O norte-americano Elliot Mercer, dançarino, acadêmico, curador de performance e administrador de arte, veio a Brasília para ministrar um curso de imersão de 40 horas com dançarinos profissionais de diferentes vertentes da dança que aprenderam as coreografias Trio A (1966) e Chair Pillow (1969), de Yvonne Rainer (EUA -1934), autora do revolucionário No Manifesto (Manifesto Não). O manifesto da coreógrafa marcou a ruptura com a tradição do ballet clássico e da dança moderna e se tornou um clássico da contracultura e da arte minimalista e pós-moderna. Mercer é um dos sete “transmissores” autorizados pela Rainer a ensinar a icônica Trio A.
O arquiteto deste projeto é o coreógrafo, bailarino e professor italiano radicado em Brasília, Camillo Vacalebre. O resultado do aprendizado foi apresentado no Centro de Dança do DF no sábado (10) e domingo (11/12). Mercer elogia o envolvimento dos dançarinos e o projeto que contou com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF).
“Trio A é uma dança enganosamente desafiante, para todos. Tem uma lógica e um rigor que é inesperado, mesmo para bailarinos no mais alto nível de habilidade. O grupo de participantes neste workshop tinha, cada um, um background de dança e movimento único, pelo que cada pessoa entrou no processo de aprendizagem com uma perspectiva diferente. Ver cada participante aprender as complexidades da dança e localizar os seus próprios desafios na execução da peça foi enriquecedor para todos os participantes”, disse.
Segundo Mercer, os questionamentos continuam a desafiar a dança nos nossos dias. "E se o intérprete nunca olhar para o público? E se o peso e a gravidade reais da dança forem exibidos sem esconder a mecânica do corpo? Como pode uma dança ser tecnicamente desafiante de executar, subvertendo ao mesmo tempo a ideia de virtuosismo?”, contesta. Para ele, cabe tanto aos intérpretes como ao público que repensem a forma como assistem e compreendem a dança.
Curso
Os participantes trabalharam com um elevado nível de profissionalismo. Na sala, combinaram as competências e antecedentes únicos deles para se ajudarem mutuamente nos aspectos difíceis da coreografia, para assegurar que cada participante expandisse os próprios conhecimentos, competências e qualidade de performance em conjunto, como um grupo coletivo.
O grupo realizou a imersão durante duas semanas, sendo que cada participante foi capaz de estender a própria compreensão do material na sua prática criativa pessoal.
“As possibilidades do que pode ser a dança são infinitas. O movimento é a linguagem do corpo. Já que estamos todos em movimento o tempo todo, todos podem dançar. Dançar é encontrar movimento que seja significativo para si, seguindo a sua curiosidade e instintos na sua própria expressão de si. Pode encontrar o seu próprio estilo único, em vez de tentar ser outra pessoa, e pode fazer danças que são importantes para si, na sua vida. Movimentar-se autenticamente, com propósito, empenho e intenção é o que faz as performances mais significativas e poderosas”, recomenda Mercer.