Segunda edição da Olimpíada de Educação Financeira será on-line

Tainá Vianna, ao lado da mãe Maricélia, com medalha de prata e certificação da 1ª OBEF - (crédito: Arquivo pessoal)

Em 2017, o Conselho Nacional de Educação (CNE) determinou que a educação financeira fosse implementada no ensino básico, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Apesar de a decisão ter sido decretada há três anos, apenas em 2020 que a orientação passou a ser aplicada. A educação financeira vem para despertar o interesse de crianças e adolescentes no tema, além de desenvolver neles a capacidade de administração das finanças. Seguindo esses princípios, a segunda edição da Olimpíada Brasileira de Educação Financeira (OBEF) ocorrerá em novembro para contemplar o desenvolvimento social de alunos de todo Brasil.

A olimpíada nacional teve a primeira edição no ano passado e é destinada a alunos entre 6 a 17 anos de instituições públicas ou particulares, regularmente matriculados. A OBEF também promove o estudo da alfabetização e educação financeira nas escolas para despertar o interesse em crianças e adolescentes desde cedo. “É uma forma da gente disseminar a educação financeira no Brasil e de tornar os cidadãos mais alfabetizados financeiramente”, observa a professora Ducineli Regis Botelho, coordenadora da olimpíada no DF. “Consequentemente, a gente muda a realidade de um país.”

A OBEF é aplicada em diversas regiões do país e faz parte do projeto “Educação financeira para toda a vida”, desenvolvido pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) há 12 anos. O programa tem parceria com outras 37 universidade e institutos federais, incluindo a Universidade de Brasília (UnB). Sendo assim, cada unidade federativa tem um projeto de extensão que engloba a olimpíada. No caso da UnB, é o Contabilidade Conectada sob orientação da professora Ducineli Regis Botelho.

Devido à estrutura virtual da UFPB, todo o processo se dará pelo site da instituição. Além disso, dentre os objetivos da olimpíada estão quatro Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Para a professora do departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da UnB Ducineli Botelho, trabalhar com os objetivos se fazem necessários para mostrar que a OBEF não é uma competição e sim uma forma de estimular a reflexão nos estudantes. “A olimpíada tem muito mais o objetivo de reflexão e conscientização do que competição. A essência do nosso projeto é nessa linha de motivação e estímulo a esses jovens e adolescentes ao mundo que eles pertencem e que eles vão viver”, assegura a doutora em ciências contábeis pela Universidade de Brasília.

Desemprenho do Distrito Federal

No ano passado, o DF teve 1.573 inscritos de oitos instituições de ensino. Como tudo pôde ocorrer presencialmente, houve uma edição regional e, posteriormente, a nacional. O Distrito Federal teve 33 estudantes contemplados para a etapa final e três medalhistas nacionais. Devido à pandemia, a inscrição não é feita por escola, como era presencialmente, mas sim por alunos ou pais e responsáveis. Por isso, a olimpíada ainda não tem muitos inscritos, mas a expectativa é alcançar pelo menos 600 alunos, um número bem inferior aos mais de 38 mil estudantes que participaram no ano passado.

A estudante Tainá Vianna, 16 anos, participou da primeira edição e foi contemplada com uma medalha de prata. Ela recebe incentivo dentro de casa para aprender sobre o assunto e pôde aprimorar ainda mais os conhecimentos sobre finanças com a olimpíada. "Meu pai é bancário e ele faz questão que eu e minha irmã aprendamos sobre educação financeira para que a gente saiba usar o nosso dinheiro de forma correta”, menciona a estudante do segundo ano do ensino médio do Colégio Militar Dom Pedro II.

A professora Ducineli Botelho ainda reforça a importância dos pais no processo de inscrição e de perceberem que uma boa educação financeira faz a diferença. Durante etapa feita na UnB no ano passado, ela teve a oportunidade de conversar com alguns responsáveis, que por exemplo, pediram para deixar os filhos na universidade durante todo o dia da olimpíada por conta do emprego. “Eu vi que eram pessoas que tinham o conhecimento da necessidade ou tinham o esclarecimento de ver a importância do filho estudar e participar de uma atividade dessa para que o futuro seja diferente”, afirma a coordenadora da OBEF. 

E incentivo é o que não falta. A mãe de Tainá, Maricélia Vianna, 49, conta que oferece mesada às filhas, mas instrui as duas para que usem com responsabilidade. "Enquanto são crianças dizemos a elas: 'Precisam? A gente supre. Vocês querem? Usem a verba que tem'", explica a dona de casa. Maricélia acredita que as crianças precisam aprender a utilizar o dinheiro com equilíbrio.  

Como serão as provas

Os alunos serão divididos em cinco níveis, de acordo com a escolaridade. As provas da olimpíada terão dez questões de múltipla escolha para o nível 1 e 15 para os demais. A aplicação ocorrerá no período de 23 a 27 de novembro, sendo cada dia destinado a um nível de escolaridade. O estudante receberá o link para fazer a prova no e-mail, que foi cadastrado no momento da inscrição, e poderá iniciar o exame a qualquer momento durante o dia, contudo terá no máximo duas horas para finalizar.

O edital com todas as especificações da olimpíada está disponível no site da UFPB. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até 30 de outubro, também pelo site da universidade. O resultado e certificações estão previstos para serem divulgados a partir de 16 de dezembro.

*Estagiária sob supervisão da editora Ana Sá