Incentivo à leitura

Projeto da UnB organiza vaquinha para construir biblioteca de escola rural

A ação é promovida por universitários do curso de direito da UnB e vai beneficiar alunos e professores da Escola Municipal Carla Moana Dias Simões, localizada na área rural do Novo Gama (GO)

Isabela Oliveira*
postado em 27/10/2020 15:34 / atualizado em 30/10/2020 14:34
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

O Habeas Liber, projeto de extensão de incentivo à leitura do curso de direito da Universidade de Brasília (UnB), quer ajudar uma escola da zona rural no Nova Gama (GO) a construir uma biblioteca para os alunos. A fim de fomentar a reforma de um espaço já existente na instituição, os extensionistas lançaram uma arrecadação virtual, pelo site Vakinha. Os estudantes têm a expectativa de conseguir o investimento previsto até o fim do ano, para começar a construção da biblioteca em janeiro de 2021.

A futura sala de leitura e lazer da Escola Municipal Carla Moana Dias Simoes contará com novas cadeiras e mesas, instalação de forro, papel de parede, estantes e um projetor de vídeo. A instituição de ensino fica localizada no bairro Vale das Andorinhas, no Setor de Chácaras do município. A maioria dos alunos são de famílias carentes e precisam se deslocar de ônibus escolar, pois moram longe ou em lugar de difícil acesso. “A escola, para muitos dos alunos, é o único lugar de diversão”, conta a professora, Viviane Leandro da Silva Rodrigues, de 38 anos.

Para contribuir, acesse o site da arrecadação, que conta com outras informações e fotos da escola e do projeto. Também é possível doar livros para o Habeas Liber, entrando em contato pelo e-mail habeasliber@gmail.com. Quando o espaço estiver pronto, o projeto de extensão vai lançar nova campanha para arrecadar livros infantis que farão parte da biblioteca da escola Carla Moana. 

 

Angela Machado faz parte do Habeas Liber há um ano e meio e é coordenadora discente do projeto desde o início de 2020
Angela Machado faz parte do Habeas Liber há um ano e meio e é coordenadora discente do projeto desde o início de 2020 (foto: Arquivo pessoal)

 

A coordenadora discente do Habeas Liber, Angela Machado, 32 anos, acredita que a leitura faz muita diferença na vida das pessoas, principalmente daquelas que não têm condições de adquirir um livro. “O acesso a livros é importante na primeira infância, e o nosso projeto está muito engajado em fazer esse nosso sonho acontecer”, diz a estudante do 6º semestre de direito.

“Livro não é feito para ficar parado”

O projeto tem como objetivo fazer a circulação do conhecimento por meio da literatura. Além de ações como seminários, exposições e concursos literários, o Habeas Liber também tem uma estante de livros localizada na Faculdade de Direito (atualmente, não está mais nos corredores da faculdade devido à pandemia). A ideia é que as pessoas façam doações para que os livros sejam disponibilizados e outros estudantes possam pegar e, após leitura, fazer a devolução.

Portanto, o nome do projeto faz referência a essa livre circulação e à ideia de que o livro não pode ficar parado: Habeas Liber deriva da expressão do latim Habeas Librum (tome o livro). Para Angela Machado o principal propósito do projeto é “fazer com que a literatura seja acessível para todos”. Em 2015, quando o projeto surgiu, eram apenas livros jurídicos, mas hoje o catálogo se expandiu para qualquer gênero literário. Durante a pandemia, o Habeas Liber tem feito ações on-line como palestras, eventos e lives e conta com uma equipe de mais de 30 alunos, divididos no Campus Darcy Ribeiro e nos polos Recanto das Emas e Estrutural.

Como forma de agradecimento, Angela Machado pretende sortear uma cesta de ano-novo entre as pessoas que contribuíram na "vaquinha". A devolutiva é também um meio de almejar que o próximo ano seja melhor para o projeto. “A gente espera que 2021 seja melhor e que consigamos realmente sair dessa situação que acabou fazendo com que a gente mudasse nossos planos”, afirma.

Apoio que veio na hora certa

 Da esquerda para a direita: Enivaldo Eurico, Angela Machado, Vallisney de Oliveira, Marly Monsueth e Viviane Leandro da Silva Rodrigues em reunião para firmar a parceria do projeto com a escola
Da esquerda para a direita: Enivaldo Eurico, Angela Machado, Vallisney de Oliveira, Marly Monsueth e Viviane Leandro da Silva Rodrigues em reunião para firmar a parceria do projeto com a escola (foto: Arquivo pessoal)

 

Antes da pandemia, o Habeas Liber firmou parceria com a escola para montagem da biblioteca infantil, mas outros encontros presenciais foram interrompidos devido ao isolamento social. Contudo, essa colaboração se iniciou em 2019, com a indicação de Enivaldo Eurico, morador da comunidade, pai de ex-alunos da escola e que trabalha com o professor orientador do projeto Vallisney de Oliveira. Eurico indicou a escola para receber ações feitas pelo Habeas Liber de incentivo à leitura, por ser uma instituição carente.

A coordenadora da escola, Viviane Rodrigues, se reuniu com Enivaldo, os representantes do Habeas Liber e a diretora da EM Carla Moana da época para definirem ações que seriam executadas. Além de ter ficado feliz com a atitude do pai de ter se lembrado da escola, Viviane celebra a parceria como forma de fomentar ainda mais o processo de revitalização da escola, que tem poucos recursos financeiros. “Essa parceria veio para potencializar a possibilidade do sonho virar realidade, de termos um lugar para nossos alunos lerem e sonharem com um futuro melhor”, ressalta a pedagoga.

Bolsistas do projeto com educadores da escola Carla Moana durante o evento literário de Natal no ano passado
Bolsistas do projeto com educadores da escola Carla Moana durante o evento literário de Natal no ano passado (foto: Arquivo pessoal)

 

O Habeas Liber também organizou o Natal Literário, para os estudantes, com a arrecadação de 300 livros infantis e apresentações natalinas por parte do corpo docente e discente da escola, em 2019. De acordo com Viviane Rodrigues, a ação foi o primeiro passo para que a instituição efetivamente começasse o projeto de ter uma biblioteca e continuar a formação de grandes leitores. “Construímos juntos com nossos alunos uma árvore de natal com livros, os professores ensaiaram com suas turmas canções e peças para apresentarem para recepcionar a todos”, explica a coordenadora. “Os alunos ficaram agradecidos e felizes com o presente que ganharam: um livro.”


*Estagiária sob supervisão da editora Ana Sá

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