O retorno presencial das escolas públicas do Distrito Federal tem causado intenso debate entre pais, profissionais da educação e da saúde. Até agora, estudantes da educação infantil e do ensino fundamental, bem como de Jovens e Adultos (EJA), voltaram às atividades em sala de aula. No entanto, ao menos nove colégios tiveram de adiar a retomada completa ou parcialmente, por causa de casos da covid-19 (leia Lista). O levantamento é do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF), que destaca haver medo por parte da categoria, devido ao avanço da variante Delta.
O Correio entrou em contato com gestores das instituições listadas pelo sindicato e conseguiu posicionamento sobre cinco das nove. Uma delas é a Escola Classe (EC) 415 de Samambaia Norte, que teve uma professora infectada pelo novo coronavírus antes do início das atividades presenciais. “A detecção foi na quinta-feira, por isso, ela não voltou (ao colégio). Está com sintomas leves e em quarentena. Como não tivemos outro caso, hoje (ontem), retornamos com as aulas (ontem), como planejado. A única turma que continua no remoto, até o dia 19, é a dessa professora”, explica a diretora Josefa Lopes Nicácio. “Mas tivemos uma volta considerável dos alunos. Ficamos surpresos e felizes com o retorno”, acrescenta.
Outros dois colégios são o Centro de Ensino Infantil (CEI) do Riacho Fundo 2 e a EC 2 do Riacho Fundo 1. “Na EC 2, uma professora que esteve presente nos três dias de planejamento pedagógico fez o teste, mas (o resultado) deu negativo. No entanto, ela estava com pneumonia, e os médicos alertaram que todos os sintomas eram de infecção por covid-19. Depois da internação dela, conseguimos testes para os profissionais que tiveram contato com a educadora. Nenhuma outra pessoa testou positivo, e, na segunda-feira, voltaremos com as atividades presenciais. Exceto para os alunos dessa professora, que voltarão no dia 19”, detalha Ana Maria Alves, coordenadora da Regional de Ensino do Núcleo Bandeirante.
Na CEI do Riacho Fundo 2, duas professoras e uma secretária testaram positivo, segundo Ana Maria Alves. “Por isso, voltamos ao ensino remoto. Nas duas escolas (do Riacho Fundo 1 e 2), fizemos a desinfecção dos ambientes, e elas estão preparadas para receber os alunos. Seguimos todos os protocolos de segurança estabelecidos pela Secretaria (de Educação): temos totens, termômetros e máscaras de emergência, caso algum aluno suje ou perca a que tiver”, comenta a coordenadora.
Em relação às demais instituições de ensino, a SEDF informou, em nota, que tem registrado casos suspeitos e confirmados da covid-19 junto à Secretaria de Saúde. “Os casos são encaminhados para a unidade básica de saúde mais próxima da escola ou da residência (do paciente). Os sintomáticos são imediatamente isolados e encaminhados para avaliação médica. Em caso de resultado negativo, são orientados a retornar às atividades escolares. Em caso de positivo, os contatos próximos também são isolados e monitorados pela Secretaria de Saúde”, comunicou a pasta.
Desafios
Para Alexandre Veloso, presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF), aos poucos, os pais ficam mais confiantes pelo regresso dos filhos às salas de aula. “Temos relatos de algumas que começaram com três ou quatro alunos e, agora, atingiram 12 ou 13 de volta ao ensino presencial. Sabemos que a situação exige cuidado, mas, também, entendemos que esse retorno é importante. À medida que o tempo passa e a comunidade sente confiança de que tudo está organizado, temos maior adesão. Considero importante entendermos que esse cenário de algumas escolas fecharem por um tempo será recorrente até o fim do ano. Por isso, a importância da autonomia de cada uma delas para avaliar a própria situação”, pontua.
Cleber Soares, diretor do Sinpro-DF, lembra que algumas salas lidam com falta de ventilação adequada. “Muitas não têm uma ventilação tão boa. Além disso, entre as séries que retornaram estão as iniciais da educação infantil, e um dos problemas relatados pelas escolas é de que as máscaras são grandes para os rostos das crianças. Outro problema é que o governo não definiu um protocolo detalhado do que fazer em cada caso. Existem, sim, direcionamentos gerais, mas faltam posicionamentos mais claros sobre cada situação vivenciada pelas escolas”, avalia.
Lista
Escolas públicas com casos confirmados de covid-19 no Distrito Federal
» EC 102 Sul;
» EC 8 do Cruzeiro*;
» EC 415 de Samambaia;
» EC 100 de Santa Maria;
» CEI do Riacho Fundo 2;
» EC 2 do Riacho Fundo 1;
» Jardim de Infância 308 Sul;
» Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) Unesco, em São Sebastião;
» Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) Benedito Carlos, em Brazlândia.
* Em contato com a EC8 do Cruzeiro na quinta-feira (12/8), a direção se resumiu a dizer que não confirmava nem negava. Nesta sexta-feira (13/8), o Sinpro fez contato com a reportagem e informou que a direção da unidade de ensino justificou o retorno presencial devido a problemas na infraestrutura da instituição.
Fonte: Sinpro-DF