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Exposição

Exposição fotográfica revela detalhes de pinturas rupestres de Mumunhas

Sítio figura entre os 64 campos de arqueologia do Distrito Federal, sendo o único a exibir pinturas rupestres catalogadas

Segue aberta ao público, na biblioteca escolar-comunitária Érico Veríssimo, em Brazlândia, a exposição Quando os Buritis Falavam, com fotos de pinturas rupestres do sítio arqueológico de Mumunhas, localizado na área de proteção ambiental de Cafuringa, a cerca de 60km e Brasília.

A mostra reúne 16 fotografias dos murais e paredões, de autoria de Gustavo Oliveira Fonseca, professor de artes visuais no Centro de Ensino Médio 1 de Brazlândia. Mais de 2 mil estudantes já visitaram a exposição.

O sítio arqueológico de Mumunhas foi cadastrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) em 2016. É o único sítio arqueológico do DF com pinturas rupestres catalogadas.

A área tem uma exuberância natural, que pode ser conferida no complexo de cachoeira e cânions. As pinturas pré-históricas ocupam cerca de 3m de altura por 20m de largura e remetem a formas geométricas, linhas e pontos.

Nelas, destaca-se a cor vermelha, mais preservadas segundo o professor de língua portuguesa e entusiasta da arqueologia, André Lúcio Bento, que visitou e analisou o sítio e que também gerencia a biblioteca que recebeu a exposição.

Gustavo Oliveira Fonseca - Pinturas rupestres, sítio arqueológico de Mumunhas.

As datas das pinturas ainda não foram calculadas pela ausência de estudos aprofundados, mas estima-se que tenham sido feitas de 11 mil a 13 mil anos atrás.

“A maior parte do painel está degradada e danificada por interferências de visitantes, que desde os anos 60 acampam no local. São nomes escritos e desenhos feitos com pasta de dente e outros materiais”, diz Fonseca, responsável pelos registros fotográficos.

“Sobre o nome da exposição, busquei uma forma poética de abordar o buriti, que é uma árvore longeva, chega a viver mais de 500 anos. Hoje, os buritis que vemos nas veredas existem desde antes da chegada dos colonizadores”, conta Fonseca.

Além de Mumunhas, Brazlândia possui cerca de 27 outros sítios arqueológicos, alguns da época colonial, outros com vestígios de cerâmica indígena e material lítico (ferramentas de pedra), segundo o fotógrafo.

Fonseca integra o coletivo de arqueologia comunitária de Brazlândia. “O fato de o grupo de estudos ser composto, em sua maioria, por professores e estudantes, contribui para o interesse em educação patrimonial, principalmente em uma região como o Distrito Federal, onde a narrativa hegemônica é de uma cidade que foi construída onde antes não havia nada”, diz.

O educador reforça a necessidade de um olhar mais atento e profissional para a preservação desses patrimônios. “A Universidade de Brasília não possui nem mesmo um curso de graduação na área. Essa é uma área de estudo ainda muito jovem no DF”, explica.

“A importância de chamar atenção para esses vestígios arqueológicos não é apenas possibilitar aos habitantes de Brazlândia e do Distrito Federal o conhecimento desses vestígios arqueológicos, mas também produzir uma narrativa de pertencimento. Um pertencimento que passa pela história dos povos originários e indígenas”, completa Fonseca.

A exposição

André Lúcio Bento/ arquivo pessoal - O espaço escolar-comunitário Érico Veríssimo, recebeu as fotografias como parte do acervo da biblioteca.

As fotografias foram impressas pela secretaria de educação do DF e doadas para o acervo da biblioteca Érico Veríssimo, que é aberta todos os dias úteis, das 8h às 22h, sem intervalos.

A proposta é fazer uma exposição de longa duração com as fotos do sítio arqueológico de Mumunhas durante o ano de 2023, para que outros estudantes e demais pessoas da comunidade de Brazlândia possam conhecer as pinturas rupestres.

*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende