Ancestralidade

Exposição retrata resistência e memória de quilombos do Jequitinhonha

Mostra, que virá a Brasília, evidencia rico acervo de fotos, vídeos e utensílios da cultura tradicional do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais

Eu Estudante
postado em 30/05/2023 17:51 / atualizado em 02/06/2023 16:12
Foto da exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória -  (crédito: Cléber Cardoso Nunes/Divulgação)
Foto da exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória - (crédito: Cléber Cardoso Nunes/Divulgação)

Rico em patrimônio cultural, memória e povo combativo, o Vale do Jequitinhonha tem um legado inestimável de histórias de luta e superação. Grande parte dos municípios foram criados a partir da exploração do ouro e dos escravos trazidos da África para trabalharem na mineração. Com eles, trouxeram o conhecimento aurífero, a força de trabalho e a fé em Nossa Senhora do Rosário, entre outras crenças. Sua devoção e empenho foram fundamentais para o desenvolvimento e ascensão das cidades da região. A Exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória procura resgatar a cultura quilombola por todo estado de Minas Gerais.

Foto da exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória
Foto da exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória (foto: Cléber Cardoso Nunes/Divulgação)

A exposição será aberta em 3 de junho, em Chapada do Norte, e fica em cartaz até o dia 8 de julho de 2023, entre 9h e 17h, de segunda a sábado. Além de um rico acervo de fotos em altíssimo padrão de impressão, vídeos e utensílios da cultura quilombola, como bateia, tambores, vasos de barro e ferro centenários, objetos de trabalho, artesanato e vestimenta, a exposição traz textos informativos e de exaltação a essa população tradicional num espaço especialmente concebido para melhor revelar os costumes, as celebrações, o povo e a imensurável cultura quilombola de toda região.

O projeto prevê uma itinerância que contempla quatro municípios do Vale do Jequitinhonha (além de Chapada do Norte, Minas Novas — onde já foi realizada —, Berilo e Virgem da Lapa), em Belo Horizonte e Brasília.

Foto da exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória
Foto da exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória (foto: Cléber Cardoso Nunes/Divulgação)

A mostra é um desdobramento do projeto Quilombos do Vale do Jequitinhonha: Música e Memória — www.quilombosdojequitinhonha.com.br —, que traz ao público, com acesso gratuito, um livro de quase 400 páginas, vídeos e um portal com o resultado de toda a pesquisa, que mostra a beleza, riqueza e diversidade da cultura quilombola.

Foram pesquisadas 60 comunidades quilombolas de quatro municípios: Minas Novas, Berilo, Chapada do Norte e Virgem da Lapa. Devido sua importância para a preservação da história e memória das comunidades quilombolas no Brasil, o projeto recebeu o Prêmio Rodrigo Mello Franco de Andrade, em 2017, mais importante reconhecimento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Realizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, com patrocínio da Cemig e Itaú Unibanco e apoio de Milton Kanashiro, arte, cultura e cidadania, o projeto teve início em janeiro de 2014 envolvendo, além das 60 comunidades tradicionais, cerca de 1.200 quilombolas que participaram cantando, dançando e rememorando suas histórias e a de seus antepassados. Enquanto os habitantes mais velhos guardam a memória de sua história, os mais jovens lutam para que essas tradições não se percam com o passar do tempo.

Foto da exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória
Foto da exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória (foto: Cléber Cardoso Nunes/Divulgação)

Nos quatro municípios pesquisados, a equipe participou de festas, encontros, apresentações marcadas especialmente para esses registros. Foram captadas cerca de 150 horas em vídeo, entrevistas e manifestações culturais, além de um grande acervo fotográfico.

Ancestralidade, alegrias, dificuldades, costumes, festas e conhecimentos tradicionais são revelados com muita emoção neste projeto. O trabalho realizado pela equipe serviu também para reforçar a certeza de que esta é uma região na qual o fazer do povo — seja na dança, na religião, na culinária ou na forma de lutar diariamente — é muito vivo. E isso tem colaborado para que esse grupo social resista ao sistema que tem violado seus direitos ao longo de décadas.

  • Foto da exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória
    Foto da exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória Foto: Cléber Cardoso Nunes/Divulgação
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    Foto da exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória Foto: Cléber Cardoso Nunes/Divulgação
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    Foto da exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha, resistência, cultura e memória Foto: Cléber Cardoso Nunes/Divulgação
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