto Mulheres inspiradoras, desenvolvido no Centro de Ensino Fundamental 12, em Ceilândia. “Não adianta perguntar quanto tempo eles dedicam às redes, porque eles nunca se desconectam de fato. Estar conectado é um imperativo, é uma imposição de um mundo profundamente tecnológico”, ressalta.
Parte do projeto foi um estudo de caso sobre o uso consciente, ético e seguro das redes sociais. A professora convidou os alunos do 9° ano para produzir vídeos e documentários orientando os mais jovens a fazerem bom uso das redes. Além disso, os alunos estudaram a biografia de 10 mulheres, como Anne Frank, Malala Yousafza e Carolina Maria de Jesus. Por fim, tiveram que escolher uma mulher inspiradora da vida deles e fazer uma biografia.
Na segunda edição do Mulheres inspiradoras, em 2015, a professora propôs debates entre os alunos sobre violações de direitos, crimes contra a honra, uso indevido de imagens e violência virtual contra mulheres. “Os conflitos que tinham início nas redes sociais transbordavam na escola. Mas a escola seguia agindo como se aquilo não lhe dissesse respeito”, salienta.
Para a professora Semíramis Lourenço, do colégio Everest, as redes sociais, de fato, podem ser usadas como ferramenta para trabalhar criticidade e análise com os alunos. “Para um debate, podemos escolher um tema e pontos de vistas diferentes, localizados nas redes”, conta. A educadora ressalta que as orientações aos alunos quanto ao uso delas é um trabalho conjunto entre a escola e as famílias.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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