Educação

OEI lança prêmio ibero-americano de educação em direitos humanos

Primeira ganhadora do prêmio internacional foi a professora Gina Vieira, de Ceilândia, com projeto de empoderamento feminino. As inscrições vão até 31 de julho

Gabriella Castro*
postado em 17/03/2021 18:57 / atualizado em 17/03/2021 19:45
 (crédito: Reprodução / OEI)
(crédito: Reprodução / OEI)

A Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI) e a Fundação SM lançaram uma nova edição do Prêmio de Educação em Direitos Humanos Oscar Arnulfo Romero. Para participar, as instituições podem se inscrever até 31 de julho pelo site da OEI.


A fim de conscientizar a respeito do papel educacional na inclusão e na atuação valores e direitos humanos, o prêmio visa reconhecer instituições com projetos exemplares nessas áreas de atuação. Neste ano, ganham destaque as iniciativas voltadas para defesa do direito à saúde e enfrentamento da covid-19.


Iniciativas podem concorrer em duas categorias. A categoria educação formal,que contempla instituições de ensino, e educação não formal, para organizações da sociedade civil.


Na última edição, em 2019, os dois vencedores da etapa nacional foram projetos destinados à inclusão de deficientes auditivos. No ensino formal, quem levou o prêmio foi a iniciativa "Mãos que falam", desenvolvido pelo Centro de Educação Infantil Municipal Aquarela de Chapecó (SC). A TV INES, primeira TV da América Latina e única do Brasil que oferece programação com atenção aos públicos surdos e ouvintes de forma integrada, ganhou na segunda categoria.


Coordenada pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), a TV saiu do ar no último domingo (14).


Canonizado em 2018, Óscar Arnulfo Romero dá nome ao prêmio. O sacerdote de El Salvador dava assistência a grupos mais vulneráveis, como doentes, crianças e população carcerária. Dom Romero foi assassinado enquanto celebrava uma missa na capela do Hospital da Divina Providência, na capital de El Salvador. Na época, o país vivia uma ditadura.

 


Professora da Ceilândia foi a primeira ganhadora do prêmio 


Docente na subsecretaria de formação dos profissionais da educação do DF, Gina Vieira, 49 anos, foi a primeira ganhadora do prêmio internacional, em 2015. O projeto Mulheres Inspiradoras, iniciado na Ceilândia, é hoje implementado no Distrito Federal e em escolas municipais de Campo Grande (MS).


“O projeto mostra que é possível uma educação comprometida que garanta ao sujeito o direito de aprender, mas que, a partir disso, transforme a sociedade”, afirma a professora. “O projeto começou quando eu percebi que precisava ressignificar minha prática e me dei conta de que a gente tinha uma escola muito autoritária”.


Gina afirma que, após a implementação do projeto, fez com que os estudantes participassem mais das discussões. “Para aprender, eu preciso me sentir parte e para me sentir parte eu não posso ser reduzido a espectador”, explica. Ela ainda afirma que a iniciativa fez com que eles se atentassem mais a questões sociais. “É dessa educação que a gente precisa, de uma educação que forme sujeitos inconformados com as desigualdades, com as injustiças, com as violações de direitos”.

 

Professora Gina Vieira Ponte foi a primeira vencedora do prêmio internacional
Professora Gina Vieira Ponte foi a primeira vencedora do prêmio internacional (foto: Tainá Frota Fotografia)


Segundo a docente, a onda de conservadorismo tem dificultado os debates sobre direitos humanos. “No fim das contas quando alguém se declara conservador, essa pessoa está dizendo que se conforma que nossas estruturas como estão, porque a nossa base histórica é injusta”, declara.


Ela ainda explica que trabalhar questões humanitárias em sala de aula não é algo facultativo. “Existem documentos que determinam que nosso trabalho esteja alinhado a uma agenda em direitos humanos” ressalta.

 
Saiba mais sobre a premiação


O Prêmio de Educação é dividido em duas fases. Podem participar iniciativas de 22 países ibero-americanos. São eles: Andorra, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Porto Rico, República Dominicana e Uruguai.


Na fase nacional, um júri selecionará duas experiências vencedoras, uma em cada categoria, para cada país participante. As iniciativas ganhadoras na primeira fase terão o direito de competir na fase internacional, que selecionará as quatro melhores iniciativas ibero-americanas.


Na fase internacional, cada premiado recebe 5 mil dólares para investir nas iniciativas. A premiação será realizada em um ato especial durante o IV Seminário Internacional de Educação em Direitos Humanos, cuja data será anunciada nos próximos meses.

 

*Estagiária sob supervisão da editora Ana Sá

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação