PANDEMIA

Sinproep critica possível reabertura das escolas na próxima semana

Sindicato das escolas particulares se reuniu com governador Ibaneis Rocha e confirma que o chefe do executivo pode reabrir instituições de ensino na próxima semana

Talita de Souza*
postado em 01/03/2021 20:15 / atualizado em 02/03/2021 00:21
 (crédito: Sinproep/Reprodução)
(crédito: Sinproep/Reprodução)

O Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF) afirmou que a expectativa de retorno das aulas presenciais de escolas particulares na próxima semana, revelada nesta segunda-feira (1º) a empresários pelo governador Ibaneis Rocha, é resultado de pressão econômica.

“Não tem outra justificativa a não ser pressão econômica de empresários. Se não fosse algo econômico, as aulas do ensino público também voltariam”, afirma. “Escolas particulares funcionam com aulas remotas e nossos alunos têm até mais recursos e condições para acompanharem as aulas do que os de ensino público. Então, não vejo o porquê do retorno”, afirma Rodrigo de Paula, diretor jurídico do Sinproep-DF.

Ele diz que a manifestação de empresários em frente à casa do governador, no domingo (28), mostra apenas a preocupação com lucros. “Em nenhum momento eu os vi reivindicando vacina, que é a maior garantia de prevenção. O governador anunciou o lockdown a partir da fala de autoridades de saúde e é elas que devem ter a palavra final”, pontua.

“Não é uma manifestação de meia dúzia de empresários que nem nas escolas pisam, mas que colocam professores e alunos em perigo, que deve definir o que abrirá”, complementa. Para Rodrigo, o lockdown é necessário para amenizar a situação precária de hospitais que atendem a pacientes com o vírus.

“Neste momento, a saúde está acima de tudo e achamos que é necessário o lockdown e o avanço da imunização. Temos UTI superlotadas e a escola movimenta muita gente e movimenta o transporte público também”, diz Rodrigo.

Sinepe-DF afirma que irá conscientizar escolas para cumprimento de protocolos de biossegurança

O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF) estava representado na reunião dos empresários com o governador. 

“Segundo o governador, ele está trabalhando para disponibilizar novos leitos de UTI e, a partir da análise do cenário, existe a expectativa de reabertura das escolas na próxima semana”, confirma a presidente do Sinepe-DF, Ana Elisa Dumont. 

Ana também diz que o governador solicitou que o sindicato orientasse pais e responsáveis a evitarem aglomerações. “O governador nos pediu para orientarmos a todos que realmente evitem circular quando for desnecessário”, revela.

Agora, o sindicato atuará para conscientizar escolas a cumprirem os protocolos de biossegurança contra a covid-19. “Nos colocamos à disposição para trabalharmos juntos na orientação da comunidade escolar para combatermos esse vírus e conseguirmos atuar no desenvolvimento dos alunos”, diz.

Superlotação de salas e recuo em acordo com Sinproep para cumprir protocolos aflige professores

Apesar de o Sinepe-DF se posicionar a favor da conscientização de escolas particulares, as instituições de ensino têm falhado na proteção da comunidade escolar. É o que afirma o Sinproep-DF. Os professores confirmam denúncias de superlotação de salas antes do lockdown decretado pelo governador.

“Nós tivemos escolas de renome com 40 alunos em sala de aula. Isso é inadimissível”, revela Rodrigo, do Sinproep. O sindicato afirma que o Sinepe-DF não renovou o acordo de cumprimento de protocolos de segurança feito pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em setembro de 2020.

“O Sinepe-DF não quis assinar o protocolo que afirma que diminuiria o número de alunos na escola. Em 9 de março teremos audiência no MPT para discutir os protocolos e pediremos a assinatura”, conta. “Nossa prioridade é que quando houver o retorno, o distanciamento seja respeitado”, afirma.

Nas últimas duas semanas, o Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF) notificou 36 escolas por não adotarem medidas para evitar a contaminação dos professores, alunos e da comunidade escolar. A maioria das denúncias ocorreu em unidades da Asa Sul, Taguatinga e Gama.

Na ocasião, o Sinepe-DF afirmou que a força-tarefa feita pela Vigilância Sanitária, diferente da fiscalização do Sinproep-DF, notificou menos de 2% das instituições de ensino particular.

*Estagiária sob supervisão da editora Ana Sá

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