Reconhecimento

Brasilienses são destaque do prêmio "Mude o mundo como uma menina"

As adolescentes Mariana Taveira e Isadora Rodrigues concorreram com outras 300 meninas de toda país em premiação que busca incentivar a participação feminina na ciência

Lara Machado*
postado em 15/01/2024 15:56 / atualizado em 15/01/2024 16:00
As brasilienses Mariana Taveira e Isadora Rodrigues foram finalistas do prêmio
As brasilienses Mariana Taveira e Isadora Rodrigues foram finalistas do prêmio "Mude o mundo como uma menina" por seu impacto comunitário em projetos de ciência e tecnologia - (crédito: Arquivo pessoal)

As brasilienses Mariana Vale Taveira e Isadora Rodrigues foram destaques da última edição do prêmio Mude o mundo como uma menina. Mariana foi premiada na categoria mobilizadora e Isadora foi finalista da categoria líder. As jovens concorreram com 300 inscritas de todo país, das quais foram escolhidas apenas 25 vencedoras.

A premiação é uma das iniciativas da plataforma Força Meninas e visa dar visibilidade à atuação de meninas de 13 a 21 anos em projetos comunitários voltados à ciência e tecnologia. São seis categorias individuais do prêmio: criativa, líder, determinada, visionária, pioneira e mobilizadora (disputada apenas por ex-premiadas), além de projetos coletivos na categoria Juntas Somos Força.

As premiadas ganham uma mentoria de nove meses, oferecida por empresas referência em áreas como sustentabilidade e economia criativa, além de um curso de advocacy com certificado do Consulado Geral do Canadá e da Força Meninas.

Equidade

Mariana, moradora do Sudoeste, tem 17 anos e foi premiada pela criação de um programa de mentoria gratuito que incentiva outras meninas a se inscreverem no prêmio. Esta é a segunda vez que a menina leva o prêmio. Em 2022, aos 15 anos, foi vencedora da categoria pioneira por ter descoberto dez asteroides em estudos que realizou junto a professores universitários. A descoberta levou Mariana a condecoração pelo Ministério da Ciência e Inovação. Hoje, ela coordena a cadeira de astronomia de um curso preparatório para olimpíadas científicas na ONG Sem Parar.

A jovem comemora o feito porque “desde que me entrei no mundo da ciência, vi a questão da disparidade de gênero e participei de iniciativas que incentivam meninas a participarem da área, então, significa que estou ajudando na mudança do cenário.”

Já Isadora, moradora do Sol Nascente, de 19 anos, foi uma das finalistas do prêmio na categoria líder por ter sido co-fundadora do aplicativo Todos Pelas Mulheres (TPM), que incentiva mulheres a denunciarem casos de violência doméstica. O título é um trocadilho proposital com a o termo tensão pré-menstrual, para camuflagem e preservação das vítimas de violência.

Segundo ela, a preocupação com a causa feminista vem desde a infância, quando ouvia falas banalizando a importância do movimento social. “Eu fui me aprofundando mais, porque não é só uma luta pelos meus direitos, mas sobre outras mulheres que tiveram de fazer muito mais para que tenhamos esses direitos. Além de ter nascido mulher e ter que carregar fardos da desigualdade de gênero, o que me faz continuar é levar essa luta para frente, incentivando outras mulheres”, diz.

Perspectivas futuras

Concluído o ensino médio, Mariana pretende estudar fora, se inscreveu para 24 universidades norte-americanas e foi aprovada em três delas, por enquanto. “Meu sonho é cursar astrofísica. Estou esperando a resposta de algumas universidades e um dos critérios para o ingresso é o envolvimento com projetos sociais, então, estou confiante”, conta.

Isadora também quer continuar investindo no desenvolvimento do TPM para que ele se torne mais conhecido: “Gostaria de trabalhar com outras delegacias da mulher. O app já tem 30 delegacias parceiras registradas. Além disso, quero expandir o projeto para outros países da América Latina."

Sobre o projeto

A premiação Mude o mundo como uma menina ocorre desde 2019. O projeto visa incentivar o desenvolvimento e a entrada de jovens mulheres em áreas Stem (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática). 

“Não tínhamos muito acesso ao conhecimento antes, mas, com o tempo, as meninas adentraram o campo da ciência, tecnologia e outras áreas, apesar de ainda ser uma inserção pequena em relação aos meninos. Hoje, mais meninas participam da premiação, elas têm um papel crítico sobre a participação delas em sociedade”, defende Deborah de Mari, porta-voz do Força Meninas.

Deborah também reforça a necessidade da premiação alcançar mais mulheres brasileiras, que passam por vulnerabilidades sociais. “O prêmio é uma das iniciativas da Força Meninas para incentivar a participação das meninas de todo o Brasil como agentes de transformação, então é importante que impacte outras meninas.”

*Estagiária sob a supervisão de Priscila Crispi.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação