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Série "Anderson Spider Silva" vence o racismo por nocaute

Produção do Paramount+ revela como família negra brasileira formou o campeão do MMA por meio da educação e da autoestima

Correio Braziliense
postado em 04/12/2023 04:00
Ator Bruno Vinicius vive o jovem adolescente que sonha em ser astro mundial do octódromo -  (crédito: Paramount+/divulgação)
Ator Bruno Vinicius vive o jovem adolescente que sonha em ser astro mundial do octódromo - (crédito: Paramount+/divulgação)
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Não costuma ser assim, mas, desta vez, Tatiana Tibúrcio e Seu Jorge puderam se dedicar exclusivamente à interpretação dos personagens em seu mais recente trabalho, a série “Anderson Spider Silva”.


Como atores negros, na maioria das vezes, além da atuação, eles precisam se preocupar com a forma como seus papéis são criados para evitar a reprodução de estereótipos e de falas racistas.
Na obra que apresenta a vida do lutador, desde a infância em Curitiba até ele se transformar em um dos maiores nomes mundiais do MMA, essa preocupação ficou a cargo de Deborah Medeiros, diretora de diversidade e inclusão, e sua assistente, Delza Santos.


“A presença dessas profissionais é fundamental para nos aliviar dessa função”, diz Tatiana. Trata-se, segundo a atriz com mais de 20 anos de carreira, de uma introdução recente no audiovisual brasileiro. “Enquanto atores negros, antes a gente tinha que ser ator, artista, psicólogo, orientador, palestrante...”
Coube a Deborah e a Delza a revisão do roteiro para que cada cena conseguisse passar a mensagem desejada por Marton Olympio, o criador da série, e pelos roteiristas.


O objetivo foi ressaltar como a base familiar foi importante para Anderson Silva aprender a lidar com o racismo ao mesmo tempo em que lutava por seus objetivos. Isso fica bastante perceptível nos diálogos entre Anderson, na adolescência vivido pelo ator Bruno Vinicius e na fase adulta por William Nascimento, e seus tios Edith e Benedito, personagens interpretados por Tatiana e Seu Jorge.


Em um momento marcante da vida do lutador, quando sua prima Sandra (Jeniffer Dias) é agredida na escola, Anderson expressa sua vontade de deixar o local para revidar o ataque depois. Edith o convence a lidar com a situação de outra forma.


“Atacaram um de nós, Anderson, e, quando isso acontece, atacam a todos. E a gente enfrenta isso como? Fugindo? Não, meu filho. A gente tem que enfrentar isso de frente. Juntos. Porque ninguém nessa família luta só”, diz ela na cena.


“Minha tia sempre foi muito incisiva em nos educar da maneira correta. Ela falava: 'Você é um menino negro que tem todos os direitos que um menino branco tem'. Respeite a todos, mas exija que as pessoas te respeitem”, afirmou o lutador.


“Ela falava com conhecimento de causa. Quando o nosso povo começa a adquirir conhecimento de causa e entender onde é o lugar dele, começa a se portar de maneira diferente.”


Para Tatiana, o sucesso do campeão é resultado direto da base familiar. “Esse sujeito só é o que é porque por causa dos que o cercam. Com todos aqueles que vieram antes dele”, diz.


“Antes, nós (pessoas negras) éramos retratados como se fôssemos filhos de chocadeira. Como se não tivesse ascendência, descendência, um brinquedo artificial, que surgiu do nada. Mas o Anderson tem família, orgulho, retidão, um princípio de dignidade e uma consciência de coletividade.”


A ideia de que o campeão, dono de um cartel de 17 vitórias e 10 defesas de título consecutivas ao longo de uma década no UFC, não luta sozinho é permeada ao longo dos cinco capítulos da série, produzida pela Paramount+ em parceria com a Pródigo Filmes.


O tio Benito o ensina a ter disciplina. “Esse tio acredita na disciplina, acredita na seriedade, acredita no trabalho duro. Ele acredita em Deus, em ser sério no trabalho. E, para aquilo que o Anderson escolheu, ele levou um pouco disso. Ele levou todo o esmero para o trabalho”, explicou Seu Jorge. (Luciano Trindade – Folhapress)

“ANDERSON SPIDER SILVA”
Primeira temporada, com cinco
episódios. Disponível na plataforma Paramount+

 

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