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CORONAVÍRUS

Sindicatos aprovam envio de informes sobre casos de covid-19 em escolas do DF

Portaria publicada nessa segunda-feira (7/6) no Diário Oficial do Distrito Federal prevê que casos suspeitos e confirmados em colégios particulares devem ser informados ao Executivo local

Após quase nove meses de discussões, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) passará a produzir boletins epidemiológicos sobre casos suspeitos e confirmados de contágio pela covid-19 nas escolas particulares. Uma portaria da pasta, publicada nessa segunda-feira (7/6) no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), obriga as instituições de ensino privadas a informar todos os registros detectados desde 27 de agosto.

O banco de dados com registros de todos os estudantes e profissionais será usado para respaldar a tomada de decisões pelas autoridades quanto às políticas para o setor em meio à pandemia. A plataforma para preenchimento dos dados ficará disponível a partir de 17 de junho, e as informações serão atualizadas semanalmente.

“Felizmente e embora com atraso, parece que vai ser feito. Com o boletim, podemos saber o grau de contaminação de profissionais da educação e da comunidade escolar”, avalia Trajano Jardim, diretor do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares (Sinproep-DF). A entidade calcula que, até o momento, 14 educadores morreram por causa do novo coronavírus. Trajano considera ainda que o decreto sobre a autorização da retomada de atividades presenciais deveria ter previsto a confecção do boletim desde a publicação.

Presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe), Ana Elisa Dumont argumenta que essa será uma “forma adequada de monitorar os casos”, necessária para definir medidas sanitárias. Ela destaca que, enquanto no ano passado a procura pelo modelo presencial foi pequena — cerca de 20% dos estudantes matriculados retornaram aos colégios —, o percentual subiu para 70% recentemente.

Desde setembro, os professores reivindicam junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) a elaboração de um boletim específico sobre o setor, além da vacinação dos profissionais da educação — o que só começou em 21 de maio. Com a chegada de uma remessa de 74.250 doses, a imunização de quem atua em creches públicas e privadas, além de gestores desses estabelecimentos, foi retomada na semana passada. Esse grupo é o único público-alvo da categoria definido até agora.

Os primeiros atendidos são gestores da rede pública — por estarem em trabalho presencial desde o início da pandemia —, assim como profissionais de creches privadas e da SEEDF. Depois, devem ser vacinados profissionais da educação infantil; da pré-escola; dos anos iniciais do ensino fundamental; das séries finais do mesmo nível; do ensino médio; e, por fim, do superior. A convocação é feita das áreas mais vulneráveis para as de menos risco e das escolas com maior número de estudantes para as com menos público.

As atividades presenciais nas instituições privadas voltaram em setembro, mesmo sem vacinação, após uma disputa judicial. Em novembro, a professora de química Camila Velame, 32 anos, contraiu a doença. “Na volta (às aulas), eu tinha ficado muito apreensiva. Não sabia como ia ser”, relata. “Acabou que não consigo saber como peguei. Bateu aquele medo do pior. Não sabemos o que pode acontecer, mesmo entre jovens sem comorbidades”, completa.

Até segunda-feira (7/6), 5.419 trabalhadores da educação, das redes pública e privada, receberam ao menos uma das doses, e 63 tomaram o reforço. Por enquanto, não há previsão de ampliação para os profissionais dos demais níveis de ensino. Na mesma data, com mais 877 confirmações, o Distrito Federal chegou a 411.964 casos de covid-19. A média móvel desses registros teve queda de 4,34% em relação ao verificado 14 dias antes. Quanto às mortes, houve 26 novas vítimas. Com isso, o total de óbitos subiu para 8.826, mas a média móvel teve queda de 16,58% na comparação com a de 24 de maio.