O Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF) afirmou que a expectativa de retorno das aulas presenciais de escolas particulares na próxima semana, revelada nesta segunda-feira (1º) a empresários pelo governador Ibaneis Rocha, é resultado de pressão econômica.
“Não tem outra justificativa a não ser pressão econômica de empresários. Se não fosse algo econômico, as aulas do ensino público também voltariam”, afirma. “Escolas particulares funcionam com aulas remotas e nossos alunos têm até mais recursos e condições para acompanharem as aulas do que os de ensino público. Então, não vejo o porquê do retorno”, afirma Rodrigo de Paula, diretor jurídico do Sinproep-DF.
Ele diz que a manifestação de empresários em frente à casa do governador, no domingo (28), mostra apenas a preocupação com lucros. “Em nenhum momento eu os vi reivindicando vacina, que é a maior garantia de prevenção. O governador anunciou o lockdown a partir da fala de autoridades de saúde e é elas que devem ter a palavra final”, pontua.
“Não é uma manifestação de meia dúzia de empresários que nem nas escolas pisam, mas que colocam professores e alunos em perigo, que deve definir o que abrirá”, complementa. Para Rodrigo, o lockdown é necessário para amenizar a situação precária de hospitais que atendem a pacientes com o vírus.
“Neste momento, a saúde está acima de tudo e achamos que é necessário o lockdown e o avanço da imunização. Temos UTI superlotadas e a escola movimenta muita gente e movimenta o transporte público também”, diz Rodrigo.
Sinepe-DF afirma que irá conscientizar escolas para cumprimento de protocolos de biossegurança
O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF) estava representado na reunião dos empresários com o governador.
“Segundo o governador, ele está trabalhando para disponibilizar novos leitos de UTI e, a partir da análise do cenário, existe a expectativa de reabertura das escolas na próxima semana”, confirma a presidente do Sinepe-DF, Ana Elisa Dumont.
Ana também diz que o governador solicitou que o sindicato orientasse pais e responsáveis a evitarem aglomerações. “O governador nos pediu para orientarmos a todos que realmente evitem circular quando for desnecessário”, revela.
Agora, o sindicato atuará para conscientizar escolas a cumprirem os protocolos de biossegurança contra a covid-19. “Nos colocamos à disposição para trabalharmos juntos na orientação da comunidade escolar para combatermos esse vírus e conseguirmos atuar no desenvolvimento dos alunos”, diz.
Superlotação de salas e recuo em acordo com Sinproep para cumprir protocolos aflige professores
Apesar de o Sinepe-DF se posicionar a favor da conscientização de escolas particulares, as instituições de ensino têm falhado na proteção da comunidade escolar. É o que afirma o Sinproep-DF. Os professores confirmam denúncias de superlotação de salas antes do lockdown decretado pelo governador.
“Nós tivemos escolas de renome com 40 alunos em sala de aula. Isso é inadimissível”, revela Rodrigo, do Sinproep. O sindicato afirma que o Sinepe-DF não renovou o acordo de cumprimento de protocolos de segurança feito pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em setembro de 2020.
“O Sinepe-DF não quis assinar o protocolo que afirma que diminuiria o número de alunos na escola. Em 9 de março teremos audiência no MPT para discutir os protocolos e pediremos a assinatura”, conta. “Nossa prioridade é que quando houver o retorno, o distanciamento seja respeitado”, afirma.
Nas últimas duas semanas, o Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF) notificou 36 escolas por não adotarem medidas para evitar a contaminação dos professores, alunos e da comunidade escolar. A maioria das denúncias ocorreu em unidades da Asa Sul, Taguatinga e Gama.
Na ocasião, o Sinepe-DF afirmou que a força-tarefa feita pela Vigilância Sanitária, diferente da fiscalização do Sinproep-DF, notificou menos de 2% das instituições de ensino particular.
*Estagiária sob supervisão da editora Ana Sá