Pais e responsáveis foram comunicados em reunião virtual, ocorrida na última quinta-feira (8/10), que a unidade EduSesc de Samambaia encerraria as atividades após o término do ano letivo em 21 de dezembro. A instituição enfrenta dificuldades financeiras agravadas pela pandemia, como falta de matrículas de alunos, além da evasão daqueles que não conseguiram se adaptar ao ensino remoto. O comunicado enviado por e-mail deixou os pais surpresos com a decisão do Sesc, pois a escola oferece estruturas e qualidade de ensino para a região de Samambaia, a segunda região administrativa (RA) mais populosa do Distrito Federal.
A instituição faz parte da rede EduSesc, que mantém outras unidades em Taguatinga, Ceilândia e Gama. O Sesc afirmou,em nota, que a decisão partiu de uma série de conversas e decisões para solucionar os problemas provenientes da crise. “O EduSesc Samambaia tem baixa receita há anos devido a evasão de alunos e, de modo geral, não tem conseguido preencher com seu alunado, a capacidade máxima instalada, gerando significativo volume de investimentos e pequeno retorno para a sociedade, uma vez que há um baixo índice de adesão ao serviço”, explica o Sesc.
Para a mãe e professora Ani Cátia Giotto, a RA precisa de instituições com qualidade de ensino, como o Edusesc Samambaia oferece, e o baixo retorno se deu por falta de divulgação. “O número de matrícula poderia ser ampliado e fechar a unidade sem divulgação de todos os benefícios presentes mostra-se como um erro. Não ocorreu divulgação ampla sobre a disponibilidade de vagas e sobre o ensino remoto para a comunidade de Samambaia”, relata a bióloga. “Fechar a unidade deixará parte da população desamparada em relação a esse aspecto.”
O EduSesc dispões de professores e monitores dedicados no ensino a educação infantil, além da disponibilização de nutricionista para acompanhamento das crianças e projetos extracurriculares como dança e futebol, para alunos, pais e comunidade. A escola também oferece preços de matrícula com custo abaixo do mercado, além de possibilidade de bolsas de estudo para famílias de baixa renda, como é o caso da filha de 5 anos de Marcelo Pereira.
A criança estuda na unidade há dois anos, e Marcelo, assim como outros pais, recebeu a notícia com surpresa e não imaginava que uma escola de qualidade poderia fechar. “Se temos uma unidade em Samambaia de boa estrutura porque precisamos ir para outras unidades onde ficará tudo na contramão para todos os pais?”, questiona o promotor de vendas. “Não estávamos sendo informados das questões financeiras da entidade e fomos pegos de surpresa.”
A qualidade de ensino do EduSesc pode ser percebida no comportamento dos alunos. “Meu filho ficou triste quando falamos que não teria mais aula no EduSesc. Se a criança sente falta da escola, então há um forte indício que o local supera as expectativas”, compartilha a mãe Ani Cátia Giotto.
Dificuldades na pandemia
Em decorrência da pandemia, as dificuldades de adaptação das crianças ao ensino remoto e a questão financeira fizeram com que os pais as tirassem das escolas, o que contribui para a evasão em torno de 50% do quantitativo total de estudantes matriculados. Também houve um corte no repasse da receita por parte do governo para o Sistema S de maio a junho.
Segundo docente do EduSesc que não quis se identificar, todos os professores estavam cientes das dificuldades enfrentadas. Porém, o comunicado de que a escola encerraria suas atividades foi feito na segunda-feira passada. Eles não serão desligados da escola e serão designados para outras unidades caso haja possibilidade de transferência. Contudo, de acordo com o docente, a transferência não é garantida.
Ani Cátia e outros pais entendem a crise pela qual o Brasil está enfrentando, mas ninguém imaginava que a situação se solucionaria com o encerramento das atividades. A unidade de Samambaia,inclusive, se preocupou em preparar pais e os estudantes para a nova forma de ensino remoto este ano.
Após a decisão, a orientação que o Sesc fez foi de os responsáveis buscarem matricular as crianças nas outras unidades do EduSesc. Ani Cátia tem um filho de 5 anos que estuda na unidade de Samambaia desde o início do ano. Para ela, matriculá-lo em outra região administrativa é inviável. “Não pretendo matricular meu filho nas unidades de Taguatinga ou de Ceilândia por causa do trânsito que enfrentaremos nessas regiões. Matriculamos nosso filho no EduSesc Samambaia porque é próximo e,principalmente, por recomendações de conhecidas em relação à excelência na educação e no cuidado com as crianças que vão além do processo de ensino-aprendizagem”, reforça a bióloga.
Como “a esperança é a última que morre”, Ani Cátia juntamente com outros pais se mobilizaram para tentar mudar a situação, pois não querem ter que matricular os filhos em outra escola. “Nós, pais, criamos um grupo para tentar reverter a decisão e evidenciar a necessidade da escola para a região”, pondera.
Até o fechamento desta matéria, o Sesc não informou ao Eu, Estudante os dados referentes ao números de alunos matriculados atualmente, quantidade de professores e funcionários da instituição, o valor da mensalidade, além do orçamento necessário para manter a escola em funcionamento.
*Estagiária sob supervisão da editora Ana Sá