Samuel Vicente, de 17 anos, não sabia que não retornaria para casa no último sábado (25/9) quando deixou o bairro em que mora, em São Gonçalo (RJ), para ir em uma festa com a namorada, Camily da Silva Apolinário. Os policiais militares contaram que atiraram e mataram Samuel e o padrasto, Ricardo de Albuquerque.O estudante da escola da Polícia Militar de São Gonçalo é acusado de atacar agentes e estar armado na hora do assassinato. As informações são do G1.
O fato ocorreu horas depois da saída de Samuel e Camily de casa. Os dois estavam a caminho da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque, para que Camily fosse atendida após se sentir mal e desmaiar na festa.
Quem levava o casal era o padrasto de Samuel, Willian Vasconcellos, que guiava uma moto com os dois na garupa. Próximo à UPA, os três foram baleados pela Polícia Militar (PM). Samuel e Willian não resistiram aos ferimentos e morreram. Camily ainda está internada no Hospital Carlos Chagas.
De acordo com a PM, os homens atacaram agentes que faziam patrulhamento na região. Os policiais ainda afirmaram que Samuel e o padrasto estavam com duas pistolas, carregadores, munições, um conversor para submetralhadora, dois rádios e material entorpecente.
A família negou a versão da polícia. Para os familiares, os três foram surpreendidos por uma equipe de policiais que atiraram antes de abordá-los. Além de Samuel, Camily e Willian, uma quarta pessoa também foi atingida e levada ao hospital.
A mãe de Samuel, Sônia Bonfim Vicente, lamenta o assassinato e afirma que o filho desejava se tornar policial. “O sonho dele era ser militar e usar farda. Queria tanto usar a farda que ela acabou matando eles”, disse ao G1.
O porta-voz da PM, tenente-coronel Ivan Blaz afirmou que as armas utilizadas pelos policiais militares foram apreendidas pela Polícia Civil e serão periciadas. A corregedoria da Polícia Militar também investiga o caso.
A tragédia tem cor: 78% dos mortos pela polícia no Brasil são negros
A morte de Samuel Vicente entra em uma inaceitável estatística. De acordo com o Anuário de Segurança Pública 2021, 78,9% dos mortos pela polícia em 2020 eram negros. O ano passado também foi o com maior número de mortes: 6.416 pessoas morreram por pessoas que usavam farda. É um aumento de 190% do número registrado em 2013, ano da primeira publicação do Anuário, feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
O Rio de Janeiro, estado em que Samuel e o padrasto foram mortos, é o primeiro no ranking de mortes. Foram 1.245 pessoas assassinadas pela polícia em 2020.
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