Eu, Estudante

VOLTA ÀS AULAS

Ensino fundamental 2 volta às escolas particulares nesta segunda (19)

Seguindo o cronograma de retorno, começa nesta semana a segunda fase de retomada das aulas presenciais da rede particular de ensino do Distrito Federal

A partir desta segunda-feira (19/10), está autorizado o retorno do ensino fundamental 2 na rede particular de ensino do Distrito Federal. Essa categoria da educação básica engloba alunos do 6° ao 9° ano. O retorno é opcional. Enquanto muitos alunos se preparam para voltar, outro optaram por continuar com o ensino remoto.

Desde 21 de setembro, as escolas estavam autorizadas a receber alunos da educação infantil e do 1° ao 5° anos do ensino fundamental. Estudantes do ensino médio, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e do ensino profissional poderão voltar aos colégios em 26 de outubro.

Até o momento, com a retomada da educação infantil e do ensino fundamental 1, o Sinepe-DF (Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito) verificou três casos de contágio por covid-19. Já o Sinproep (Sindicato dos Professores em Estabelecimento Particulares de Ensino) verificou 10 professores infectados.

Mais 12 mil alunos nas salas

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), Álvaro Domingues, destaca que aproximadamente 45 mil alunos frequentam o ensino fundamental 2 e que não devem retornar presencialmente mais que 12 mil estudantes.

Para o dia 26, quando estará autorizado o retorno do ensino médio e do ensino profissional, Álvaro prevê que retornem de 8 mil a 9 mil alunos. Segundo Álvaro, “as escolas estão dando uma lição de competência ao implementar protocolos de profilaxia, gerando um espaço de segurança tanto nos colégios quanto nas residências ou outros espaços frequentados pelas famílias”.

Retomada fiscalizada

Arquivo Pessoal - O diretor jurídico do Sinproep, Rodrigo de Paula, avalia que o período de retomada foi positivo e que as escolas têm cumprido o protocolo

Apesar de um total de 10 professores contaminados por covid-19, o diretor jurídico do Sindicato dos Professores em Estabelecimento Particulares de Ensino (Sinproep), Rodrigo de Paula, avalia a retomada positivamente: “a maior parte das escolas têm cumprido o protocolo”. O que não equivale a relaxar: o sindicato continuará monitorando o cumprimento das regras, além de receber denúncias de professores, pais e alunos.

O sindicato calcula que 20% dos alunos voltaram às salas de aula na primeira fase da retomada. “Para o ensino fundamental 2, também achamos que não haverá o retorno de muitos estudantes, até por ser um segmento que tem funcionado bem no ensino remoto”, pontua. 

Voltar ou não?

Arquivo Pessoal - A aluna do 9° ano do ensino fundamental Isadora Pelegrini Orlando, 15 anos, decidiu voltar ao colégio

A aluna do 9° ano do ensino fundamental Isadora Pelegrini Orlando, 15 anos, retornará à escola nesta segunda-feira (19/10). A decisão foi tomada, após conversa com os pais, a fim de conseguir ter maior foco nas aulas. “Todos do grupo de risco ficarão em casa, todos que retornarem estarão de máscara e sempre com uma reserva, haverá higienização com álcool em gel, as carteiras estarão a dois metros de distância e haverá revezamento entre os segmentos”, lista Isadora as normas de segurança. Apesar de acreditar que o colégio está tomando todas as medidas necessárias, ela sabe que existem perigos envolvidos. 

Arquivo Pessoal - Gabrielle Luigi Andrade Corrêa, 14, aluna do 9º ano, continuará no ensino remoto

A estudante do 9° ano Gabrielle Luigi Andrade Corrêa, 14, não retornará à sala de aula presencial. A estudante decidiu, em consenso com a família, continuar em casa assistindo às sessões remotas para priorizar a saúde. A maior preocupação da família é com possíveis casos de alunos assintomáticos que não sabem que são transmissores. “Quando as aulas presenciais voltarem, ao mesmo tempo que os alunos voltarão a conviver com colegas, professores e funcionários, eles também passarão a conviver com um sentimento de angústia e medo com relação ao risco de levar o vírus para a escola ou de pegar o vírus na escola”, pondera a estudante.

Transparência valorizada

O presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF), Alexandre Veloso, também avalia o retorno positivamente. Ele ressalta que a transparência é uma importante ferramenta no preparo da retomada e na contenção de possíveis contaminações. “O retorno está sendo importante para a gente voltar um pouco à normalidade, para ajudar os pais que têm a necessidade de deixar os filhos para trabalhar e para os alunos que não conseguiram se adaptar ao modelo remoto”, destaca. 

Preparação para um novo segmento

Arquivo Pessoal - O diretor geral do colégio Marista João Paulo II, Marcos Scussel, avalia que a retomada até o momento tem transcorrido de forma bem-sucedida

O diretor geral do colégio Marista João Paulo II, Marcos Scussel, avalia que a retomada tem sido bem-sucedida, sem registro de contágio, para alunos da educação infantil e do ensino fundamental 1. “As crianças estão muito felizes de retornar e não tivemos nenhuma intercorrência séria”, conta. A cada semana, aumenta o número de pais que querem que os filhos retornem à sala de aula.

Em 21 de setembro, quando a retomada da rede particular começou, voltaram a frequentar a escola cerca de 25% dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental. Hoje, esse percentual já chega a 33%. A educação infantil segue o mesmo caminho, retornaram 30% e, agora, o total está em 40%. Na escola, o regresso dos anos finais do ensino fundamental começa na quarta-feira (21/10) e o diretor prevê que a parcela de alunos voltando fique perto de 20%. O horário de entrada de cada segmento educacional será diferenciado, assim como os intervalos.

Professores orientados

Arquivo Pessoal - A professora Shalimar Villar: preparativos são essenciais para voltar com mais tranquilidade à escola

“O retorno às aulas presenciais será um desafio porque tira todo o esquema da aula on-line. Nós estávamos adaptados e vamos para uma nova rotina, em que ficamos receosos de ter contato com outras pessoas”, confessa a professora de matemática Shalimar Villar, 47. Ela diz que o colégio onde trabalha tem oferecido um bom suporte aos docentes, incluindo apoio psicológico e orientações de higiene. Docente do 6º e do 7º ano do Centro Educacional Sigma da Asa Norte, Shalimar recebeu um caderno com regras recomendadas por um infectologista, além de máscaras.

E a rede pública?

O cenário de retomada na rede particular é bem diferente do da rede pública do DF, que deve voltar presencialmente apenas ano que vem. Um cenário que se repete em várias cidades do país. Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Municípios, 3.275 prefeituras acreditam não ser possível retomar as aulas presenciais ainda em 2020.

 

*Estagiário sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa