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Correio em Pernambuco

Exposição Cosmo/Chão marca os 53 anos da Oficina Francisco Brennand

Com curadoria de Gleyce Kelly Heitor e Germano Dushá, a exposição propõe uma reflexão sobre conceitos de natureza, território e cosmologia, além de homenagear os 53 anos da oficina, comemorados nesta segunda-feira (11/11)

A Oficina Francisco Brennand, em Recife, é um espaço onde a arte se revela em todas as suas formas e encantos. É nesse espaço mágico que nasce Cosmo/Chão, uma exposição coletiva que celebra a potência do legado do artista pernambucano Francisco Brennand. A mostra reúne 14 artistas contemporâneos de diversas regiões do Brasil em uma homenagem aos 53 anos da oficina, comemorados nesta segunda-feira (11/11). 

A mostra, que explora os conceitos de território e cosmologias, foi inaugurada nesse sábado (9/11). A exposição propõe três chaves de compreensão para suas obras. Primeiramente, as práticas coletivas, que emergem de processos compartilhados, conectando comunidades e saberes. Em segundo lugar, as práticas contextuais, que refletem ou agem diretamente sobre os lugares e suas histórias, engajando-se com o ambiente e suas materialidades. Por fim, as práticas fabulares, que exploram o potencial narrativo da escultura para criar visões e imaginações de mundos, materializando histórias e espaços fictícios.

Os curadores Gleyce Kelly Heitor e Germano Dushá lideraram a proposta curatorial da exposição, que busca ressignificar o diálogo entre a obra de Brennand e a produção contemporânea. “Cosmo/Chão surge de um convite para pensarmos na escultura como um movimento que conecta o céu e a terra, o visível e o invisível, aquilo que pisamos e sentimos com aquilo que não vemos. Queríamos explorar o território não apenas como espaço físico, mas como algo mais amplo, que conecta pessoas, lugares e saberes transmitidos de geração em geração”, destacou Gleyce.

O lançamento de Cosmo/Chão na Oficina Francisco Brennand atraiu mais de mil visitantes, que puderam admirar uma coleção única de obras criadas especialmente para a exposição. Entre eles, estão Edivânio Lessa (MG), Aislan Pankararu (PE), Castiel Vitorino Brasileiro (ES), ceramistas de Itamatatiua (MA), Celeida Tostes (RJ), Christina Machado (PE), Conceição dos Bugres (RS/MS), Cristiano Lenhardt (RS/PE), Davi de Jesus do Nascimento (MG), Josi (MG), Mestre Guarany (BA), Solange Pessoa (MG), Thiago Martins de Melo (MA) e Tiago Amorim (PE).

Beto Figueiroa - -

Cosmo/Chão

Sobre a escolha do título, Germano Dushá explica que Cosmo/Chão foi pensado para evocar uma reflexão simbólica sobre duas dimensões fundamentais: o que está acima de nós, no cosmo, e o que está sob nossos pés, no chão. Ele comenta: “Essas duas forças, aparentemente opostas, se complementam e ajudam a compreender uma à outra, criando uma base conceitual para a exposição.”

Os curadores enfatizaram que o processo criativo da exposição levou mais de um ano, com pesquisas aprofundadas sobre os conceitos e um esforço de conectar artistas com práticas diversas, alguns já conhecidos e outros com quem desejavam colaborar pela primeira vez.

Eduardo Vanuncio/ CB press - Gleyce Kelly Heitor e Germano Dushá, curadores

Conexões 

Para a visitante Luci de Lima, 43 anos, que tem uma ligação profunda com o espaço, a exposição é um retorno às raízes. “Sou de Recife, mas não moro aqui há muito tempo. Sempre que volto, venho visitar a oficina, que é um lugar onde me encontro. Esta exposição é muito especial, porque ver a obra de outros artistas em diálogo com a visão de Brennand é algo que me toca de forma única. Vim para sentir como essas obras se conectam com a dele, como elas conversam”, afirmou.

Mariana Brennand, presidente do conselho deliberativo da Oficina Francisco Brennand e sobrinha-neta do artista, destacou a importância da data. “Hoje é um dia muito especial para a gente aqui na Oficina Francisco Brennand. Todo 11 de novembro é muito simbólico, porque marca a entrada de Francisco Brennand nesse espaço em 1971. Desde então, essa data tem sido comemorativa e, todos os anos, inauguramos uma nova exposição na academia”, afirmou.

Edivânio Lessa, natural de Lavras Novas, distrito de Ouro Preto (MG), apresenta na exposição Cosmo/Chão, na Oficina Francisco Brennand, uma obra que une arte e tradição. Utilizando materiais como madeira, cerâmica, cipó, feijão e milho, Edivânio faz uma homenagem à comunidade quilombola de Lavras Novas, onde vive e trabalha.

Em meio à grandiosidade da Oficina Francisco Brennand, em Recife, Edivânio reflete sobre o privilégio de ver sua obra entrelaçada ao universo do artista plástico pernambucano. “Brennand não criou apenas um espaço físico, mas um cosmos de significados e emoções. Ser convidado pelo curador Germano Dushá é um presente imenso. Aqui, sinto a energia quase mística desse lugar, como se cada peça, cada detalhe, carregasse um sussurro que ainda estou tentando traduzir.”

Eduardo Vanuncio/ CB press - Edivânio Lessa, artista do distrito de Ouro Preto (MG)

Marcos Baptista, presidente da Oficina Francisco Brennand, enfatiza o esforço do museu para abrir novos olhares sobre o acervo de Brennand. “Nos últimos cinco anos, nosso desafio tem sido despertar, neste espaço, uma abertura de olhares para o rico e diverso acervo do artista pernambucano, em suas múltiplas criações como pintor, desenhista, muralista e escultor. Cada estado abarca diferentes territórios, histórias, origens e subjetividades, o que torna único cada nome presente nesta exposição”, destaca.

A mostra fica em cartaz até setembro de 2025, oferecendo ao público a oportunidade de mergulhar nessa conexão entre o legado de Brennand e a produção contemporânea.

Sobre a oficina

A Oficina Francisco Brennand, um dos maiores e mais importantes centros culturais do Brasil, está situada no Recife, entre a Mata Atlântica e as águas do Rio Capibaribe. Criada em 1971 por Francisco Brennand, o espaço surgiu das ruínas de uma antiga olaria que pertencia à família do artista, localizada no bairro da Várzea. Com uma área de aproximadamente 15 mil metros quadrados, o espaço abriga mais de 3 mil obras do ceramista. 

A Oficina é composta por diversos ambientes, como galerias, pátios, jardins e uma capela, que refletem a fusão entre arte, arquitetura e natureza. Entre os destaques estão o Templo Central, onde são exibidas peças emblemáticas de Brennand, e os jardins projetados por Burle Marx, que interagem com as esculturas do artista e criam um ambiente harmonioso e imersivo. O local também preserva edificações históricas, como a olaria e os ateliês onde o artista trabalhou.

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Serviço

Funcionamento: 9h às 17h (bilheteria aberta até às 16h) de ter. a dom.

Ingressos: R$ 50 (inteira) R$ 25 (meia-entrada)

Para residentes em Pernambuco: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)

Gratuidade para crianças até 5 anos, professores e alunos da Rede Pública, funcionários de museus, guias de turismo. 

Endereço: Propriedade Santos Cosme e Damião - R. Diogo de Vasconcelos, S/N – Várzea

*Estagiário sob supervisão de Marina Rodrigues